Aos 28 anos, Davi Sabbag está se lançando em carreira solo após quase uma década percorrendo o Brasil com a Banda Uó. Para essa nova fase profissional, ele adotou apenas o primeiro noome e investiu em uma nova sonoridade, que os fãs já puderam ouvir em “Tenho você”, primeira amostra do novo trabalho lançada no final de julho. “Ainda tô encontrando meu som, mas posso dizer que são muitos!”, ele conta em entrevista à Híbrida.
No single, que ganhou um clipe filmado na Espanha, Davi usa uma sample de “Love Galore”, sucesso na voz de SZA, e reinventa os acordes de R&B com uma textura eletrônica no refrão, sem tirar a essência acústica da canção original. No Twitter, ele explicou que a letra é uma declaração para o namorado e para a legião de fãs que vem mostrando seu apoio incondicional na nova empreitada do artista.
Para esse ano, Davi ainda pretende lançar um “álbum de cinco músicas”, nas quais promete mostrar toda a versatilidade de suas influências e de seu talento, indo do reggaeton às baladas românticas. A previsão de lançamento é até o fim do ano, mas pelas respostas positivas que “Tenho você” vem ganhando na internet, é justo dizer que os fãs mal podem esperar para ter mais uma amostra do que Davi vem fazendo no estúdio.
Abaixo, ele fala com a gente sobre como tem sido entrar em uma nova fase profissional ao mesmo tempo em que encara seu retorno de Saturno, o legado que ele, ao lado de Mateus Carrilho e Candy Mel, deixou na cena musical com a Banda Uó e as surpresas de seguir na carreira solo. Leia aqui:
Híbrida: Como foi o processo criativo para encontrar seu som individual, fora da Banda Uó?
Davi: Já penso nisso há algum tempo e haviam várias possíveis direções a seguir na minha cabeça. O mais importante nesse processo era o desafio de fazer algo que eu gostasse de ouvir, que me identificasse de verdade, pois a ideia era colocar o meu coração naquilo. Ainda tô encontrando meu som, mas posso dizer que são muitos!
H: E como tem sido lidar com a resposta do público? Teve algum feedback que mexeu mais com você, negativo ou positivo?
D: Fiquei muito tocado com a enxurrada de amor que recebi depois de lançar a “Tenho Você”. De pessoas próximas, fãs, dos comentários nas redes, são pessoas que gostaram do trabalho e estão na espera dos próximos. Sempre tem uma grande expectativa pós-banda, para saber o que o artista vai fazer e vi que a resposta foi muito positiva. Quando rola uma identificação com a música ou ela te toca de alguma maneira, sinto que meu trabalho teve resultado. Sobre os comentários negativos, levo em consideração as opiniões que me fazem melhorar. Já os comentários de ódio gratuito, eu descarto.
Me descubro como artista individualmente, sem amarras, com muitas possibilidades
H: Qual tem sido a parte mais difícil ou mais inesperada da carreira solo até agora?
D: Ter que carregar no braço tudo que acontece e vai acontecer, planejar e produzir tudo. Ao mesmo tempo, é tudo muito interessante, já que assim, me descubro como artista individualmente, sem amarras, com muitas possibilidades. É impagável o real valor de colocar o que você está sentindo no seu trabalho. Passo muito tempo sozinho compondo, tendo idéias e fazendo um refúgio que é necessário para ter foco e me imergir no trabalho. Às vezes saio pra ver gente, pra não ficar doido. Tem que ter o mínimo de vida social, né? rs
H: Por sinal, algumas partes da música lembram “Love Galore”, da SZA. Essa foi uma inspiração consciente?
D: Amo a SZA e essa safra R&B nova, escuto bastante e coloco nas minhas playlists. [“Tenho você”] tem um sample de uma versão acústica instrumental de “Love Galore”. Quando tava construindo a música, procurei um violão pra ter de base e encontrei exatamente o dedilhado que estava na minha cabeça. O plano era gravar outro depois e até gravei, mas gostei tanto do inicial que decidi manter e paguei os direitos pra usar.
H: Em relação ao som, que tipo de influências podemos esperar do EP como um todo? E, por sinal, você já sabe quantas músicas devem entrar na tracklist?
D: Vai ter um pouco de tudo. Estou num momento de experimentações, então, quero provar de vários sabores. Acho EP um termo redutivo, por isso, vamos chmá-lo de um álbum de 5 músicas. hehe
H: Quando você surgiu com o pessoal da Banda Uó, o cenário pop no Brasil era bem diferente, tanto na diversidade de som quanto na presença de artistas que fossem LGBTs e produzissem conteúdo para esse público. Como você vê a influência que o grupo teve em abrir esse caminho para os artistas que surgiram depois?
D: A Banda teve papel importante nesse cenário todo. Acredito que fomos, na nossa geração, um dos precursores em botar a cara a tapa sem medo de esconder sexualidade e gênero, fazendo música pop e usando raízes do Brasil. Muitos artistas atuais já disseram que fomos importantes pra eles, por mostrarmos que era possível ser o que se queria e fazer sucesso assim.
Acredito que fomos, na nossa geração, um dos precursores em botar a cara a tapa sem medo de esconder sexualidade e gênero
Mas não produzíamos conteúdo para um público específico e essa foi uma posição importante que defendíamos – nós éramos uma banda e ponto. Não era “Banda LGBT”, colocando assim de uma forma discriminatória, categorizando pela sigla. Assim como não colocam “banda hétero” como título de nada, também não faz sentido fazermos o contrário. Tem toda importância da representatividade, mas isso se consolidou com o trabalho sendo bem feito e tendo como base ‘ser quem se é’.
H: Vi que você também é ligado em astrologia e acabou de passar/está passando pelo retorno de Saturno, ao mesmo tempo em que vive uma mudança tão significativa na vida profissional. Que tipo de mudanças têm te ajudado a seguir com essa nova fase?
D: To buscando cada vez mais hábitos saudáveis que me façam ficar com a cabeça no lugar e estou sempre à procura de refúgios terapêuticos. Faço natação, me alimento bem e trabalho muito no estúdio que montei em casa. Tem que se estar preparado para as mudanças e já posso sentir várias transformações e uma energia de renovação diferente. Tenho enfrentado vários desafios e me deparado com coisas que têm que ser mudadas pra que eu consiga seguir na vida com mais saúde, física e mental. Saturno está voltando à posição inicial de 29 anos atrás, trazendo essa grande energia, mas se eu não me movimentar e aproveitar esse momento com ação, não vai ser nada mais que bonitas palavras místicas.