Enquanto a maior parte da comunidade LGBTI+ mundial celebrou nesse 1º de junho a chegada do Mês do Orgulho, no Brasil a data foi marcada também por dois casos de assassinatos brutais contra homens gays. Foram três crimes violentos, dois deles na região do Cariri, no Ceará, e um terceiro nas proximidades de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro.

No domingo (30), a Polícia Civil do Ceará prendeu um jovem de 24 anos em flagrante pelo assassinato de um outro rapaz, David da Silva Santos, de 22. De acordo com o jornal O Povo, David foi atingido na barriga por um objeto perfurocortante em um bar de Juazeiro do Norte, após uma briga que teria começado por homofobia. O jovem foi encaminhado a uma unidade de saúde, mas não resistiu aos ferimentos.

Mais cedo e não muito longe dali, o corpo de Pedro Diego Antão, de 28 anos, foi encontrado já sem vida em um terreno baldio de Brejo Santo, município também na região do Cariri. A Polícia ainda investiga o autor e as motivações do crime, mas amigos de Pedro disseram que ele havia se desentendido com o companheiro na véspera. A análise preliminar da perícia aponta que ele teria morrido por “pedradadas ou pauladas” e apresentava “diversas marcas e lesões de grande porte pelo corpo”, conforme nota da Agência Caririceara.

O Ceará tem despontado nos levantamentos de crimes motivados por LGBTfobia e ainda no início deste ano foi o local da vítima mais jovem de transfobia no País, Keron Ravach, de apenas 13 anos. Levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta que o Estado é o segundo no ranking nacional de assassinatos contra essa população, enquanto a região Nordeste concentrou 43% de todos os casos registrados em 2020.

No mesmo dia, outra vítima da homofobia morreu no Rio. Aos 26 anos, o cabelereiro Leandro Louback estava internado desde o último dia 18, quando seu corpo foi encontrado desacordado à beira da estrada, na RJ-130, que liga Nova Friburgo a Teresópolis.

Em nota, a 151ª Delegacia de Polícia de Nova Friburgo afirma que instaurou inquérito sobre o caso e que “nenhuma hipótese será descartada”, após o G1 ter relatado que o Corpo de Bombeiros registrou a morte como atropelamento. Amigos de Leandro e membros do Coletivo Estudantil – Nós Por Nós, entretanto, afirmam que o rapaz teria marcado encontro com um motorista de aplicativo e foi torturado por motivação homofóbica. Ele teria sido encontrado com fraturas no crânio, dentes e nariz quebrados.

Na véspera desse último domingo sangrento, a comunidade LGBTI+ teve 24 horas de alívio com a prisão de José Tiago Correia Sokora, que aos 33 anos se autodeclarava como “o serial killer da TV” e foi responsável pela morte de três homens gays no Sul do País.