O Baile do MET Gala, considerado o tapete vermelho mais importante do ano, reuniu sua exclusiva lista de convidados em Nova York nesta segunda, 06, sob o tema “Camp”, uma estética que mescla elementos exagerados, divertidos e intencionalmente “cafonas” para subverter a noção de “alta cultura”.
Com Lady Gaga, Serena Williams e Harry Styles como co-anfitriões, o evento reuniu momentos icônicos para a moda – como Kim Kardashian tirando Thierry Mugler da sua aposentadoria de 20 anos – e para a cultura queer. Além do grande número de convidados que borraram as linhas de gênero através dos lookas, o Baile do MET também recebeu pela primeira vez em sua história drag queens montadas no tapete vermelho.
Abaixo, nós selecionamos os 17b momentos mais queer do MET Gala 2019, que elevaram o Camp ao longo da noite. Confira:
Lady Gaga e Brandon Maxwell: o nome mais falado da noite, Gaga voltou às suas origens da era The Fame, resgatou as performances públicas do ARTPOP e deu aos gays tudo o que eles queriam com um verdadeiro show de caras, bocas, looks e poses na escadaria do MET. A cereja fuchsia do bolo foi a presença de Brandon Maxwell, a poc estilista que a acompanha desde o início da carreira e assinou todos os seus outfits, participou da brincadeira e entrou no baile lado a lado da Mother Monster.
Michael Urie: poucos looks gritaram QUEER no tapete rosa do MET como esse zigue-zague de gênero feito por Michael, que deu um jeito de trabalhar o conceito do sapato ao penteado. O conjunto foi assinado pelo estilista Christian Siriano, que escreveu em seu Instagram: “Quem precisar de um date para ir ao baile quando você pode levar a si mesmo?”. Pois sim.
Indya Moore: outro nome do elenco de “Pose” que tem feito bonito praticamente em todo evento que pisa, Indya chegou a bordo de um Louis Vuitton como convidada do próprio Nicholas Ghesquiére.
Janelle Monaé: legítima dona do estilo andrógino, Janelle usou um Christian Siriano com inspiração cubista, que ficou ainda mais camp pela escolha de acessórios – vide o chapéu, com outros três chapéus acoplados no topo.
Harry Styles: outro nome que vem mergulhando fundo na estética andrógina de roupas – desde ternos de veludo a blusas femininas -, o anfitrião da noite chegou acompanhado de Alessandro Michele, diretor criativo da Gucci, vestindo look completo da marca. Da escolha da blusa transparente de inspiração Vitoriana, com renda nas mangas e babado no pescoço, à calça de cintura extremamente alta, passando pelo salto do sapato, o brinco de pérolas e os esmaltes nas unhas, Harry deu (de novo) um grande foda-se pras “normas de gênero” da moda.
Kristen Stewart: se grande parte da estética queer é inverter ou borrar as linhas de gênero através da forma como você se apresenta, então Kristen, que já é expert em manter a androginia em suas aparições públicas, conseguiu se destacar com o look “básico” da Chanel. Para entrar no clima do camp e mostrar que também sabe se divertir, mesmo que sua expressão facial não mostre isso, a atriz tingiu os fios – com direito a sobrancelha descolorida – em três tonalidades.
Darren Criss: um dos poucos héteros a ter entendido e se divertido com o tema, Darren fez bonito com uma estética similar à de Harry Styles – blusa preta com laço bufante na gola e unhas pintadas -, mas deu seus toques pessoais com uma jaqueta incrustada de aplicações e a maquiagem.
Ezra Miller: outro que sempre surpreende, para o bem ou para o mal, Ezra já deixou claro que felizmente não tem limites para experimentar o queer através da moda. Tratando-se do MET, então, o nível de extra pulou: desde a maquiagem (perfeita) surrealista à cartola, à máscara e à cauda de seu terno (sim, o TERNO teve uma CAUDA), o ator incorporou uma versão contemporânea de algo entre Leigh Bowery e Boy George.
