O futebol é um campo minado para pessoas LGBTQ+, ainda mais quando a Copa do Mundo, o maior evento dedicado ao esporte, é realizado em um país como o Catar, onde a homossexualidade é proibida.
Dentro das quatro linhas, ganha a seleção que apresentar o melhor futebol. Mas e se a disputa fosse sobre qual país é o melhor para pessoas LGBTI+ viverem e visitarem?
Como essa dúvida em mente, a Híbrida analisou os dados do Equality Index, um relatório publicado pela Human Rights Campaign Foundation que avalia empresas e países em relação às leis, direitos e apoio da sociedade para avaliar quais os melhores países para membros da comunidade LGBTI+.
A lista conta com 198 territórios e classificamos os 32 países que estão disputando o Mundial em sua posição geral.
No pelotão dos piores países, estão os islâmicos que seguem a Sharia, conjunto de leis baseadas nos escritos do Corão. Sede do mundial, o Catar só perde no ranking para o Irã, que também vive uma época de tensão nos últimos meses após a morte de Mahsa Amini, mulher executada por não usar o hijab. Nesse primeiro grupo, apenas Camarões e Gana têm maioria cristã, mas assim como o Senegal, carregam muito da herança europeia e das leis anti-LGBT que eram aplicadas nas colônias de então.
- 193º Irã
- 184º Catar
- 179º Senegal
- 175º Arábia Saudita
- 170º Camarões
- 168º Tunísia
- 160º Gana
- 159º Marrocos
Seguindo a lista, começam a aparecer países do leste europeu como Polônia e Sérvia, mas também vemos Coreia do Sul e Japão. Apesar de serem considerados países bem desenvolvidos economicamente, essas sociedades asiáticas ainda são muito conservadoras em relação à comunidade LGBTI+. Inclusive, o Japão é o único membro do G7, o grupo de países mais ricos do mundo, a não reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo gênero.
- 105º Sérvia
- 92º Polônia
- 84º Coreia do Sul
- 67º Croácia
- 52º Equador
- 48º Japão
- 36º Portugal
- 34º Costa Rica
A posição do Brasil pode ser uma surpresa, visto que é o país que mais mata pessoas LGBTI+ no mundo. Mas de acordo com o relatório, o que coloca os brasileiros à frente de Suíça, França e Bélgica é a legalização do casamento homoafetivo desde 2013, além da decisão do STF que equiparou homofobia e transfobia ao crime de racismo, ainda que existam desafios para a aplicação da lei na prática.
- 30º México
- 28º Bélgica
- 27º França
- 22º Suíça
- 19º Brasil
- 15º Espanha
- 14º Argentina
Mesmo com um domínio europeu no Top 8, é o Canadá que vence a disputa de Melhor País LGBTI+ da Copa. Os canadenses contemplam todos os direitos possíveis para a comunidade: casamento, reconhecimento de pessoas não-binárias, doação de sangue, transição de gênero e adoção de crianças por casais homoafetivos estão entre eles, tudo amparado pela lei.
A presença do Uruguai no pódio também é um destaque, já que o país é um grande líder na América Latina para a promoção de direitos humanos e causas progressistas, como a legalização do aborto e do uso recreativo de maconha.
- 13º Estados Unidos
- 12º Austrália
- 11º Reino Unido (Inglaterra + País de Gales)
- 10º Alemanha
- 9º Holanda
- 6º Dinamarca
- 4º Uruguai
- 3º Canadá
Uma curiosidade na lista do Equality Index é que nem o primeiro, nem o último lugar geral estão participando da Copa em 2022. O melhor país do ranking é a Islândia, enquanto o pior de todos é o Afeganistão.
No pelotão da frente, também está a maior parte das seleções que planejavam ações e protestos durante a Copa do Mundo a favor da comunidade LGBTI+: Alemanha, Inglaterra, País de Gales e Dinamarca foram impedidos pela própria FIFA de usar braçadeiras com as cores do arco-íris e a mensagem “One Love”. Os alemães ainda podem ser punidos por posarem para a foto oficial do primeiro jogo com as mãos nas bocas, uma alusão à censura da entidade.
Naturalmente, nem sempre o respeito aos direitos humanos virá acompanhando de grandes resultados esportivos. Mas quanto mais falarmos sobre isso juntos e com orgulho, mais chances teremos de as portas se abrirem para jogadores LGBTI+ no futebol ou em qualquer outro esporte.
Violações LGBTI+ do Catar na Copa do Mundo
Desde o anúncio do Catar como sede da Copa do Mundo, representantes e instituições da comunidade LGBTQIA+ ao redor do mundo questionam a segurança dos torcedores locais e dos que visitam o país durante o evento. Ao passo que o Comitê local e a FIFA garantiram que todos seriam bem recebidos, casais homoafetivos tiveram dificuldades ao reservar hotéis na capital Doha, enquanto várias pessoas que portavam objetos com as cores do arco-íris são reprimidas pela policial local.