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Don’t Say Gay: Senado da Flórida passa lei que proíbe falar de sexualidade

Manifestantes no Capitólio Estadual da Flórida protestando contra o projeto de lei "Don't Say Gay" [Foto: Wilfredo Lee/AP]

Manifestantes no Capitólio Estadual da Flórida protestando contra o projeto de lei "Don't Say Gay" [Foto: Wilfredo Lee/AP]

Nesta terça-feira (8), o Senado da Flórida, nos Estados Unidos, aprovou um projeto de lei que pretende proibir qualquer discussão relacionada ou sequer a menção a orientação sexual e/ou identidades de gênero nas escolas de ensino fundamental do Estado. Batizado Don’t Say Gay [“Nâo Diga Gay”] pelos seus críticos, o PL, que se assemelha ao brasileiro “Escola Sem Partido” e sua cruzada contra o que consideram “ideologia de gênero“, também prevê que pais poderão processar instituições e indivíduos que descumprirem a regra.

Políticos do Partido Democrata e ativistas dos direitos humanos têm apontado que, caso aprovada, a lei vai servir para isolar ainda mais a juventude LGBTI+ nas escolas, afetando especialmente alunos de oito ou nove anos de idade. Em contrapartida, conservadores e defensores do projeto alegam que ele “empodera” os pais e a família com relação às questões educacionais das crianças.

Criado pelo deputado republicano Joe Harding sob o nome de “Parental Rights in Education Bill” [Projeto de Lei Pelos Direitos dos Pais Sobre a Educação], o “Don’t Say Gay” também causou dor de cabeça à Disney, mas não pelos motivos que deveria. De operadores nos parques (muitos deles na Flórida) a roteiristas do estúdio, funcionários têm protestado desde que o site Popular Information revelou doações feitas pela empresa a autores do PL. Segunda a publicação, mais de R$ 1 milhão foi transferido apenas nos últimos dois anos.

Bob Chapek, CEO da Disney, disse em um e-mail direcionado à equipe que ele e a empresa “apoiam inequivocamente seus funcionários LGBTI+”. “Eu quero ser bem claro: eu e o time inteiro de liderança [da Disney] apoiamos inequivocadamente nossos funcionários LGBTI+, suas famílias, e sua comunidade. E nós nos comprometemos em criar uma empresa mais inclusiva”, escreveu.

No entanto, muitos criticaram a forma com que Chapek não condenou o PL. “Ontem, a empresa que amo teve uma chance final de se manifestar a favor dos direitos LGBTIQ+, de dizer que esse projeto de lei é errado e parar de financiar pessoas que votam num PL que afeta, diretamente, trabalhadores como eu”, escreveu Benjamin Siemon, roteirista de animação da Disney.

Dana Terrace, criadora da série animada A Casa Coruja, do Disney Channel, publicou um vídeo alegando que a empresa, através de um e-mail “recheado de palavras floreadas e compassivas”, quer que seus funcionários se calem. “Honestamente é difícil falar sobre esse assunto. Eu sou alguém que teve dificuldades em aceitar meu lado queer até meus vinte e poucos anos por causa de coisas como essa. Porque eu pensava que não deveria existir, porque ninguém nunca me disse que eu tinha a opção de existir. Cara, eu sei que tenho contas para pagar, mas trabalhar para essa companhia tem me deixado tão perturbada e eu odeio, eu odeio ter dilemas morais sobre como me alimento e como eu apoio as pessoas que admiro”, disse.

Ela também anunciou uma live no Twitch para o dia 13 que terá como intuito arrecadar verbas para organizações que, verdadeiramente, apoiam a comunidade e crianças LGBTI+.

O Don’t Say Gay agora segue para as mãos do governador Ron DeSantis, do Partido Republicano, que já sinalizou apoio à emenda, dizendo que ela pretende tornar o sistema educacional “transparente” para os pais.

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