Em homenagem ao Dia Internacional da Luta Contra a LGBTIfobia, comemorado no último dia 17, a ANARCOQUEER reúne obras de 19 artistas LGBTI+, entre trabalhos audiovisuais, fotográficos, ilustrações, performances e outros. Devido à pandemia do coronavírus, a exposição está disponível tanto presencialmente no Reffugio, em Caxias do Sul, como virtualmente, através de exibições neste link.

Parte do edital Criação e Formação Diversidade das Culturas, financiado pela Lei Aldir Blanc. No Manifesto Vivência Artística Queer (MVAQ), o coletivo defende uma sociedade ondo você pode “ser o que quiser ser, da forma que quiser ser”. “Não tenha medo de soar agressivo”, diz o texto.

Um dos participantes é Guigo Dedeck, fotógrafo e ilustrador, autor de “PISAMAIS”. O artista usou o salto alto como objeto de representação do movimento LGBTQIA+, em cinco obras de ilustração digital que fazem alusão à episódios trágicos envolvendo pessoas da comunidade, como “O Salto da Lâmpada”, “Pisando na Operação Tarântula” e “Pink Money”.

“O título da primeira obra explica todo o resto. É sobre nós, como comunidade LGBTQIA+, pegarmos esses acontecimentos traumáticos e transformá-los em luta, em engrandecimento, para lembrarmos que somos fortes, presentes e devemos ocupar todos os lugares que queremos -e que temos direito, enquanto sociedade”, explica Guigo. “Resiliência é poder e nós temos esse sentimentos enraizado.”

“O Salto da Lâmpada” é uma referência ao ataque homofóbico que dois jovens gays sofreram em 2016 na avenida Paulista, em São Paulo, com uma lâmpada fluorescente. O ato originou o protesto Revolta da Lâmpada e acontece anualmente no mesmo lugar do ataque. A obra traz as cores da bandeira LGBT no corpo do sapato e o salto fluorescente, resignificando o acontecimento.

"O Salto da Lâmpada é como se fosse um pulo, um salto por cima do preconceito", observa Guigo (Reprodução)
“O Salto da Lâmpada é como se fosse um pulo, um salto por cima do preconceito”, observa Guigo (Reprodução)

“Pisando na Operação Tarântula” faz alusão à operação policial durante a ditadura militar brasileira, cujo objetivo era “higienizar a cidade”, perseguindo pessoas travestis e transexuais nas ruas. A obra leva as cores da bandeira trans e o salto desenhado como a parte interna de uma lâmina. A referência também retoma o preconceito e perseguição que a população sofria pelo surto de Aids na época, tendo que se defender com uma lâmina dentro da bolsa e ameaçando se automutilarem para usarem o próprio sangue como “arma” contra os ataques.

Guigo Dedeck reimagina a Operação Tarântula em um salto alto surrealista (Reprodução)
Guigo Dedeck reimagina a Operação Tarântula em um salto alto surrealista (Reprodução)

A ANARCOQUEER ainda conta com a participação de Adriana Antunes, Bruna Turmina, Bruno Eder, Carine Panigaz, Charles Frutas, Christian de lima, Darlan Gebing, Julia Webber, Ketlin de Lima, Lucas Freitas, Márcie Vieira, Maria Lilith, Marina Luisa Almeida, Mel Gonçalves, Patrick Oderiê, Rafael Dambros, Samuel Pereira e Volnei Canônica.

A mostra segue até julho no Reffugio (rua Marechal Floriano, 1.083) e com as exibições online, disponíveis no Instagram e no YouTube.