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Drag Race Brasil tem final emocionante e acirrada, com resultado merecido

Hellena Malditta, Organzza, Betina Polaroid e Miranda Lebrão no palco da final de "RuPaul's Drag Race Brasil" [Foto: Paramount/Divulgação]

Hellena Malditta, Organzza, Betina Polaroid e Miranda Lebrão no palco da final de "RuPaul's Drag Race Brasil" [Foto: Paramount/Divulgação]

Após 11 semanas de muitas polêmicas, suor e muito diringuidón, a primeira temporada de RuPaul’s Drag Race Brasil enfim chegou ao seu último episódio na última quarta-feira (15), coroando a primeira drag superstar do Brasil. Além do anúncio da vencedora, a final também contou com o retorno de todo o elenco e a participação especial de Bruno Alcântara, o brasileiro que integra o pit crew na versão original do programa. Confira abaixo o que achamos.

ATENÇÃO: SPOILERS ADIANTE!

Mesmo diante da tristeza pela eliminação de Shannon Skarlett, que abalou o werkroom como nenhuma outra saída anteriormente, o top 4 teve de se reerguer, já que a temporada, enfim, havia chegado ao seu episódio final. Betina Polaroid, Hellena Malditta, Miranda Lebrão e Organzza precisavam mostrar, pela última vez, porque mereciam levar a coroa para casa.

Quem é fã do programa já sabe que toda final (ao menos as de estúdio) segue uma fórmula semelhante em todas as edições e com pouco espaço para variações: entrevistas com as finalistas, maxi-challenge (comumente a participação em algum videoclipe da apresentadora da edição) e muitas lágrimas, com o discurso das queens para seus eus do passado.

Por aqui, o modelo não foi diferente: Grag Queen entrevistou cada uma de suas filhas, as convidou para participar do “Rumix” da canção “Party Everyday” e se emocionou mostrando as fotos das versões mirins de Betina, Hellena, Miranda e Organzza no palco. No entanto, se lá fora essa norma já parece um tanto desgastada, por aqui nos fez apreciar ainda mais o talento e a diversidade de nossas competidoras.

Exemplo disso é o próprio momento de exibição das fotos das participantes enquanto crianças. Na versão dos Estados Unidos, a cena já é um sinônimo de manipulação emocional, já que a intenção parece ser a de induzir as finalistas e o público às lágrimas. Mas por aqui, a sequência teve um tom diferente, soando mais sincera. Talvez tenha sido a própria comoção de Grag em ver as conquistas de suas filhas; quem sabe, tenham sido os próprios discursos das competidoras ou até mesmo o ineditismo de ver o quadro com pessoas brasileiras. Fato é que foi difícil não se emocionar e não torcer por todas elas, especialmente após uma temporada de tanto desgaste aqui fora.

Ainda mais comovente foi a exibição dos vídeos gravados pelas famílias de cada uma, ajudando-nos a lembrar de como a união entre a comunidade LGBTQIA+ e seus aliados é importante. Uma prova de que a coroa, independente de para quem fosse, estaria em boas mãos – e, nesse quesito, cada uma delas tinha alguma justificativa dentro da estrutura do reality para ser coroada.

Betina Polaroid tinha a narrativa. Participar de um programa da magnitude de RuPaul’s Drag Race é, definitivamente, um sonho. Mas ninguém traduziu isso tão bem quanto esta carioca, que em sua trajetória ascendente preencheu o palco com uma felicidade genuína. Sua simpatia, eloquência e cordialidade conquistaram o público, que provavelmente a elegeria vitoriosa caso o programa fosse julgado por voto popular.


Hellena Malditta tinha a relevância. Engraçada, sagaz e com o mug mais invejável da temporada, a baiana serviu muita beleza e muito glamour ao longo de sua trajetória e proporcionou um dos momentos mais importantes desta edição: a conversa sobre o acesso de pacientes com HIV ao tratamento e à prevenção do vírus pelo sistema público de saúde.

Miranda Lebrão tinha a singularidade. Grande atriz e comediante do elenco, ela cativou por sua dramaticidade, inteligência e criatividade desde o momento em que pisou no werkroom perguntando se alguém já havia colocado um sabonete na boca – uma referência à personagem de Fernandes Torres, na série Os Normais. Ela tinha a bagagem, intelectual e versatilidade artística para vencer o programa.

Já Organzza tinha o histórico. Finalista com o melhor track record, incluindo a única a conquistar 3 vitórias em maxi-challenges, a carioca mostrou versatilidade, imponência e completo domínio no que faz. Sua franqueza, deturpada aqui fora como arrogância, ajudou a desenvolver tramas importantes da temporada e demonstrou que a participante tinha garra e uma visão inequívoca sobre a competição. Era, sem dúvida alguma, a front-runner da edição.

Assim, após um último desfile ressaltando a personalidade de cada participante e o retorno das demais colegas do elenco para celebrar a grand finale, elas se enfrentaram no lipsync da música “Envolver”, de Anitta – mais uma escolha decepcionante para uma dublagem.

Anitta é, sem sombra de dúvidas, uma das artistas mais famosas do Brasil no mundo, mas por que escolher uma música dela que é cantada em espanhol e não em português?! Não bastasse a canção, a performance também deixou a desejar. Não é culpa das queens: o reality precisa reconhecer logo que um lipsync com mais de três pessoas no palco sempre vai parecer uma confusão para quem assiste de casa.

Passada a decepção, chegou o momento de enfim descobrirmos quem seria a grande vencedora desta primeira temporada. Feitas as deliberações, coube a Organzza segurar o título de primeira grande drag superstar do Brasil, levando pra casa a coroa e o prêmio de R$ 150 mil. Sua (merecida) vitória certamente reverberou negativamente entre os haters aqui fora, que felizmente não podem fazer nada para mudar o resultado da disputa, exceto bombardear a página do programa no IMDB e passar vergonha frente o público gringo da franquia.

A Organzza, desejamos um bom reinado, recheado de muitas conquistas e muito carinho.

Com isso, chega também ao final a cobertura da primeira temporada brasileira de RuPaul’s Drag Race pela Híbrida (veja aqui as críticas dos episódios anteriores). Uma edição importante, histórica e que apresentou 12 grandes talentos drags do Brasil ao mundo. Para quem gostou, vibrou e respeitou o elenco e os jurados ao longo das últimas semanas, o programa foi um verdadeiro presente com gosto de “quero mais”. Para quem tomou o caminho oposto, fica apenas uma sugestão: que tal procurar uma outra atração para destilar o seu ódio?! Axé!


RuPaul’s Drag Race Brasil está disponível para streaming no catálogo do Paramount+. No restante da América Latina, a exibição está por conta da WoW Presents Plus. Na televisão, a transmissão está por conta da MTV Brasil.

 

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