Enquanto o governo tenta censurar culturas e políticas para pessoas LGBTQ, nossa comunidade mostrou a força de sua diversidade este ano, tanto no cenário nacional quanto internacional. Entre boas estreias, surpresas bem vindas, colaborações inesquecíveis e retornos esperados, nós da Híbrida selecionamos as 50 melhores músicas lançadas por artistas LGBTQ em 2019. Confira abaixo:

50. Ben Platt, “Older”: Acostumado aos musicais da Broadway, Ben Platt carrega todo o sentimentalismo do teatro para sua carreira individual, mas com arranjos menos atraentes. Ainda assim, a performance vocal de Ben se sobressai e atinge com emoção, mesmo que em muitos momentos parece repetir a fórmula que Lea Michele tentou usar quando se lançou como artista solo.

49. Jão, “Essa eu fiz pro nosso amor”: A essa altura, Jão não mostra sinais de que pretende se afastar da eterna dor de cotovelo e vocais sofridos. Mas, de alguma forma, por mais que “Essa eu fiz” beba descaradamente na fonte do sertanejo universitário, entre citações a ruas de São Paulo e Cazuza, ela funciona para a marca do artista e se destaca entre as outras do disco.

48. Gabeu, “Sugar Daddy”: Desbravando praticamente sozinho um gênero brasileiro tradicionalmente conservador e heteronormativo, Gabeu arrastou a viola do seu pocnejo pra dizer que não precisa de homem herdeiro pra conseguir o que quer. Divertido, importante e empoderador, o clipe é a cereja do bolo.

47. Mark Ronson e King Princess“Pieces of us”: Uma das participações mais aguardadas do Lollapalooza 2020, King Princess teve seu álbum de estreia, “Cheap Queen”, lançado pelo bom gosto de Mark Ronson e sua Zelig Records. O trabalho já merece ser ouvido por si só, mas nessa parceria a conexão criativa de Mark e Mikaela parece ainda mais alinhada dentro da temática de corações partidos em “Late Night Feelings”.

46. Tchelo e Mel, “Transbordar”: A cada dia que passa, a curiosidade pelo que Mel Gonçalves vem cozinhando no estúdio só aumenta. Aqui, ela entra no universo R&B de Tchelo e, juntos, eles harmonizam sobre um romance livre e desimpedido.

45. Urias “Andar em paz”: Produzido pelos hitmakers da Brabo Music, o primeiro EP de Urias investe em sua faceta de rapper, com momentos bons como “Diaba”, mas ainda crus. Escrita por Alice Caymmi, “Andar em paz” traz um pouco da lamúria que ela havia prometido com releituras como a de “Você me vira a cabeça”, sem deixar de lado o tom de protesto e a dureza na voz.

44. Letrux, “Noite estranha, geral sentiu (João do Brasil remix)“: Nos últimos anos, poucas pessoas conseguiram capturar com tanta sinceridade o climão do Brasil como Letrux em seu primeiro disco solo. Um dos principais destaques do trabalho, “Noite estranha, geral sentiu” ganhou nas mãos de João Brasil ainda mais irreverência, enquanto o produtor retrabalhou a faixa com um áudio de Letícia sobre uma batida que remete ao funk melody do Rio nos anos 2000.

43. Karol Conká, Gloria Groove e Linn da Quebrada, “Alavancô”: É impossível ignorar a união entre três dos maiores nomes LGBTQ no rap nacional e em “Alavancô”, gravada para a apresentação do trio no palco do Rock In Rio, elas entregam exatamente o que o público queria e esperava. Versos cortantes, batida poderosa e empoderamento.

42. Samira Close, “Madrugada”: A produção musical de drag queens brasileira tem passado por uma saturação bem-vinda desde que Pabllo e Gloria ascenderam ao mainstream, mas a música de Samira mostra que ainda há muito território a ser explorado. Além da inspiração intimista na morte de seu melhor amigo, “Madrugada” consegue traduzir em som uma das muitas culturas noturnas de São Paulo, apoiada por guitarras e produção lo-fi.

41.CTRL + N, “Táxi pra Paris”: Depois do arrombo inicial com “Eu prefiro” e um ótimo EP de estreia, a dupla do CTRL+N retorna às letras irreverentes e descaradamente pintosas, apoiadas pela produção eletrônica alto astral e divertida, feita pra rebolar e dar um close despreocupado na pista.