Billy Porter: depois de ter dominado o tapete vermelho do Oscar com um combo de terno e saia, o ator de “Pose” mostrou que não vai dar descanso ao stylist e chegou carregado por seis modelos, enquanto trajava um figurino inspirado na deusa egípcia Ísis, com direito a asas e tudo.
Aquaria: mais ousada na estética que o Neymar no Twitter, Aquaria já tinha sido anunciada como uma das convidadas do baile pelas próprias redes sociais da Vogue, que estavam seguindo a drag pra cima e pra baixo ao longo da última semana. Apropriado, já que com seu look Maison Margiela ela já teria vencido o tema da noite, que ainda foi potencializado pela meia-luva de prata com garras mortíferas e o rabo de cavalo reverso.
Violet Chachki: uma das principais queens de RuPaul a ter ganhado o status de “ícone fashion” após o programa, Violet pegou sua estética pin-up e elevou ao máximo como convidada de Jeremy Scott e a segunda pessoa na história do evento a entrar como drag. Sob o guarda-chuva do camp, o glamour exagerado da vencedora caiu como uma luva de seda acima do cotovelo.
RuPaul: tá, o look de RuPaul não foi o mais surpreendente ou empolgante da noite, mas é bom lembrar que, lá nos idos dos anos 1980, MamaRu ajudou a inventar o camp e foi parte ativa, passiva e versátil da cena que deu origem ao movimento. Se ele quer fazer a linha casado, com um terno e sem drag, ok. Só a sua presença ali já é um marco para a inclusão de pessoas queer negras e, considerando que teve gente usando apenas uma jaqueta preta (*coff* Frank *coff*), um terno listrado de lantejoulas rosas, pretas e azuis com um arranjo de plumas no ombro não é exatamente discreto, né?!
Ryan Murphy: inspirado em Liberace, o roteirista usou um look assinado por Christian Siriano (responsável por alguns dos melhores outfits a passarem pelo tapete vermelho) que levou dois meses para ser feito e pesava mais de 45 quilos, graças às aplicações de pérolas que chegaram até à gravata-borboleta.
Tessa Thompson: um dos melhores e maiores ícones bissexuais a surgirem nos últimos anos (existem até estudos sobre o crescimento de sua fã base no falecido Tumblr), Tessa já teria sido destaque apenas pelo vestido Chanel. O surto geral, entretanto, ficou por conta da trança que a atriz transformou em chicote e, consequentemente, converteu milhares de pessoas ao BDSM instantaneamente.
Cody Fern: de Maison Margiela por John Galliano da cabeça aos pés, o novo queridinho de Ryan Murphy fez uma boa estreia no evento e ganhou pela atenção aos detalhes – a gole rolê transparente, os cachinhos milimetricamente fixados e as botas turquesa, que sozinhas já seriam motivo suficiente pra entrar nessa lista.
Zendaya: um dos vestidos mais falados do evento foi o Tommy Hilfiger feito sob medida para Zendaya, que acendia à la Claire Danes em 2016. Como se incorporar uma princesa literal não fosse suficiente, a atriz ainda carregou a tiracolo sua poc madrinha, o stylist Law Roach, que a veste desde os 14 anos e fez a mágica acontecer no tapete vermelho.
Lena Waithe: em 2018, Lena já tinha deixado claro que não ia deitar pra Igreja Católica ou pra Vogue, chegando ao MET com uma capa de arco-íris e protestando contra a homofobia nada velada da instituição religiosa. Este ano, ela voltou com mensagens pouco subliminares e, ao lado de Chadwick Boseman, escolheu um terno da Pyer Moss bordado com “Drag Queens negras inventaram o camp”. As linhas do terno eram formadas por letras de músicas cantadas por ícones negros, como Diana Ross, RuPaul e Gloria Gaynor.