Animais Fantásticos – Os Segredos de Dumbledore, que estreia nesta quinta-feira (14) no Brasil, foi alvo de censura na China por conta de seu conteúdo LGBTI+. De acordo com o jornal The Independent, a Warner Bros., a pedido do governo chinês, removeu seis segundos de cenas que faziam menção à relação homoafetiva entre Dumbledore (interpretado por Jude Law) e Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen).
À Variety, o estúdio revelou que precisou fazer algumas modificações para que o mercado chinês aceitasse melhor o longa. “Como um estúdio, nós estamos comprometidos em assegurar a integridade de cada filme que lançamentos, e isso se estende para circunstâncias que necessitam de cortes sutis a fim de satisfazer a sensibilidade de uma variedade de fatores do mercado. […] Nós queremos que o público de todo o mundo possa ver e apreciar este filme, e é importante para nós que o público chinês tenha a oportunidade de vivenciá-lo também, mesmo com essas pequenas edições”, revelaram em nota.
Este não é o único trabalho audiovisual a sofrer censura no país asiático por conta de temas ligados à comunidade LGBTI+. Em setembro do ano passado, foi divulgada pela Associated Press a notícia de que iriam banir “homens bichas” dos programas de televisão. Ainda em fevereiro, todo a história de um casal lésbico em Friends também foi removida quando a série chegou ao streaming de lá.
O novo Animais Fantásticos, terceiro filme da franquia inspirada no universo de Harry Potter, traz um momento de confissão em que Dumbledore admite ter seguido os planos maléficos de Grindelwald porque estava apaixonado por ele. Essa é a primeira vez que uma obra do “mundo bruxo” criado por J.K. Rowling traz um personagem abertamente em um relacionamento homoafetivo.
Foi apenas em 2017, que a autora publicou nas redes sociais que Dumbledore era gay. À época e até hoje, a informação dividiu os fãs da franquia, por acreditarem que Rowling estava querendo surfar no pink money, uma vez que nenhum dos livros e filmes lançados nas décadas anteriores mencionavam esse traço do personagem, considerado o mais poderoso do universo criado por ela.
Posteriormente, a relação entre J.K. e o público LGBTI+ aficionado por um dos bruxos mais famosos da ficção se deteriorou ainda mais, quando ela começou a postar frases transfóbicas em seu Twitter. Em 2020, ela publicou em seu site oficial uma carta onde expressava preocupação pela “grande explosão de jovens mulheres querendo transicionar (de gênero)” e afirmou que a mudança de leis na Escócia, a favor da população transgênero, iria “machucar, especialmente, mulheres vulneráveis”.
O clima aumentou com o lançamento do livro Troubled Blood, cuja história envolve um serial killer que se veste de roupas femininas para matar mulheres. Apesar disso, atores ligados à franquia Harry Potter, como Daniel Radcliffe e Emma Watson, foram a público se posicionar contra as falas da escritora e a favor dos direitos LGBTI+.
Nesta semana, ela colocou ainda mais lenha na fogueira ao organizar um almoço ao lado de um coletivo de mulheres abertamente antitrans chamado Get The L Out, o qual acredita que “a comunidade LGBTI+ está coagindo lésbicas a aceitarem pênis como órgãos femininos e o sexo heterossexual como uma prática lésbica”. Em seu Twitter, J. K. compartilhou diversas fotos do encontro e utilizou a hashtag #RespectMySex [#RespeiteOMeuSexo, em tradução literal].
There was a lunch and I'm not saying I've only just sobered up enough to type this tweet but at the same time, I'm not not saying that. 💜🤍💚#RespectMySex pic.twitter.com/RH4DX1XSvj
— J.K. Rowling (@jk_rowling) April 11, 2022
A quantidade de polêmicas cercando o novo filme do universo Harry Potter – que também inclui a prisão do ator Ezra Miller após um episódio de agressão no Hawaii – parece impactar diretamente seus resultados de bilheteria, que, de acordo com previsões, deve ser abaixo do esperado. Além disso, as duas próximas sequências de Animais Fantásticos, que estavam planejadas previamente, não foram mais confirmadas pela Warner Bros..