40. Jaloo e Lia Clark, “Movimentá”: Um exemplo de como Jaloo e Pedrowl conseguem imprimir sua marca em qualquer artista ou gênero é essa parceria com Lia Clark no funk “Movimentá”, que evita os clichês do ritmo, em composição e produção, criando uma faixa good vibes com pegada 150 BPM.

39. Adriana Calcanhotto, “Tua”: Gravada por Maria Bethânia em 2013 para o disco de mesmo nome, “Tua” é canção composta por Calcanhotto, que a lança em sua voz pela primeira vez no álbum “Margem”, o último de sua trilogia sobre o mar. Os versos, como é de se esperar, são confessionais e completamente apaixonados, ainda mais impactantes e urgentes pela voz de Adriana.

38. Kevin McHale, “James Dean”: É incrível pensar que Kevin foi parte fundamental de um dos maiores fenômenos musicais e televisivos do final dos anos 2000 e, hoje, precisa se sujeitar a uma competição como o X Factor. Não que ele esteja fazendo feio por lá, mas o ator de Glee merecia mais. Em “James Dean”, um dos muitos pontos altos do EP “Boy”, é um pop chiclete que prova como mesmo entre os covers da série, o talento individual de Kevin ficou escondido e subestimado.

37. Lil Nas X e Billy Ray Cyrus, “Old Town Road”: Lil Nas X viu seu nome tomar proporções atmosféricas este ano e, em meio a isso tudo, teve a coragem de se declarar gay com peito aberto e bom humor. Uma das principais músicas de 2019, a ponto de desbancar o recorde de Mariah Carey, “Old Town Road” foi o cartão de visitas com que um rapper gay se apresentou para o público do hip hop, do country e do mundo, unindo dois gêneros que até aqui não tinham dialogado com tanto sucesso.

36. Gloria Groove e Iza, “YoYo”: A união entre Gloria e Iza, duas das melhores artistas na atual safra pop radiofônica do Brasil, não poderia resultar em algo que não fosse certeza de hit para as pistas de dança, com coreografia de fôlego e graves feitos para rebolar, por mais que a letra não traga nenhuma inovação genial.

35. Daniela Mercury e Malu Mercury, “Duas Leoas”:  Existe a Daniela do trio elétrico e a Daniela da voz e violão que ela carrega desde o início de sua carreira. Em “Duas Leoas”, ela convida a esposa Malu Mercury para uma canção de amor delicada, entregue e de paixão exalante, como ode à feminilidade e às possibilidades de um romance entre duas mulheres, duas avós, duas luas e leoas.

34. Jup do Bairro, “Corpo sem juízo”: O timbre grave de Jup já prometia desde quando ela começou se apresentando com Linn da Quebrada. Em “Corpo sem juízo”, primeiro sinal do seu EP audiovisual de estreia, ela resgata um áudio de Matheusa Passarelli e evoca a escrevivência de Conceição Evaristo para cavar seu lugar na cena do rap. Com versos fortes ditos por uma voz mais potente ainda, Jup empurra o diálogo sobre gênero à frente e mostra sua capacidade para trilhar um caminho só seu.

33. Halsey, “Nightmare”: Uma das poucas mulheres que ainda consegue conquistar espaço nas rádios norte-americanas com uma sonoridade pop rock, Halsey tem carregado com consistência sua estética e atitude de menina má, revoltada e atormentada. “Nightmare” é uma música que reúne todos os elementos clássicos que ela apresentou até aqui e um refrão que deixa saudades da época em que o mundo ainda ouvia Avril Lavigne e Amy Lee.

32. Davi, “Ficar sem você”: Davi já havia mostrado uma nova fase promissora em seu EP de estreia como artista solo, mas expandir seu conceito criativo ao longo de um álbum com 11 faixas mostrou que ele não só consegue apresentar coesão e fôlego, como também singularidade. Embebido na onda do dream pop, “Ritual” passeia também por reggae, disco, tropical e até momentos completamente vulneráveis como “Saiba”. Costurando uma música na outra com transições bem pensadas e texturas eletrônicas, o disco ainda traz parcerias que soam leves e orgânicas, com Urias (“Não faz diferença”), Jaloo (“Banquete”) e Kafé (“Café preto”).  “Ficar sem você” sintetiza esse misto de sensualidade, romance e chapação, presente na grande maioria das faixas.

