Uma pesquisa feita com mais de 10 mil pessoas LGBT+ apontou que quase metade delas teve a saúde mental afetada durante a pandemia do coronavírus. Realizado pelo coletivo Vote LGBT e a Box1824, o levantamento traz relatos de isolamento social, afastamento da rede de apoio e dificuldades no convívio familiar como fatores de degradação da sanidade psicológica. E, em menos de 10 minutos, o curta-metragem de terror “AR” consegue capturar essa atmosfera de ansiedade, insegurança e paranoia, enquanto presta homenagem aos slashers da década de 1990.
Escrito, dirigido e estrelado por Marcelo Oliveira e William Oliveira, o filme foi desenvolvido a partir das experiências deles e dos relatos que ouviram de amigos durante a pandemia da covid-19. A história segue o artista recifense Gleydson, de 35 anos, após ele receber a ligação de um amigo que está preocupado e suspeita ter sido contaminado porque não consegue mais sentir cheiro de perfume.
Completamente sozinho durante o isolamento, Gleydson transfere para si o medo do amigo à medida que é literalmente perseguido pela morte. “Nas primeiras semanas do isolamento social foi assustador sentir o coração acelerar, suar frio e ter um medo inexplicável da morte”, comenta William. “Tive sorte de ter um companheiro ao meu lado, mas imagino o quanto deve ter sido difícil pro LGBT que esteve sozinho ou que conviveu com uma família preconceituosa.”
Ele e Marcelo assinam todas as etapas de produção do thriller psicológico, que ainda conta com tradução em libras por Eduardo Calisto. “É importante, principalmente nesse momento político, de incentivos cortados para conteúdos LGBTs, que a gente possa protagonizar histórias que até então são representadas por modelo heteronormativo”, comenta Marcelo.
O projeto foi desenvolvido com incentivo do SESC de Pernambuco e é um de quatro filmes que os dois fizeram juntos durante a quarentena, pela produtora independente 7ª Arte do Vale. Assista abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=Izh3HV4P6d8&feature=youtu.be