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Os melhores lançamentos musicais LGBTQIA+ de março

Lançamentos musicais LGBTQIA+ de março (Foto: Híbrida)

Lançamentos musicais LGBTQIA+ de março (Foto: Híbrida)

Na coluna de março com os principais lançamentos musicais de artistas nacionais e internacionais LGBTQIA+, Fabiano Moreira* comenta uma leva de novidades que inclui os álbuns de Deize Tigrona, Ariana Grande, Shakira, Caio Prado e Leo Cavalcanti; o EP das Irmãs de Pau; e os singles quentinhos de Zerzil, Pabllo Vittar, Gabo Maré e A Travestis com Lia Mersi.

Abaixo, confira a seleção. E não deixe de seguir a nossa playlist para não perder os próximos lançamentos.

Leo Cavalcanti – “Canções em Chamas”

Na coluna de janeiro de 2023, eu falei do single “Noite quente”, do paulistano radicado em Salvador Leo Cavalcanti, que acaba de lançar o álbum Canções em chamas, o primeiro de sua era baiana. Bati um papo com ele para a Sexta Sei aqui.

Meu desejo de expressar minha sexualidade de forma mais aberta e ampla que em meus trabalhos anteriores se manifestou naturalmente nas novas canções. Não à toa, ‘Canções em chamas’ é o disco mais erótico que já fiz. Assim como também é o mais político, pois esse tema permeou especialmente minha vida. As chamas aqui são eróticas, políticas e, inevitavelmente, queimam com as angústias de nossos tempos”, diz o artista. O trabalho conta com participações de Hiran, na militante “Amor no Front”, Caetano Veloso e Josyara. Chique.

Caio Prado – “Caio em Ti”

Caio Prado, o mais perto que se pode chegar da voz de Deus, lançou seu terceiro álbum, Caio em Ti, primeiro pela gravadora Deck. O álbum traz um Caio mais solar, mais pop,  abrindo espaço para falar de temas como amor, sexo, praia, futebol e outros assuntos  de seu universo. Caio ficou conhecido por suas músicas de luta, como o “hino” LGBTIQA+  “Não Recomendado” – gravado por Elza Soares – e “Não Sou teu Negro”, interpretada ao lado de Alcione. O álbum resgata a carioquice latente do artista, isso tudo refletido nos elementos de uma nova música popular brasileira que ressurge flertando com vários estilos musicais, como a MPB funk, na definição do produtor musical Umberto Tavares, que trabalhava com Elza. O álbum investiga uma essência perdida em Realengo, bairro de Caio, onde o artista cresceu cria do funk e pagode, o que é celebrado no clipe de “Vai Rezando”. O trabalho ainda brinca com R&B, em “Sem demandas”, e afrobeat. Ao invés de um álbum 100% autoral, como os dois últimos, Caio escreveu as músicas com vários parceiros, como Doralyce, Luthuly, Umberto Tavares, Jefferson Junior, Tiago Silva e a dupla Marcelo Delamare e Theo Zagrae. A capa do álbum, icônica, é inspirada na imagem clássica de São Sebastião, Oxossi nas religiões de matrizes africanas, padroeiro do Rio de Janeiro.

“Uma das ideias é mostrar quem é esse caçador, esse lutador que enfrenta a selva na cidade e quais são as flechas que atravessam seu corpo. As figuras religiosas foram embranquecidas diante do sincretismo, mas, com certeza, essas flechas atravessam os corpos pretos, pela luta diária no cotidiano, enfrentamento do racismo e da desigualdade social”, comenta Caio.

