Híbrida
MÚSICA

Ctrl+N chega com o single “Eu prefiro” para enviadescer o pop brasileiro

“Eu prefiro a Beyoncé do que você/Eu prefiro ver a Beyoncé do que você”. É com esse deboche que a dupla Ctrl+N abre o single “Eu prefiro”, a primeira música de trabalho do projeto musical liderado por Haroldo França e Nigel Anderson. Lançado em 3 de junho, o lyric video para a música já contabiliza quase 200 mil views nas plataformas, praticamente sem divulgação. “A gente não tá acreditando ainda nessa repercussão. Sabíamos que era um projeto legal, mas não tínhamos essa noção”, eles explicam por telefone.

Os versos escritos pela dupla sobre enviadescer, ser indiscreto e dentro do meio, acabaram rodando a internet e atraindo a atenção e os elogios de gente como Daniela Mercury, Anitta e Liniker – nada mal para algo que começou como uma brincadeira.

“Nós fizemos essa música para um dos nossos amigos, Rafinha [Rafael Reis], há cerca de dois anos. Nós morávamos juntos na época e ele acordava a gente às 7h da manhã ouvindo os DVDs da Beyoncé. Aí fizemos uma música pensando nisso de ele ter preguiça em encontrar as pessoas e preferir ouvir a Beyoncé. Demos uma ajeitadinha e foi isso”, eles contam, aos risos.

Rafael, que hoje é designer de bolsas e sapatos, além de inspiração para a faixa é também o consultor de moda do Ctrl+N. Além dele, uma equipe de amigos auxilia a dupla na organização do projeto, enquanto Nigel assume os vocais e Haroldo a produção musical, que por sinal é feita em “Nárnia”, um guarda-roupa à prova de som: “Só a gravação é dentro do armário. O resto tudo é fora”, ri.

Haroldo e Nigel, a dupla por trás do Ctrl+N, em evento na Casa1 (Foto: Divulgação)
Haroldo e Nigel, a dupla por trás do Ctrl+N, em evento na Casa1 (Foto: Divulgação)

Os amigos se conheceram ainda em Belém, terra natal de ambos. Lá, estudaram juntos em um colégio adventista, onde tiveram que lidar com o conservadorismo da instituição. Anos depois, continuaram mantendo contato e se encontraram novamente na capital paulista. Dividiram um quarto por quatro anos e, depois, moraram juntos em um casa com seis artistas paraenses, onde o ambiente criativo fez nascer os primeiros traços do Ctrl+N.

“De vez em quando, a gente fazia alguns saraus. Nós tocamos violão e aí entramos numa de improvisar. Teve um dia que fizemos uma música em homenagem pra cada pessoa da casa”, explica Haroldo, contando como surgiu a primeira versão de “Eu prefiro”.

Sua história com o universo sonoro se deu nos palcos de teatro, onde começou a produzir trilhas de musicais. Hoje, ele está concluindo o Mestrado em Audiovisual pela USP, ao mesmo tempo em que dirige espetáculos pela Cia. do Sereno. Nigel, por sua vez, é Mestre em Artes Visuais pela UNESP e já assumiu a trilha de espetáculos da Caleidos Cia. de Dança, na qual também se apresenta. É ele quem, com a ajuda de Duana Aquino, editou o lyric vídeo icônico com crianças viadas (uma sugestão de Haroldo).

A ideia é trazer uma preocupação para questões de machismo e homofobia dentro do próprio universo LGBT

Mas para além da diversão, o Ctrl+N também surgiu com um propósito de manifesto político-social. “Nós temos muito a questão do ativismo. A ideia é trazer uma preocupação para questões de machismo e homofobia dentro do próprio universo LGBT. Acreditamos que é possível fazer arte engajada de forma cômica, leve e pop”, explicam, acrescentando que uma das principais inspirações do projeto é Linn da Quebrada.

Haroldo conta que, desde que o lançamento do vídeo, já houveram comentários questionando a letra de “Eu prefiro”  e o posicionamento da dupla: “Algumas pessoas colocam que estamos incentivando a rixa entre gays masculinos e as afeminadas. Não estamos criticando a masculinidade, mas a masculinidade como norma opressora que deve ser seguida”.

Não estamos criticando a masculinidade, mas a masculinidade como norma opressora que deva ser seguida

Na era do “nada contra, mas não curto afeminados”, o Ctrl+N diz que ainda pretende lançar outras músicas no universo pintoso de “Eu prefiro” e, em breve, um clipe para o primeiro single. “Existem gays que se identificam com isso. Finalmente homens gays tão dando voz a esse discurso que ficava na garganta. A nossa música é algo mais leve, alegre e aprentemente bobinha, mas não é só isso”.

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