A Delegação Espírito Brasil aproveitou o último Dia Nacional do Orgulho LGBT (22 de março) e apresentou sua estratégia para os X Gay Games de Paris junto à Prefeitura do Rio, representada pela Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual – CEDS, no Parque das Ruínas, em Santa Teresa, região central do Rio. Com o objetivo de mostrar o projeto a empresas, instituições e imprensa, a equipe divulgou o seu plano mais ambicioso até hoje para participar do evento, e a Revista Híbrida esteve lá para conferir tudo.
As Olimpíadas Gays foram criadas pelo atleta americano Tom Waddell há quase quatro décadas e, este ano, serão realizadas em Paris, entre 4 e 12 de agosto, sendo a capital francesa a terceira cidade europeia a receber o evento, depois de Amsterdã e Colônia. Para essa 10ª edição, o Brasil espera levar a maior delegação de todos os tempos, que irá competir com outros 15 mil atletas de 69 países em mais de 500 provas ao longo dos seis dias de disputa.
“O objetivo é conseguir não uma delegação de 50, mas de 100 atletas, com mais 20 pessoas para apoio, entre técnicos, médicos, fisiologistas e comunicação”, garantiu Carlos Campana, diretor da Multicom Captação de Recursos.
Faltando pouco mais de quatro meses para o início do evento, é preciso correr contra o tempo para arrecadar os fundos necessários para que a delegação tenha o tamanho sonhado. E para isso, a equipe está em contato constante com o Ministério dos Esportes.
Ademais, a Delegação Espírito Brasil lançou um programa de bolsas que vai custear até 70% dos gastos do atletas, e espera também contar com a colaboração de empresários que acreditam na diversidade e na promoção dos LGBTs no esporte.
“Nós não estamos sozinhos. Queremos levar o Brasil para Paris fortalecido. Não é fácil captar recursos no Rio de Janeiro”, disse Flávio Helder, CEO da BFV Cultura e Esporte. “Em tempos de vacas magras, todos vão falar que não têm. Mas de pouco em pouco, a gente consegue”, completou em tom otimista.
Se a comitiva da Espírito Brasil está disposta a fazer a ponte entre atletas e patrocinadores, outros jogadores estão usando seus próprios meios para conseguir arcar com os custos da viagem. A equipe masculina de futebol formada por alguns dos jogadores que defendem os times da LiGay Nacional de Futebol estão tirando dinheiro do próprio bolso para viajar, além de realizarem paralelamente uma vaquinha virtual para ajudar os atletas que não podem financiar sozinhos o sonho de disputar os Gay Games.
“Também estamos fazendo patrocínios individuais. Então a Hornet, por exemplo, vai pagar pela ida do nosso goleiro. Outra empresa que quiser entrar, pode patrocinar nosso artilheiro e, de um por um, queremos levar nossos melhores”, explicou André Machado, capitão do BeesCats que estava representando a LiGay no evento. Ele ainda prometeu voltar de Paris com a mala um pouco mais pesada. “Nós vamos trazer uma medalha!”, garantiu.
E enquanto a chuva pesada castigava o icônico bairro de Santa Teresa, houve também tempo para uma necessária homenagem. A representante do grupo Trans Mais Respeito, Luciana Vasconcelos, fez um discurso para Marielle Franco, assassinada no último dia 16, e que era uma importante figura na luta pelos direitos dos LGBTs, lembrando que a memória da vereadora vai permanecer viva.
As mesmas minorias que Marielle defendia são as que os Gay Games esperam acolher no próximo verão parisiense. E a Delegação Espírito Brasil segue com as vagas abertas para quem quiser adquirir os pacotes como atleta ou torcedor para um dos eventos mais aguardados do mundo em 2018.