Deize Tigrona – “Não tem Rolê Tranquilo”

Deize Tigrona está mais viva do que nunca e quer continuar fazendo entregas de artes visuais, poesia e música agora que abandonou o trabalho como gari e lançou seu terceiro álbum. Bati um papo com ela aqui, pra Sexta Sei, para falarmos sobre esse trabalho, o Não tem rolê tranquilo, no qual aparece cercada de produtoras mulheres, como Larinhx e Iasmin Turbninha, por BADSISTA, que se identifca como pessoa não-binária, e em delicioso encontro com os goianos do Boogarins e também com os holandeses do KD Soundsystem. As faixas mais românticas do álbum foram “para as mãos e para os dedos de Larinhx”, que é, para Deize, sua “piranha monogâmica”, romântica, produtora de “Massagem”, que encerra o volume e entrega que Deize está apaixonada.

Ariana Grande – Eternal Sunshine”

Ariana Grande é dona de uma das maiores vozes do pop, e sua música ultra romântica agrada em cheio à sua base de fãs. Ela apresentou ao público seu mais recente trabalho musical, seu sétimo álbum, Eternal Sunshine. Poucos dias depois, presenteou os fãs com a versão deluxe do disco, Slighthly Deluxe, que conta com quatro faixas adicionais e participações de Troye Sivan e Mariah Carey. O segundo single, “We Cant Be Friends (Wait For Your Love)”, traz indícios da separação com o ex-marido, Dalton Gomez. Nas letras, a artista fala sobre um antigo relacionamento que não deu certo e expõe o sentimento de estar se entregando mais à relação que o parceiro. O clipe está repleto de referências ao filme que inspirou o álbum, Brilho eterno de uma mente sem lembranças (2004), como o procedimento cirúrgico feito para esquecer um relacionamento. O álbum traz o single de sucesso “yes, and?”, que estreou em primeiro lugar na parada Billboard Hot 100.

Shakira – Las mujeres ya no lloran

Sete anos depois de El Dorado (2017), a cantora e compositora colombiana Shakira lançou o álbum Las mujeres ya no lloran, no qual processa o divórcio do jogador espanhol Gerard Piqué, mostrando que “as mulheres já não choram” e que o tempo não passou pra gata. Esse é seu décimo segundo álbum de estúdio. Entre as faixas inéditas, ganharam clipes a canção pop “Puntería”, com centauros e Cardi B, e “Entre Paréntesis”, com o Grupo Frontera. Algumas faixas já são conhecidas das paradas de sucesso, como os hits: “Te Felicito”, com Rauw Alejandro; “Monotonía”, com Ozuna; “Music Sessions Vol. 53”, com Bizarrap; “TQG”, com Karol G; “Acróstico”, com os filhos Milan e Sasha; “Copa Vacía”, com Manuel Turizo; e “El Jefe”, com Fuerza Regida. Ela está mais em forma do que nunca.

Irmãs de Pau – Gambiarra Chic

Não é segredo pra ninguém que eu sou fã para caraleos das Irmãs de Pau, dupla formada por Isma Almeida e Vita Pereira que sextou aqui lindamente, em novembro de 2021, falando sobre o álbum de estreia, Dotadas. Pois elas acabam de lançar a primeira parte do segundo álbum, Gambiarra Chic, com duas faixas já conhecidas do público, “Cussy” (2023) e “Shambaralai Remix Cyberkills” (2024), e cinco canções inéditas, com produção musical de grandes nomes da cena musical eletrônica, como Brunoso, MU540, Cyberkills, DJ Dayeh e Clementaum, além das participações especiais da Pepita, Mc Luanna, Aurora Abloh e Salvie da Bawdy (EUA). As artistas ecoam suas novas conquistas dentro e fora dos palcos, apresentando uma nova perspectiva de prosperidade para o funk ostentação. As gambiarras inventivas das Irmãs de Pau são as tecnologias, os mecanismos e novas soluções que as artistas criaram para a manutenção e sucesso de suas  próprias carreiras. E no álbum, depois de viajarem fazendo shows pelo Brasil todo, elas estão ostentando prosperidade no país que mais mata travestis, servindo dança, alto astral, trap, rap, reggaeton e funk. Adorei “Brasileirinhas Cunty”, serino Femme queen. Elas têm pau e talento de sobra.

