Revista Híbrida
Saúde

OMS declara novo surto de Mpox como “emergência global de saúde”

Nova cepa da mpox é mais letal, segundo a OMS (Foto: Shutterstock)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira (14) uma emergência sanitária global devido ao vírus mpox. Esta é a primeira vez que a entidade emite um alerta desse nível desde a pandemia da covid-19. Em dois anos, Mpox já teve quase 100 mil casos confirmados no mundo todo, mas a doença voltou a avançar significativamente nos últimos meses.

“Na semana passada, eu anunciei que estava convocando um Comitê de Emergência sob o Regulamento Sanitário Internacional para avaliar o aumento da Mpox na República Democrática do Congo e em outros países da África”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. “Hoje, o Comitê de Emergência se reuniu e me informou que a situação constitui uma emergência de saúde pública de preocupação internacional. Eu aceitei esse conselho.”

Só em 2024, a Mpox já afetou cerca de 14 mil pessoas e causou mais de 500 mortes. O epicentro do surto é a República Democrática do Congo, país da África Central com 100 milhões de habitantes e que tem 96% dos casos confirmados em junho. A nova cepa da Mpox foi incialmente registrada entre maio e junho na África do Sul, onde a maioria dos 20 casos notificados foi entre “homens que fazem sexo com homens”.

A OMS acredita, no entanto, que existe uma “transmissão contínua da Mpox em todo o mundo” e, apesar de ter identificado 1000 casos apenas em junho, os números devem ser muito maiores devido à subnotificação. Desde 2022, o Brasil é o segundo país do mundo com mais casos da doença, atrás apenas dos Estados Unidos.

Tedros Adhanom anunciou a mpox como emergência global nesta quarta-feira (14) (Foto: OMS)
Tedros Adhanom anunciou a mpox como emergência global nesta quarta-feira (14) (Foto: OMS)

Segundo a OMS, a nova cepa da Mpox é mais letal e tem causado mais mortes e internações do que a primeira, de 2022. A entidade também alertou, novamente, que o risco para homens gays, bissexuais, transexuais, “pessoas de gênero diverso” e outros homens que se relacionam com homens é maior do que na população geral.

A mpox é o nome atualizado da antiga “varíola dos macacos”, que também foi chamada momentaneamente de monkeypox. Ela pode ser transmitida através da saliva, de gotículas respiratórias ou das lesões de pele. Os sintomas são percebidos entre 5 a 21 dias após a infecção, e começam com febre, dor de cabeça, na garganta e nas costas, até que surgem as primeiras lesões de pele, que podem ser apenas uma ou várias, parecidas com a catapora.

Fora isso, existem também as variações. Algumas pessoas têm lesão de pele, mas não têm febre. Outras têm febre, mas não tem gânglio aumentado. E há também quem manifeste apenas uma lesão específica.

Até o momento, o Brasil não tem doses de vacina disponíveis. No início deste mês, a OMS emitiu um comunicado pedindo que os fabricantes do imunizante submetam em caráter emergencial suas vacinas para análise da entidade.

Como se transmite a mpox? Ela é sexualmente transmissível?

A varíola dos macacos é transmitida por contato próximo com o vírus. Isso pode acontecer através da saliva, de gotículas respiratórias ou das lesões de pele. Então, não dá pra chamar de “sexualmente transmissível” porque mesmo que a pessoa não tenha uma relação sexual, ela pode dormir abraçada ou beijar alguém infectado e pegar.

Quais os primeiros sintomas da mpox?

Existe o quadro clínico típico: de 5 a 21 dias depois que alguém se infecta com o vírus, a pessoa começa a ter febre, dor de cabeça, na garganta e nas costas, o que são sintomas bem específicos e podem confundir com uma gripe ou com a covid. Depois de alguns dias, começam a aparecer lesões de pele, que podem ser apenas uma ou várias, parecidas com a catapora.

Fora isso, existem também as variações. Algumas pessoas têm lesão de pele, mas não têm febre. Outras têm febre, mas não tem gânglio aumentado. E há também quem manifeste apenas uma lesão específica.

Se estiver doente e não sabe o que é, mesmo que esteja com o teste de antígeno da covid negativo, não deve ir para festas, aglomerações ou dates, porque pode ser a monkeypox.

A mpox tem cura? Como é o tratamento?

Na enorme maioria das vezes, a varíola dos macacos tem uma evolução benigna e a pessoa melhora sozinha dentro de alguns dias ou semanas. As lesões cicatrizam e ela está curada. Quando alguém está com monkeypox, os remédios que passamos são sintomáticos para tratar a febre, a dor de cabeça ou nas lesões, como antitérmicos e analgésicos. Apesar de existirem, não usamos nenhum antiviral para tratar o monkeypox. É a imunidade da pessoa que vai resolver a infecção.

Onde devo buscar ajuda se apresentar sintomas de mpox?

Procure um profissional da saúde na UBS, em um serviço especializado de ISTs próximo da sua casa, ou mesmo de um médico que não seja do sistema público, mas de sua confiança. Esses profissionais podem te orientar e fazer o exame confirmatório, assim como a notificação do caso suspeito às autoridades.

Por quanto tempo devo me isolar se estiver com mpox?

O principal período de transmissibilidade do monkeypox acontece depois do início dos sintomas. A partir daí, a pessoa deve se isolar e evitar contato próximo com pessoas. É importante usar máscaras, ficar em casa e não compartilhar toalhas ou lençol que também transmitem a doença.

A pessoa continua transmitindo enquanto tiver lesões de pele ou feridas abertas, que não têm ainda a “casquinha” ou entraram em fase de crosta. Isso varia de pessoa para pessoa, pode ir de uma a três semanas. Depois que não tiver febre, as lesões não aparecerem mais e as que já existem estiverem “em crosta”, aí pode sair do isolamento.

Tomo PrEP e estou com mpox. Devo parar de tomar a PrEP?

Não. Não tem nada a ver com a PrEP, que é apenas uma variável de confusão. Quem usa PrEP, geralmente é quem tem exposição sexual, que é um contato próximo capaz de transmitir o monkeypox. A PrEP geralmente é tomada para proteger do contágio do HIV, então não pare de tomar.

 

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