31. Pabllo Vittar e Luísa Sonza, “Garupa”:Com um dos melhores álbuns de pop do ano, Luísa Sonza conseguiu criar uma música chiclete sem ser apagada pelo carisma de Pabllo e, no meio da estrada, ainda acenar um tchauzinho para o clássico “Gasolina”. O baixo que abre a música aliado aos graves do refrão torna o convite dessa carona impossível de resistir.

30. Mark Ronson e Miley Cyrus, “Nothing breaks like a heart”: Miley e Mark se uniram em uma música pop e melancólico para cantar sobre o estado de depravação do mundo, apoiados por violino, violões e os vocais da cantora resgatando suas raízes no country. O resultado final, apesar de subestimado, não poderia ser melhor.

29. George Michael, “This is how (We want you to get high)”: Enquanto Sam Smith se apressa para ocupar o vácuo deixado por George Michael, o ícone é resgatado por Emma Thompson para a trilha sonora do romance natalino “Uma segunda chance para o amor”. Coproduzida pelo próprio artista em uma de suas últimas sessões em estúdio, a faixa mostra que George partiu sem ter perdido um pingo da genialidade pop que transformou seu nome em lenda, condensando euforia, solidão e desespero em menos de quatro minutos. O material inédito é sim um presente, mas também uma prova de que perdemos cedo demais um dos maiores compositores de todos os tempos.

28. Kim Petras“There will be blood”: Anunciando o início de um disco perfeitamente pop e conceitual, “There will be blood” é uma das nove músicas que Kim soltou este ano para complementar a primeira parte do projeto “Turn off the lights”, lançada em 2018. Carregada de sintetizadores e composições de refrão chiclete, ela pinta uma noite de terror repleta de referências cinematográficas e interlúdios assustadoramente dançantes. É impossível não distinguir no trabalho a contribuição infeliz de Dr. Luke, que, apesar dos muitos e imperdoáveis pesares (#FreeKesha), prova que ainda é um dos melhores e mais influentes produtores do cenário pop.

27. Daniel Peixoto, “O Vira”: Há dois caminhos ao regravar uma música conhecida e querida do público – tentar ao máximo replicar a primeira versão ou subverter o original para enquadrá-lo à própria estética. Em “O Vira”, Daniel leva um dos maiores clássicos dos Secos e Molhados ao seu cenário de batidas eletrônicas e, no caminho, o apresenta para uma nova geração.

26. Frank Ocean, “Dear April”: É  legal saber que o ano não terminou sem música nova de Frank Ocean, mas talvez a sua grande dedicação de 2019 tenha sido a PreP+, balada em Nova York onde ele trabalhou como produtor, promoter e DJ. Além de ter recebido gente como Arca a Rosalía, o rolê rendeu umas previews exclusivas de material que, por enquanto, só foi lançado em vinis limitados no seu site ou tocado no “blonded”, seu programa na Beats 1. E, enquanto os lançamentos oficiais como “DHL” ou “In my room” têm seu valor, seja por Frank contar que já usou poppers e pegou um boy com excelentes capacidades orais ou pela produção, o que “não ouvimos” ainda parece ser o melhor do que vem por aí. Dentre a nostalgia latina de “Cayendo” e a fúria dos versos de “Little Demon”, a também inédita “Dear April” consegue ir da melancolia presente em “Ivy” e “Bad religion”, apoiada por um órgão e vocais felizmente não-alterados, até transicionar para a música mais dançante que ele lançou até hoje. É, literalmente, o melhor de dois mundos.

 

 

25. Silva e Ludmilla, “Um pôr do sol na praia”: a leveza de Silva transborda nesse hino de verão à beira-mar e, surpreendentemente, encontra Ludmilla no meio do caminho de um sambinha que casa bem os  vocais de ambos e dá aquela vontade de colocar chinelo e ir para a areia.