Zerzil – Pink Sampa

Depois de um surto que o fez cometer uma era queerneja (nada contra o estilo, todos sabem que amo Gabeu, Alice Marcone e Bemti), o mineiro radicado em São Paulo Zerzil, do selo Peneira Musical, volta em nova era, de saia e tanga, com uma espirituosa versão queer de “Sampa”, de Caetano Veloso, a “Pink Sampa”. A faixa é a primeira da nova era “Viadagem”, que acontece após a sua “Transversão”. O projeto consiste na realização de versões de músicas que marcaram as últimas gerações. O que acontecia no coração entre a “Ipiranga e a Avenida São João”, agora se perde “entre a Augusta e a Consolação”.

“Eu queria deixar registrado o que é ser viade em São Paulo no ano 2024, o ano da viadagem”, conta o artista, que cita, na letra, festas LGBTQIA+ undergrounds como a Mamba Negra, festas de sexo, como Dando e Kevin, clubes de sexo e saunas, como Chilli e Dédalos, e artistas da nossa comunidade, como Gloria Groove, Liniker, Linn da Quebrada, Jup do Bairro, Irmãs de Pau, Rico Dalasan e Monna Brutal. Acompanho Zerzil desde o lançamento de ZZ (2017), que divulguei para a imprensa, e achei que ele deu o nome nesse projeto novo. Que voe alto. Talento pra isso, ele tem de sobra.

Pabllo Vittar – “Ai Ai Ai Mega Príncipe”

Depois da versão de Roxette em “Pede pra ficar”, que passou por aqui na última playlist, Pabllo Vittar lançou o segundo single de Batidão Tropical Vol.2, que já está em pré-save. “Ai Ai Ai Mega Príncipe” traz o tecnomelody e exalta o Pará com a regravação da Banda Batidão, na fórmula de sucesso de misturar ritmos do Norte e do Nordeste ao pop. A Banda Batidão é uma das minhas grandes referências e ter essa música no batidão me deixa extremamente feliz”, comenta Pabllo Vittar.

Gabo Maré – “Meus Inimigos”

Como gosta de dizer meu amigo Marquito, o clipe de “Meus Inimigos”, de Gabo Maré, capricha na “trama de intrigas” em um clipe que fala sobre facetas humanas consideradas tóxicas, como raiva, ciúmes e medo, com muitas máscaras illuminati e assombrações que terminam virando amigas pra ilustrar. A inspiração veio no período angustiante da pandemia. A faixa intitula e antecipa o álbum de estreia do artista. A sonoridade, de música experimental, é uma fusão de elementos, com pegada psicodélica e uso criativo de timbres digitais e eletrônicos em instrumentos de base como bateria, baixo e sintetizadores. “Não adianta fingirmos que está tudo bem e reprimimos nossos sentimentos. Uma hora eles aparecem e todos fazem parte de você. Acolher essas diferentes emoções é acolher a si mesmo”, analisa.

A Travestis e Lia Mersi – “ErreXota”

Não é segredo pro leitor aqui que eu sou fã de Tertuliana, A Travestis, artista atuante em Salvador que acaba de lançar single com a mulher trans carioca Lia Mersi. “ErreXota” mostra duas mulheres trans: uma que deseja fazer a redesignação sexual, no caso, Tertuliana, que está lutando na Justiça pela cirurgia contra seu plano de saúde; e outra que não quer. “As mariconas querem neca”, argumenta, na letra. O feat é o primeiro de uma dupla de músicas gravadas por elas. “O clipe traz um tamborzão raiz de funk carioca, e brinca com cota, xota errada, erro do sistema”, me conta Tertuliana, por áudio de Whatsapp.

Moreira e a redação também estão ouvindo:


*Fabiano Moreira é jornalista desde 1997 e já passou pelas redações de O GloboTribuna de MinasMix BrasilRG e Baixo Centro, além de ter produzido a festa Bootie Rio. Atualmente, é colunista da Sexta Sei.

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