Cerca de 40 pessoas LGBTs foram perseguidas e presas na Chechênia durante as últimas semanas, de acordo com informação da Russian LGBT Network. As prisões fazem parte de uma nova fase do “expurgo anti-gay” que vem acontecendo no país desde abril de 2017. A ONG informa ainda que dois prisioneiros morreram durante as sessões de tortura, aplicadas em uma delegacia policial da Grósnia e em um local nos arredores da capital chechena.

“A polícia local tem se esforçado para proibir as vítimas deixarem a região ou prestarem queixas no futuro. Eles confiscam documentos, ameaçam os detidos com procedimentos criminosos e faz com que eles assinem formulários em branco”, declarou Igor Kochetkov, diretor da organização.

Ainda de acordo com informações da ONG, a caçada aos LGBTs nunca chegou a cessar no país, retornando com uma nova leva de encarceramento em dezembro do ano passado. Relatos de pessoas que conseguiram fugir das prisões aponta que, dentre os métodos usados para a tortura, há o estupro de mulheres lésbicas e transexuais com bastões de choque elétrico.

Ramzam Kadyrov negou negou as acusões de incentivar o "expurgo anti-gay" na Chechênia, alegando que LGBTs sequer existem no país (Foto: Reprodução Instagram)
Ramzam Kadyrov negou negou as acusões de incentivar o “expurgo anti-gay” na Chechênia, alegando que LGBTs sequer existem no país (Foto: Reprodução Instagram)

“Eles não nos alimentavam. Às vezes nos davam um pouco da água suja que sobrava da limpeza do chão. Só nos davam água limpa para rezar”, afirmou um dos sobreviventes.

Desde que foram descobertos, os “campos de concentração” da Chechênia têm sido negados pelo líder do país, Ramzan Kadyrov, que também afirmou não existirem pessoas LGBTs na república da Federação Russa. Vladimir Putin, por sua vez, já alegou que é incapaz de investigar as acusações de que direitos humanos estão sendo violados na região.

Na última semana, Dzhambulat Umarov, Ministo da Política Nacional, também negou a existência dos crimes: “Considerando o fato de que gays têm uma imaginação doentia, não estou surpreso de que eles possam escrever mentiras como essas”.

Ativistas europeus têm marchado por todo o continente para protestar contra a situação da Chechênia e exigir medidas mais drásticas de Vladimir Putin (Foto: Getty Images)
Ativistas europeus têm marchado por todo o continente para protestar contra a situação da Chechênia e exigir medidas mais drásticas de Vladimir Putin (Foto: Getty Images)

Representantes dos Estados Unidos e do Reino Unido têm pressionado Putin para cumprir seu acordo internacional de proteção aos direitos humanos e a própria constituição russa, punindo os responsáveis pela caça a LGBTs na Chechênia.

Em outubro de 2017, em entrevista exclusiva à Híbrida, uma representante da Russian LGBT+ Network afirmou que o próprio governo estava por trás das perseguições.

Ainda de acordo com a ONG, mais de 100 LGBTs precisaram fugir do país, após serem ameaçados de morte pela polícia e por seus próprios familiares. No próximo domingo, 27, ativistas britânicos pretendem tomar as ruas de Londres para denunciar as perseguições da Chechênia. Eles afirmam que o objetivo é aumentar a consciência sobre o estado de LGBTs no país e prevenir o que consideram como “um novo Holocausto”.