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Na Austrália, Lexi Rodgers é banida do basquete por ser atleta trans

Lexi Rodgers foi proibida de competir no basquete semiprofissional da Austrália por ser uma atleta trans (Foto: Reprodução Instagram)

Lexi Rodgers foi proibida de competir no basquete semiprofissional da Austrália por ser uma atleta trans (Foto: Reprodução Instagram)

A atleta Lexi Rodgers foi impedida de jogar basquete na categoria feminina da Austrália por ser uma mulher trans. Aos 24 anos, ela estava escalada na equipe do Kilsyth Cobras, time de Melbourne que compete na NBL1, a liga australiana semiprofissional.

“Espero que a Basketball Australia (BA) entenda que esse não é o fim da minha jornada como atleta e que a liga não deveria perder as oportunidades futuras de demonstrar seus valores”, escreveu Lexi em seu perfil no Instagram. “Fico triste com a potencial mensagem que essa decisão manda para as pessoas trans e não-binárias de todo o mundo.”

Em uma longa carta aberta, Lexi ainda disse que o basquete é “um dos grandes amores” de sua vida e que a quadra é onde se sente “segura, livre e que pertence”. “Espero que um dia as entidades do basquete possam emular a inclusão e aceitação que encontrei dentro da quadra com minhas colegas de time”, completou.

A Basketball Australia, federação que regula todas as categorias do esporte no país, decidiu que a atleta não é elegível para competir nas ligas profissional ou semiprofissional de basquete.

De acordo com a nota publicada no site da BA, a decisão de tornar a atleta “inelegível” foi feita com base na consulta de um comitê de especialistas, que incluía um médico credenciado e um especialista esportivo. O processo de avaliação pelo órgão é feito caso a caso e foi iniciado ainda em março, quando Lexi anunciou que se identificava como mulher trans.


“Eu buscava um resultado diferente da Basketball Australia. Colaborei completamente e em boa fé com o processo e critérios de elegibilidade. Consistente com as visões expressas por tantas pessoas, eu acredito firmemente que tenho um lugar como atleta no basquete feminino”, afirmou Lexi.

A atleta ainda agradeceu o apoio que recebeu de todas as suas colegas, treinadores, times e membros do esporte ao longo do processo. “Espero um dia jogar basquete feminino de elite no futuro e vou continuar trabalhando para transformar o esporte que amo em um lugar para todos”, escreveu.

Lexie afirmou ainda que por ora não daria entrevistas ou faria comentaários sobre o tema “por respeito ao processo” de classificação que enfrentou na BA e na Basketball Victoria.

“Quero deixar claro porque é importante que, embora este pedido específico não tenha sido aprovado, o Basketball Australia incentiva e promove a inclusão na comunidade”, alegou Suzy Batkovic, membro do conselho da BA. “Gostaria de reconhecer e sinceramente agradecer a Lexi por sua cooperação, entendimento e paciência ao longo do processo.”

Em nota, a BA admitiu também que ainda está aprendendo como implementar os critérios para elegibilidade de atletas trans no basquete e que o caso de Lexi ajudaria a alcançar uma resposta no futuro.

De acordo com uma decisão tomada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em 2021, cabe às entidades reguladoras de cada esporte definir as regras para aceitação ou exclusão de atletas trans nas suas competições.

Ainda neste mês, mostramos como um relatório encomendado pelo Centro de Ética no Esporte do Canadá (CCES) concluiu que não há nenhuma evidência científica de que fatores biomédicos representam vantagens para mulheres trans nos esportes de elite. O estudo analisou todas as pesquisas em língua inglesa sobre o tema, publicadas de 2011 a 2021.

“As evidências disponíveis indicam que mulheres trans com supressão de testosterona não têm nenhuma vantagem biomédica clara sobre mulheres cis em esportes de elite”, conclui. “Inexistem biomarcadores que permitam a comparação dos corpos dos atletas uns com os outros em termos de desempenho.”

Ao fim, os autores do relatório admitem que os dados analisados são limitados e se referem apenas a mulheres trans binárias que competem nas categorias profissionais. Mas também recomendam, com base na ciência e em dados empíricos, “que todos os esforços razoáveis devem ser feitos para que o esporte seja inclusivo e acessível a indivíduos transgêneros”.

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