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“Agatha Desde Sempre” é o produto mais queer do MCU até agora

"Agatha Desde Sempre" é o produto mais queer do MCU até agora (Foto: Divulgação)

[ATENÇÃO: o texto a seguir contém spoilers da série Agatha Desde Sempre]

Lançada em setembro no catálogo do Disney+, Agatha Desde Sempre (Agatha All Along) chegou nesta semana ao 6º episódio firmando-se como mais um acerto televisivo do Marvel Cinematic Universe e recebendo o selo de aprovação da crítica e do público. Mais do que isso, a série derivada de Wandavision (2021) e estrelada por Kathryn Hahn já pode ser considerada também o produto mais queer de todo o MCU.

Desde que o elenco principal de Agatha Desde Sempre foi anunciado, os fãs já tiveram a sensação de que seria assim. Uma série com ares de musical e a presença de Patti LuPone como uma bruxa cantante e vidente; Joe Locke, metade do casal queridinho de Heartstopper, como um dos personagens principais; e a simples escalação de Aubrey Plaza são fatores que ajudaram de forma clara, imediata e consciente a despertar o interesse do público LGBTQIA+.

"Agatha Desde Sempre" deixa subentendido que a protagonista (Kathryn Hahn) tem uma relação amorosa com Rio Vidal (Aubrey Plaza) (Foto: Reprodução)
“Agatha Desde Sempre” deixa subentendido que a protagonista (Kathryn Hahn) tem uma relação amorosa com Rio Vidal (Aubrey Plaza) (Foto: Reprodução)

De alguma forma, a própria Agatha Harkness já foi fagocitada como um ícone LGBTQIA+ pelos fãs do MCU desde que apareceu em Wandavision cantando a música que dá título à série. De cara, a sua relação com Rio Vidal (Plaza) deixou subentendido já no primeiro episódio que as personagens tiveram uma relação romântica e mal resolvida no passado.

Agatha Desde Sempre e o surgimento de Wiccano 

Mas esse caráter LGBTQIA+, que estava posto de forma apenas subliminar, ficou mais evidente no episódio lançado nesta quarta-feira (16). Nele, o público conheceu a história do personagem de Joe Locke, que finalmente confirmou a teoria dos fãs ao se apresentar como Bill Maximoff, um dos filhos de Wanda, também conhecida como a Feiticeira Escarlate.

Para descobrir sua verdadeira identidade como Bill, o adolescente conta com a ajuda do namoradinho Eddie (Miles Gutierrez). A relação dos dois é construída de forma rápida, mas tocante, com cenas de declaração, flertes, beijos apaixonados e o apoio natural dos pais de Bill.

Joe Locke como Bill Maximoff (Wiccano) em “Agatha Desde Sempre” (Foto: Reprodução)

No 5º episódio, Agatha Desde Sempre já deu pistas de que Bill pode assumir em breve a sua identidade como o superpoderoso Wiccano, um bruxo capaz de controlar a realidade, como sua mãe, mas com uma série de outras habilidades. Nos quadrinhos, o personagem é assumidamente gay desde 2012, quando aparece na edição “Vingadores: A Cruzada das Crianças #9” beijando Hulking, seu namorado, pela primeira vez. Posteriormente, os dois oficializam a relação em um casamento.

Por sinal, essa é a mesma história que provocou a censura de Marcelo Crivella (Republicanos), então prefeito do Rio, na Bienal do Livro de 2019. O pastor tentou censurar o quadrinho no qual Wiccano e Hulking aparecem abraçados e se beijando na capa. A manobra, como era de se esperar, provocou o efeito contrário: o quadrinho esgotou rapidamente, tornou-se um sucesso de vendas, apareceu na capa do jornal Folha de S. Paulo e inspirou uma série de notas de repúdio contra o político.

“Vingadores, a cruzada das crianças” foi censurado na Bienal Internacional do Livro por Marcelo Crivella

À medida em que o MCU entra na sua nova fase e promete desdobrar os personagens de suas séries nos próximos blockbusters que devem dominar as bilheterias nos próximos anos, há a esperança de que Wiccano e sua homossexualidade ganhem mais destaque nas telonas. Assim, as histórias e personagens LGBTQIA+ dos quadrinhos, que começaram a aparecer com um rápido beijo em Eternos (2021), pode ocupar mais e mais espaço nas novas adaptações.

Ao que depender de Kevin Feige, chefão da Marvel Studios, é isso que vai acontecer. Há quatro anos, ele cogitou abandonar o império bilionário que criou nos cinemas graças à resistência da Disney em incluir mais diversidade no MCU.

“Ele queria super-heróis pretos, super-heroínas mulheres, super-heróis LGBT”, disse Mark Ruffalo, o Hulk. Parece que, a contragosto da Disney e de parte dos fãs do MCU, a nova era dos super-heróis é só uma questão de tempo.

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