24. Omulu e Potyguara Bardo, “Ribuliço”: Enquanto alguns artistas focam sua produção de singles para o carnaval, Potyguara Bardo se uniu a Omulu, um dos produtores mais quentes do último ano, para criar um hit de jubileu/festa junina, misturando influências eletrônicas com forró. Com sorte, a moda pega e teremos mais nomes disputando as playlists de junho, que também representa o Orgulho LGBT e transformou essa parceria em faixa essencial para as festas do mês.

 

23. Sam Smith e Normani, “Dancing with a stranger”: Fã confesso de Fifth Harmony, Sam Smith escolheu os vocais de R&B da Normani para mostrar a direção que pretende seguir com sua sonoridade, trocando os instrumentos de cordas por batidas eletrônicas e hits para as pistas de dança. O resultado é um clássico instantâneo da vibe “chorando e dançando”, com harmonia vocal perfeita e um refrão chiclete.

22. Lil Nas X, “C7osure (You Like)”:  Com um dos EPs mais premiados e bem recebidos na história recente do hip hop, Lil Nas X divaga em “C7osure” sobre a decisão de sair ou não do armário, antes de decidir que prefere deixar o arrependimento no passado. Com um flow e uma produção que lembram os pontos altos de Kid Cudi, Nasinho expande as cores do universo de rap nos EUA e mostra que é mais do que um one hit wonder.

21. Madonna e Anitta, “Faz Gostoso”: Por mais que Madonna tivesse se relacionado algumas vezes com o Brasil ao longo da carreira, cercando-se de nomes como Giovanni Bianco e Jesus Luz, era impossível sonhar há 10 anos que a Rainha do Pop gravaria um funk, em português e com uma artista carioca. Putz, até uma parceria com Caetano Veloso ou Tom Jobim parecia mais provável. Mas eis que o inesperado não só aconteceu, como foi além de qualquer expectativa e criou uma das melhores músicas do ambicioso “Madame X”.

20. Jaloo e Gaby Amarantos, “Q.S.A.”: Desde que foi anunciado, o projeto “ft” já prometia mostrar a versatilidade de Jaloo como cantor, compositor e produtor. Com a primeira parte do trabalho disponível, fica claro que o artista consegue transitar entre o rap de Karol Conká (“Dom”) e o carimbó de Dona Onete (“Eu te amei (Amo!)”), ao mesmo tempo em que consegue arrastar outros nomes para longe de suas zonas de conforto. O suingue lânguido de Gaby Amarantos em “Q.S.A.” é uma ótima surpresa para quem está acostumado às músicas mais agitadas da paraense, enquanto o encontro com Céu e Diogo Strausz em “Sem V.O.C.E” traz uma leveza pop ao disco. Isso tudo em adição às pérolas que já foram lançadas antes, como “Say Goodbye” (com BadSista) e “Céu Azul” (com MC Tha).

19. Tove Lo e Kylie Minogue, “Really don’t like u”: Um traço que se manteve constante no trabalho de Tove Lo desde o merecidamente aclamado début em “Queen of the clouds” é sua capacidade de explorar cada momento de tesão, raiva, curiosidade, flerte e possibilidades numa festa (ou em seus resultados). Em “Really don’t like you”, ela se une à iconografia pop de Kylie Minogue para destrinchar a inevitável insegurança de brotar no bailão e encontrar o ex com outra, mesmo sabendo que odiar a atual signifique “quebrar o código”. Unindo os melhores elementos de ambas as artistas, a música é uma pérola subestimada no disco “Sunshine Kitty”.

18. Pabllo Vittar e Psirico, “Parabéns”: Ninguém esperava que cantar “Feliz aniversário” pudesse ser uma experiência tão divertida, mas bastou esse brega ser lançado para entrar no topo da lista de hits instantâneos de Vi-tar e conquistar o público, que ganha mais uma desculpa pra rebolar a bunda.

17. Thiago Pethit, “Me destrói”: Uma surpresa bem-vinda e há muito aguardada em 2019 foi o retorno de Pethit à música, com um disco de inéditas que canta bem sobre o clima apocalíptico do ano, quase que anunciado nos trabalhos anteriores do artista. A marcha igualmente fúnebre e festiva que dá tom ao disco respira na inspiração oitentista de “Me Destrói”, uma trilha sexy e desesperada para um último ato de amor autodestrutivo antes do fim.

