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Os melhores lançamentos musicais LGBTQIA+ de janeiro

Antínoo, Pabllo Vittar e Lil Nas X estão nos lançamentos musicais de janeiro

Antínoo, Pabllo Vittar e Lil Nas X estão nos lançamentos musicais de janeiro

Na coluna de janeiro com os principais lançamentos musicais de artistas nacionais e internacionais LGBTQIA+, Fabiano Moreira* abre o ano de 2024 comentando =os novos álbuns de Antínoo e RuPaul, além dos singles quentinhos deIrmãs de Pau + Pepita + Cyberkills, Lil Nas X,  Bia Ferreira, Reddy Allor convida Diego Martins, Pabllo Vittar, Dandarona, Jup do Bairro e Astrit Ismaili ft. Mykki Blanco.

Abaixo, confira a seleção. E não deixe de seguir a nossa playlist para não perder os próximos lançamentos.

Antínoo – “Antínoo Passa o Recado”

Goiano radicado em São Paulo, Antínoo foi personagem da Sexta Sei quando lançou o single “Púrpura”, que mistura samba-reggae, house music e uma narrativa sobre vingança, ponta de lança do disco Antínoo Passa o Recado, com produção de Adriano Cintra, o segundo do artista. As canções do álbum refletem sua história pessoal com a metrópole paulistana. A capa, de Estelle Flores, é o encontro de diversas referências, como o álbum London calling, do The Clash, e o livro Quem quebrou meu violão, de Sérgio Ricardo

“O que conecta essas duas obras é a imagem de personagens destruindo seus instrumentos musicais, uma cena impactante. No meu caso, o teclado é o instrumento central. Comecei com um Yamaha PSR-E343, com o qual compus todas as canções do meu disco. Por ser um instrumento eletrônico, a maneira de destruí-lo seria lançá-lo na água, simbolizando não só a destruição, mas também a desconstrução. Isso reflete minha abordagem musical de desmontar e reconstruir o que já existe, buscando uma nova arquitetura sonora”, conta Antínoo.

Artificial” foi inspirada pelo Chat GPT. Além das faixas autorais, ganham destaque no volume três regravações: Vampiro”, obra de Jorge Mautner; Andy’s Chest”, de Lou Reed; e uma nova versão deArrombou a Festa III”, de autoria de Rita Lee e Paulo Coelho, com versos atualizados. Sobrou até pro Legião Urbana.

RuPaul – Essential, Vol. 3

Toda vez que tem nova temporada de RuPaul’s Drag Race, é batata, mama Ru lança também um álbum, inshalá, que o dinheiro é rosa, e a mamãe gosta muito. No Natal mesmo, ela lançou uma compilação. No começo do ano, chegou Essential, Vol. 3, com vinte faixas que incluem featurings da sua última década; três canções de sua primeira banda de rock, Wee Wee Pole, de 1983; e remixes.

As canções da banda são “Body Heat”, “In My Neighborhood” e “Tarzan”, anteriormente lançadas apenas em LP com tiragem limitada. “É uma coleção das minhas colaborações favoritas nos últimos dez anos. A justaposição de músicas atuais com outras, feitas há 40 anos, trazem um contraste interessante”, disse, em entrevista. O volume traz “Hustle That Cat”, canção-tema da atual temporada de Drag Race

Jup do Bairro, Maria Alcina e Pagode da 27 – Amor de Carnaval

A mineira Maria Alcina é ícone da ruptura de modelos de feminilidade e fez história na cultura nacional com sua voz peculiar de contralto, rara em mulheres. Sempre fashionista e a frente de seu tempo, ela aparece com a também disruptiva Jup do Bairro no single “Amor de Carnaval”, com Pagode da 27, grupo de samba de Grajaú, zona sul de São Paulo.

