Prestes a lançar seu 2º disco de estúdio, Mestiço, Jaloo desembarca sábado (26) no Rio de Janeiro, onde se apresentará na Fundição Progresso com a “pré-turnê do álbum” e irá dividir a noite com Alice Caymmi. Entre hits antigos reimaginados e músicas inéditas, o rapaz de Castanhal, interior do Pará, promete entregar “um show totalmente novo”, além de fazer um troca-troca nos palcos com Alice, com quem dividirá algumas músicas suas e dela.
De “Mestiço”, os fãs já conhecem desde março “Say Goodbye”, primeiro single do trabalho que leva a produção de BadSista e traz Jaloo em uma nova fase de sua música brasileira eletrônica. “Essa é uma música mais altruísta e generosa. Não é só sobre o eu, mas também sobre o outro; eu estou olhando para fora”, explica o artista para a Híbrida.
Mas o disco “de participações” e a produção dos próximos dois singles de divulgação, que devem sair ainda em junho e julho, não são as únicas coisas na cabeça do artista, que já despertou elogios até de Grimes com seu som. Acostumado a dirigir seus próprios videoclipes, Jaloo agora está prestes a se lançar como ator, estreando no longa-metragem “Paraíso Perdido”, de Monique Gardenberg, no qual interpreta uma drag queen neta do personagem de Erasmo Carlos. Isso tudo em meio a um processo de mudança entre apartamentos por São Paulo.
Na entrevista abaixo, Jaloo fala sobre o processo de amadurecimento emocional que resultou o novo álbum, no qual ele pretende mostrar “uma vitrine de todos os talentos que conheceu pelo Brasil nos últimos anos”; aborda a fluidez de gênero e como encara sua arte “um território sem limites criativos”; e divide também a experiência e o prazer de ter estrelado seu trabalho na sétima arte.
H: Quando e como começou o processo de composição para “Mestiço”?
J: Acho que começou assim que o do “#1” terminou, na verdade. Mas o processo mesmo, naquele ritmo de me deixar louco e correndo com mixagem etc., foi agora em janeiro.
H: E de onde veio esse nome?
J: Ele veio de uma música no disco. Eu sou um menino misturado, a galera que curte meu trabalho também é misturada, assim como o meu som. Então um dia eu estava analisando essa música e encontrei essa palavra lá. Passei a perguntar pras pessoas o que elas achavam e isso grudou na minha cabeça. Daí ficou.
H: O primeiro single, “Say Goodbye”, é bem diferente das suas músicas anteriores, tanto na produção quanto na forma como lida com a perda. Qual foi a inspiração por trás dela?
J: Sim, que bom que você reparou! O primeiro disco era com um menino mais “dramatiquinho”, experimentando o amor pela primeira vez, o primeiro namorado e a primeira vez na cidade grande. Era muito sofrido.
Esse segundo vem com uma tristeza mais melancólica, pra dentro. “Say Goodbye” é uma música mais altruísta e generosa. Não é só sobre o eu, mas também sobre o outro; eu estou olhando para fora.
O primeiro disco era com um menino mais “dramatiquinho”, experimentando o amor pela primeira vez, o primeiro namorado e a primeira vez na cidade grande. Era muito sofrido.
H: E como decidiu chamar a BadSista para produzir a faixa?
J: Eu a conheço há muito tempo, através da Thaís (MC Tha), com quem eu morava – na verdade, acabei de me separar dela, então minha vida está uma correria meio caótica. Mas no meio das visitas que ela fazia lá em casa, começamos a assistir a RuPaul e aí já viu, né?
Inclusive, essa é uma ideia que quero trazer para o disco inteiro, onde todo mundo que trabalhar comigo, principalmente os produtores, assina como participação. Não é um disco muito só sobre mim, mas a ideia é ser uma vitrine para mostrar os talentos que eu conheci esses anos pelo Brasil. Tá sendo bem louco, mas acho que vai dar certo.
H: Por sinal, existe toda uma geração de artistas nacionais que, nos últimos anos, não tem apenas surgido já fora do armário, mas praticamente tacando uma bomba nesse armário, né? Por que você acha que isso está acontecendo agora?
J: Eu acho incrível! E acho que é porque ninguém se importa mais, na verdade. Às vezes eu topo com alguma artista que ainda tá nessa de se esconder e eu falo “Wake up”, sabe?
H: Voltando para o disco, nas imagens promocionais que você lançou até agora dá para reparar em uma mudança no seu visual, que agora está mais “boyzinho”. De onde veio essa ideia?
J: Exatamente. Esse disco não vai ter fronteiras entre o masculino ou o feminino. Eu vou explorar tudo com a liberdade criativa que um artista tem. Eu separo muito a arte da vida pessoal, mas a exploração da imagem vai até onde eu quiser. Até porque, o povo já sabe de tudo.
Eu separo muito a arte da vida pessoal, mas a exploração da imagem vai até onde eu quiser.
H: Falando em cruzas fronteiras de gênero, como foi viver uma drag queen em “Paraíso Perdido”?
J: Foi muito foda! Eu acredito muito que entrei com o pé direito nesse mundo – é um papel incrível, dramático e com uma parte musical que faz realmente parte da história, de forma natural.
H: Sobre a turnê “Mestiço”, o que os fãs podem esperar do show na Fundição Progresso?
J: Então, na verdade essa é uma turnê pré-disco, mas eu já queria dar um gostinho para o público de como vai ser o álbum. É um show totalmente novo, as músicas estão todas com novos arranjos, e eu toco umas 4 ou 5 inéditas.
Dessa vez, eu e Alice [Caymmi] devemos participar um do set do outro. Acho que ela deve fazer “Chuva” comigo e, com ela, acho que vou cantar “Eu te avisei”, mas de um jeito mais meu.
H: Por fim, quais são os planos de lançamento agora?
J: Olha, tá atrasado, porque minha vida está de cabeça para baixo! (risos) Mas em maio agora gravamos o próximo clipe, que deve ser lançado em junho, junto com o single. Em julho tem outro single e em agosto, se tudo der certo, sai o disco.