16. Sam Smith, “I Feel Love”: Depois de ter construído sua carreira até aqui como uma “versão masculina da Adele” e investido pesado em baladas românticas ou de coração partido, Sam Smith finalmente tem usado sua potência vocal para as pistas de dança. Nessa releitura do clássico imortal de Donna Summer, o artista não-binário traz o toque de Guy Lawrence (Disclosure) em uma versão mais irresistível e, se possível, com mais adrenalina que o original.

15. Kesha e Big Freedia, “Raising Hell”: Desde que foi interpolado em “Formation”, Big Freedia tem demorado mais do que o aceitável para ser encorporado de vez ao mainstream. Aqui, a lenda do twerking ajuda Kesha a levar o gospel pra balada, sem medo de ser mau ou feliz.

14. Gloria Groove, “Sedanapo”: Apesar de ser mais conhecida pela sua presença maciça nas pistas, Gloria tem um lado mais influenciado pelo R&B em sua discografia que é um dos muitos motivos pelos quais ela se destaca na competitiva cena de drags. Influenciada pelo reggaeton, “Sedanapo” deixa a voz e os versos espertos da artista ganharem mais espaço, em uma música que chega a tempo de pegar a onda de odes à cannabis que invadiram o verão brasileiro.

13. Anitta, Ludmilla, Papatinho e Snoop Dogg, “Onda diferente”: Falem o que for sobre Anitta ou Ludmilla, mas ambas têm um faro inegável para o funk que as posicionou como principais artistas do gênero nos últimos anos, pelo menos no que diz respeito a alcance e visibilidade. Independente de quem escreveu ou não “Onda diferente”, o fato é que ter colocado esse time com a presença de Snoop Dogg em uma música sobre ficar chapado fez nascer automaticamente o melhor destaque de “KISSES”.

12. Liniker, “Intimidade”: A forma como seus malabarismos vocais terminam em um delicado “bom dia” transformam a música em um dos destaques no breve e já singular catálogo de Liniker, que encontra em “Goela” um sucessor fiel para “Zero”.

11. Tyler, The Creator, “I THINK”: É preciso ter o tempo e a paciência de mergulhar na obra de Tyler para entender exatamente o que o rapper está propondo. “IGOR”, sucessor de “Flower Boy”, novamente não faz questão de esconder que o motivo pela paixão, dúvida, angústia e coração quebrado do eu lírico é um homem. E apesar de momentos amargurados como “A BOY IS A GUN*” e arrependidos como “I DON’T LOVE YOU ANYMORE”, “I THINK” narra o começo de uma paixão obsessiva, com produção oitentista e os vocais de Solange Knowles.

10. Emicida, Majur e Pabllo Vittar, “AmarElo”: Tradicionalmente, o rap não é o meio musical mais receptivo para uma drag queen e uma cantora trans, mas nos últimos anos tem sido obrigado a reconhecer a genialidade de uma leva que desafia esse status quo. Aqui, Emicida, um dos nomes mais estabelecidos nesse meio, conseguiu unir Pabllo e a promissora Majur sobre um sample de Belchior que não poderia ser resgatado em hora mais certa para criar um hino de autoaceitação e amor próprio. É impossível não se emocionar com uma drag queen e uma artista trans, negra e periférica cantando sobre viver além das cicatrizes. A construção apoiada nos versos dilacerantes do rapper e nos vocais de suas convidadas vai preparando para uma explosão final que entrega um gospel mais eficiente que metade do disco de Kanye West.

9. Whitney Houston & Kygo, “Higher Love: Se uma parceria com Kygo é o preço que precisamos pagar para ouvir material inédito de Whitney Houston, tudo bem. Resgatando os houses da virada dos anos 1980 para 90 que levaram grandes vocais para a pista de dança, “Higher Love” retoma o espírito de clássicos do catálogo de Whitney como “It’s not right but it’s ok” e “I wanna dance with somebody”. A produção de Kygo, apesar de genérica, serve principalmente para trazer uma das maiores artistas do último século para a nova geração, que muitas vezes pode passar despercebida por seu impacto no que ouvimos hoje.

