No início de 2019, a fotógrafa Luma von Perfall passou um mês imersa na cultura queer da cena recifense, conhecendo e retratando alguns de seus integrantes que, diariamente, usam seus corpos políticos para desafiarem as normas sobre o que é feminino, masculino e todo o espectro de gêneros entre um lado e outro. “O intuito foi retratar uma parcela da comunidade LGBTQ+ não-conforme com o sistema binário, cisgênero e heteronormativo regente e, assim, criar uma narrativa sensível a essa questão no Brasil”, explica a fotógrafa baseada em Berlim.
O resultado é uma coleção de protagonistes que reúne DJs, modelos, artistas e estudantes de Teatro, Design e Oceanografia. Abaixo, confira com exclusividade o ensaio clicado por Luma e o que motivou seu olhar para esses personagens.
Na tentativa de sair do eixo Rio-São Paulo e voltar o foco para o Nordeste, passei um mês em Recife procurando retratar e conversar com protagonistes que contribuem para uma desconstrução do gênero em seu dia-a-dia, ocupando espaços necessários em um país que visivelmente ainda carrega resquícios escravocratas, um pensamento patriarcal e um fundamentalismo religioso imenso em suas estruturas.
O Brasil, país que mais mata gays, lésbicas e transgêneros no mundo, passa hoje por um momento crítico na política, sob uma gestão que resgata e incita esse tipo de pensamento criminoso, incentivando a discriminação tanto no âmbito institucional quanto privado.
Hoje, mais do que nunca, é de extrema importância reconhecer privilégios, tomar responsabilidade, utilizar as ferramentas ao nosso alcance e impulsionar ao máximo a discussão de gênero em todos os patamares possíveis, para que políticas mais humanas possam ser alcançadas.
Com vocês, Cida Gloss, Gabri, Vic Chameleon, Marcyanna, Rimena e Aoruaura.