Pessoas trans que optam por fazer a mastectomia para afirmação de gênero não se arrependem, segundo um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Michigan e publicado no último dia 8. A equipe entrevistou um grupo de 139 pacientes que fizeram a cirurgia e, dois anos depois, nenhum deles quis reverter o procedimento.
O tempo desde que os voluntários do estudo fizeram a cirurgia variava de dois anos, no mínimo, a mais de 23 anos. Todos eles, entretanto, classificaram que o nível de satisfação com o procedimento era de cinco em uma escala de cinco. Ainda segundo o estudo, que foi publicado no periódico científico JAMA Surgery, os resultados podem ser usados para “informar pacientes que estão considerando o procedimento e legisladores que regulam essas operações”.
Os voluntários que participaram da pesquisa tinham uma idade média de 26 a 27 anos quando decidiram fazer a mastectomia e se identificavam como transexuais ou não-binários registrados como mulheres no nascimento.
“Observamos baixos níveis de arrependimento decisório a longo prazo e alta satisfação com a decisão usando instrumentos validados disponíveis. Não houve indivíduos submetidos a procedimentos de reversão”, diz o estudo.
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A equipe alerta, entretanto, que a pesquisa foi feita com pacientes de um único centro médico dos Estados Unidos e que, para saber a abrangência desses dados, seria necessário aumentar o escopo geográfico dos pacientes.
Uma revisão dos dados concluiu depois que a taxa geral de arrependimento era de aproximadamente 1%, tão baixa que não permitia sequer uma análise mais complexa das estatísticas sobre insatisfação com o procedimento.
“Embora seja necessário um trabalho prospectivo e multicêntrico, estes resultados são consistentes com estudos anteriores e afirmam os níveis esmagadoramente baixos de arrependimento após a cirurgia de afirmação de género”, concluem.
Como a Híbrida contou, os Estados Unidos têm sofrido com uma onda de leis anti-LGBTQIA+ propostas nas regiões mais conservadoras do país. Segundo a União Americana pelas Liberdades Civis, pelo menos 492 projetos de lei desse tipo foram propostos no último ano, dentre os quais 130 estão relacionados ao acesso de pessoas trans à saúde, principalmente proibindo as cirurgias de afirmação de gênero.
Leia o estudo completo aqui.