8. Johnny Hooker, “Escolheu a pessoa errada para humilhar”: Retornando às letras debochadas e elevando o brega tradicional com a ajuda de Boss In Drama (Péricles Martins) na produção, Johnny construiu a ponte perfeita para levar a dor de cotovelo à pista de dança, mesclando o beat eletrônico com sanfona e elevando a mensagem de amor próprio após o fim de um relacionamento abusivo.

7. Sam Smith, “How do you sleep?”: O primeiro gostinho solo do que vem à frente na carreira de Sam Smith indica que sua temática não deve se afastar tanto assim das canções de término, mas seu som evoluiu para algo europop e com batidas mais agitadas que antes. Aqui, o videoclipe lançado para a música é um complemento essencial que eleva seu valor com coreografias, figurinos e direção dignas de seguir o buraco deixado por George Michael no Reino Unido e no mundo.

6. Daniela Mercury, “Rainha da Balbúrdia”: Depois de puxar inspiração do discurso de Damares Alves em “Proibido o Carnaval”, Daniela volta a rebater diretamente as alegações do Governo Bolsonaro sobre políticas brasileiras e leva a balbúrdia das universidades para a avenida. Apesar disso, a música é um axé alto astral de reafirmação da cultura popular e o vídeo ainda faz referência ao sucesso do filme “Bacurau”, criando mais uma marca atemporal da artista para a folia brasileira

5. Tove Lo e MC Zaac, “Are u gonna tell her”: A parceria que ninguém pediu, mas todos agradeceram. Carregada de sintetizadores e teclados do europop, Tove Lo se entregou  à batida danada do funk paulista de MC Zaac e provou que idioma não é barreira para curtir. Dos gritinhos de “uh” no fundo ao verso de Zaac, a música foi paixão instantânea entre o público brasileiro e uma forte concorrente a “Faz Gostoso” como melhor colaboração entre uma artista gringa e um nome brasileiro.

4. Pabllo Vittar, “Amor de Quê?”: É interessante ver como uma drag queen conseguiu construir grande parte do seu repertório em uma fusão única de forró e brega, mas em time que está ganhando não se mexe e Pabllo sabe bem. “Amor de Quê”, mais uma produção acertada em cheio pelo Brabo Music Team, reúne todos os elementos que esperamos de um hit da artista, bem a tempo do carnaval: uma produção extremamente dançável, letra irreverente e um clipe repleto de pegação e looks perfeitos, com um saxofone digno dos anos 1990 no refrão.

3. Majur,“20ver”: Apoiada por uma MPB que passei por samba, pop e soul, um dos nomes mais promissores do ano explora uma estética sonora ultrabrasileira que já foi pintada por nomes como Tim Maia, Seu Jorge e Fernanda Abreu, mas aparece repaginada na potência de sua performance. Quando alcança as notas altas, as mesmas que apresentou em “AmarElo”, Majur promete que sua voz ainda será ouvida e eternizada num futuro não muito distante.

2. Ludmilla, “Verdinha”: Este pode ter sido o ano em que Ludmilla mais irritou os conservadores de plantão, seja pelo anúncio surpresa de seu casamento com Brunna Gonçalves ou por ter criado um dos melhores funks do ano sobre vender a grama da verdinha a R$ 1. Não bastasse a sinceridade de versos que chegam a lembrar os clássicos de MC Marcinho nos anos 1990, o clipe ainda é uma produção que não deixa em nada a desejar perto de algumas das maiores popstars da gringa. A mistura de “lalalalai” com a batida do refrão ainda deixam claro que, não importa em quantas polêmicas autorais Ludi ainda se meta, uma coisa está clara desde que ela surgiu como MC Beyoncé há quase uma década: seu talento para composições populares e que engajam o público.

1. Linn da Quebrada, “Oração”: Habituada a usar seus versos de forma mais combativa, Linn deixa suas vulnerabilidades à mostra em uma oração onde desconstrói palavras e ideias para retomar e suplicar o espaço das bixas e das bruxas na espiritualidade através da união e da exaltação do valor próprio. O single, vislumbre do segundo disco de Linn, mostra a potência de sua eterna evolução como artista e compositora, deixando claro que ainda há muito território para ser explorado e ocupado por sua voz.

Abaixo, siga a nossa playlist com as 50 melhores músicas LGBTQ de 2019: