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Saúde

Os impactos da rejeição familiar na saúde mental de pessoas LGBTQIA+

Os impactos da rejeição familiar na saúde mental de pessoas LGBTQIA+

A relação familiar tem um papel fundamental no desenvolvimento emocional e psicológico de qualquer indivíduo, para o bem ou para o mal. No caso da saúde mental de pessoas LGBTQIA+, esse ambiente pode ser um fator de risco significativo quando permeado por rejeição, hostilidade ou mesmo violências física e verbal. Estudos recentes demonstram que experiências familiares negativas estão diretamente ligadas ao surgimento de padrões de vício, transtornos mentais e dificuldades nos relacionamentos interpessoais durante a vida adulta.

A rejeição familiar é uma das experiências mais danosas para jovens LGBTQIA+, como mostrou um estudo recente. Quando enfrentam rejeição familiar devido à sua orientação sexual ou identidade de gênero, os jovens da nossa comunidade têm oito vezes mais chances de desenvolverem comportamentos suicidas e três vezes mais chances de apresentarem depressão severa.

Esse ambiente hostil leva ao desenvolvimento de sentimentos de culpa e vergonha internalizada, que podem persistir por toda a vida, influenciando negativamente o bem-estar emocional e a autoimagem do indivíduo LGBTQIA+, podendo acarretar inclusive problemas interpessoais, como dificuldades em relacionamentos amorosos e dependência emocional.

Nesses casos, a internalização da rejeição e a baixa autoestima podem levar a dificuldades em estabelecer e manter relações saudáveis. Muitos indivíduos LGBTQIA+ desenvolvem a crença de que não são dignos de amor e aceitação, reproduzindo na vida adulta padrões de apego ansioso ou evitativo. Esses padrões dificultam a construção de vínculos seguros, resultando em relacionamentos instáveis e em ciclos de abandono e reconciliação.

Além disso, a exposição contínua a ambientes familiares de rejeição pode contribuir também para o desenvolvimento de alguns padrões de vício. Quando a pessoa LGBTQIA+ se vê desamparada e sem um espaço seguro, muitas vezes busca em substâncias como álcool e drogas uma forma de escape. Esse comportamento autodestrutivo é, em muitos casos, uma tentativa de lidar com a dor emocional e o sentimento de inadequação que muitas vezes começou ainda na infância.

Os transtornos de ansiedade e estresse pós-traumático (TEPT) também são frequentes entre aqueles que enfrentaram algum tipo de rejeição ou violência familiar. O estado de constante vigilância e o medo de serem descobertos, combinados com a falta de apoio, podem resultar em uma hiperativação da resposta ao estresse. Essas condições não tratadas frequentemente se manifestam como dificuldades de concentração, irritabilidade e problemas de sono, impactando a qualidade de vida e a funcionalidade social.

Setembro Amarelo: população LGBTQIA+ tem transtornos de saúde mental específicos causados pelo preconceito ao longo da vida
Setembro Amarelo: população LGBTQIA+ tem transtornos de saúde mental específicos causados pelo preconceito ao longo da vida

Saúde mental x vida profissional de pessoas LGBTQIA+

Outro aspecto importante é o impacto na vida profissional e nas interações sociais em geral. A falta de apoio e aceitação da própria família pode resultar em um sentimento crônico de inadequação e medo de exposição, na insegurança em se posicionar e manifestar suas opiniões e interesses, o que influencia negativamente a performance no trabalho e a habilidade de criar redes de apoio fora do ambiente familiar.

Pessoas que cresceram em ambientes familiares disfuncionais também podem ter dificuldades de confiar em colegas e superiores, temendo discriminação ou retaliação caso sua orientação sexual ou identidade de gênero sejam reveladas. Elas também podem acreditar que ser uma pessoa abertamente LGBTQIA+ no ambiente de trabalho vai resultar em uma posição de desvalorização profissional.

As consequências de relações familiares danosas para a população LGBTQIA+ são profundas e multifacetadas, impactando desde a saúde mental até o desenvolvimento de comportamentos de risco e dificuldades nos relacionamentos interpessoais. É fundamental que profissionais de saúde mental estejam atentos a essas nuances, oferecendo um ambiente terapêutico que não apenas acolha, mas também promova o fortalecimento emocional e a ressignificação dessas experiências adversas e específicas à nossa comunidade.

Nota do editor: em homenagem ao Setembro Amarelo, mês dedicado às campanhas de prevenção do suicídio, a Híbrida se uniu à Dra. Anlles Viana para abordar as particularidades dos transtornos e tratamentos de saúde mental para pessoas LGBTQIA+.

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