A canção une a música eletrônica ao samba e é um prenúncio do álbum de estreia de Jup, que sai este ano pela Natura Musical. A música versa sobre as ironias de amores levianos, tudo isso sem deixar de se curtir no final da festa e com direito a sample de “Abre Alas”, interpretada por Jorge Goulart, de 1954. O clipe, dirigido pela própria Jup e por Gabe Lima, começa evocando a cobertura de carnaval da Revista Manchete (entreguei a idade?) e traz Jup toda pintada de vermelho, bem demonhona, abusando dos glitchs na edição. “Amor de carnaval é uma tentação / e a ressaca moral, é que humilha”, diz a letra. Viva Jup do Bairro.

Pabllo Vittar – Pede pra eu ficar

Boa versão forró-romântica para “Listen to your heart”, hit da banda sueca Roxette, “Pede pra eu ficar” é o primeiro single do álbum Batidão Tropical vol. 2, que sai ainda este ano e é continuidade do disco lançado em 2021, um retorno da artista às suas origens e um encontro com ritmos do Norte e Nordeste do Brasil. A letra em português é da própria Pabllo, enquanto a produção explora diversas sonoridades da música brasileira, como forró, swing e batidão. A capa tem como referência os anos 2000 e os DVD’s das bandas de forró. Na Internet, teve direito a meme da capa do caderno Tilibra, vídeo da icônica Vitty e meme com o mashup do final do clipe na prancha de surf paddle com SZA na prancha na capa do icônico álbum SOS. O clipe foi gravado na Ilha dos Cocos, em Paraty. 

Lil Nas X – J Christ

Madonna e Lady Gaga já tinham mencionado imagens cristãs em suas obras, e é claro que Lil Nas X não poderia ficar fora desse encontro entre o sagrado e a cultura pop com o intenso e incrível clipe de “J Christ”, que ele divulgou laricando hóstias e shots de vinho nas redes. O clipe marca a estreia do artista na direção e começa com uma fila de celebridades nas portas do céu, com Barack Obama, Kanye West, Oprah Winfrey, Mariah Carey, Taylor Swift e Ed Sheeran sendo recebidas pelo próprio Lil Nas X e Michael Jackson. Tem Jesus crucificado em trajes sensuais, jogando basquete com o diabo e ainda representações de Moisés e da Arca de Noé. A letra fala da pressão da fama e da corrida por virais. A música é simplesmente viciante, com produção de Fedi, Gesaffelstein e do próprio artista. O clipe foi gravado na Cidade do México.

Irmãs de Pau, Cyberkills e Pepita – Shambaralai remix

Ninguém está surfando a onda ballroom com tanta devoção quanto as Irmãs de Pau, que mais uma vez exploram as sonoridades do baile no remix de “Shambaralai”, com participação da maiorzona que nós temos, a Pepita, e do duo de produção eletrônica Cyberkills. Contemporâneas do vogue mandelão, o remix faz referências também a tribal, guaracha e funk.

Pepita é uma relíquia do funk do Brasil e não podemos esquecer disso”, comenta Vita Pereira. O lançamento foi em janeiro, em celebração ao mês da visibilidade trans. “Amo tribal e acho que devemos nos apropriar desse ritmo sim, para que deixe de ser um nicho consumido e reproduzido apenas pela branquitude”, diz Isma Almeida. A faixa é a primeira do segundo álbum da dupla, que está vindo aí este ano, prometem.

Bia Ferreira – “Benção da Prosperidade”

“Vai ter que respeitar: sapatona preta é o poder”, avisa a cantora, compositora e multi-instrumentista Bia Ferreira, em “Benção da prosperidade”, com audiovisual gravado em Lisboa para celebrar o sucesso de sua carreira internacional. Ela começou o ano com apresentação solo no globalFEST, no Lincoln Center, em Nova York. A canção é do álbum Faminta (2022) e a letra avisa que ela é “psicopreta, tomei sua caneta, sou bem mais que teta, bunda e corpão”. O audiovisual foi realizado pelo coletivo Taumkaosaki.

“Estou muito orgulhosa de ter feito um material tão bonito e podendo falar sobre prosperidade, que é um lugar onde, normalmente, não veem as pessoas negras falando. Nós temos que falar sempre da dor, do sofrimento”, reflete Bia. A prosperidade da letra vai além do ganhar dinheiro. “Entender que ser próspero é ter acesso ao conhecimento, ao afeto das pessoas que estão perto de você. Então eu espero que essa mensagem de prosperidade também toque o coração das pessoas”, conclui. Em 2023, foram 50 shows em 11 países. Depois de shows em Fortaleza e São Paulo, ela embarca para uma turnê no Canadá, em fevereiro. Em março e abril, estará em Portugal.

Astrit Ismaili ft. Mykki Blanco – “Miss Kosovo”

O renomado poeta e artista performático americano Mykki Blanco, que volta e meia passa por aqui, uniu forças com a artista multifacetada Astrit Ismaili, nascida em Kosovo e radicada em Amsterdã, para o primeiro single do álbum de estreia de Ismaili, The First Flower, que chega em 23 de fevereiro. A colaboração, “Miss Kosovo”, segue o clima das apresentações ao vivo de Astrit pela Europa e simboliza um sentimento partilhado entre indivíduos que enfrentam vários desafios para obter reconhecimento.

O sentimento ressoa em indivíduos que se identificam como queer, palestinianos, kosovares, pessoas de cor ou que existem fora das normas convencionais, lançando luz sobre as lutas comuns enfrentadas pelos oprimidos. O álbum The First Flower resume o trabalho performático homônimo de Ismaili, investigando os temas da sobrevivência e do florescimento por meio da transformação e narra a história da primeira flor na Terra, incorporando a sexualidade fluida. O disco investiga padrões de beleza, disforia de gênero e a mercantilização da natureza e realidades queer por meio de uma fusão de hiper-pop e glam. 

Reddy Allor e Diego Martins – “Laço”

Diego Martins é o novo namoradinhe do Brasil com o sucesso do personagem gay Kevin, da novela global Terra e Paixão, que levava uns “apertão”. Ele lançou, com a drag queen Reddy Allor, videoclipe de pocnejo leve e bem humorado para “Laço”, inspirado nos filmes de faroeste e gravado na cidade de Olímpia, em São Paulo. 

Com elementos de pop, piseiro, sanfona e country, o clipe da canção mostra as duas drags queens sendo capturadas por “capangas do agro”. “Trazer essa trama de dois gays que foram capturados por pessoas conservadoras, e que usam a arte drag queen para conseguir escapar é uma metáfora direta a tudo que a gente sempre enfrentou sendo LGBTQIAP+“, comenta Reddy. Os dois se conheceram no reality show Queen Stars Brasil, da HBO Max.

Dandarona – “Bate so much”

Travesti recifense radicada no Rio Grande do Norte, Dandarona fez sua estreia na produção musical em grande estilo, em janeiro, com “Bate so much”, lançamento da gravadora Disconexa. A faixa incorpora elementos característicos do eletro a um sample vocal que repete a frase “rock the house”. A música reflete sonoramente o que Dandarona leva para as pistas em suas performances ao vivo como DJ.

O visual da capa tem estética cyber-futurista e paleta de cores metalizada, com figurino produzido pela artista Baby Xis. Dandara Luz atua nas pistas há seis anos e sua pesquisa vem ganhando destaque no cenário da música eletrônica, com influências da house music, techno, break beat, jersey club e funk. Ela também assume a produção do selo Atrack, fomentando a cena de música eletrônica entre as cidades de Recife e Natal. A mixagem e a masterização da faixa são da craque Malka.

Moreira e a redação também estão ouvindo:


*Fabiano Moreira é jornalista desde 1997 e já passou pelas redações de O GloboTribuna de MinasMix BrasilRG e Baixo Centro, além de ter produzido a festa Bootie Rio. Atualmente, é colunista da Sexta Sei.

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