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TEATRO

Verónica Valenttino é a 1ª atriz trans a vencer o Prêmio Shell de Teatro

Verónica Valenttino vence prêmio de Melhor Atriz no Prêmio Shell de Teatro por "Brenda Lee e o Palácio das Princesas" [Foto: Divulgação]

Verónica Valenttino vence prêmio de Melhor Atriz no Prêmio Shell de Teatro por "Brenda Lee e o Palácio das Princesas" [Foto: Divulgação]

Na noite desta terça-feira (21), o Teatro Riachuelo, no centro do Rio de Janeiro, recebeu a 33ª edição do Prêmio Shell de Teatro, tradicional premiação que, neste ano, prestigiou os melhores espetáculos do eixo Rio/São Paulo ocorridos antes (1º de janeiro e 31 de março de 2020) e após (1º de abril a 31 de dezembro de 2022) o período da pandemia. Apresentado por Marisa Orth e Verônica Bonfim, o evento celebrou a diversidade e contou com homenagens às atrizes Léa Garcia e Teuda Bara.

Verónica Valenttino, que protagonizou o musical Brenda Lee e o Palácio das Princesas, inspirado na história da ativista que, em 1984, criou o abrigo de acolhimento à pessoas soropositivas na capital paulista, se tornou a primeira mulher trans na história da premiação a vencer a categoria de Melhor Atriz na Seleção do Júri de São Paulo.


“É possível. A todas as nossas travestis, às travestis que hoje estão lá em Fortaleza, na minha terra, hoje podem perceber que sim, podem sonhar e não precisam ser putas – não que seja um problema ser puta, mas é porque não vão prostituir os nossos corpos, nem a nossa melhor porção, que é a nossa arte. Então, se quisermos estar aqui e vivermos de arte, podemos sim!”, celebrou Veronica ao receber o prêmio.

Em setembro do ano passado, ela também levou para a casa o troféu de Revelação em Musicais no Prêmio Bibi Ferreira, competição que valoriza os destaques na cena do teatro musical nacional, pelo mesmo papel como Brenda Lee.

Na história do espetáculo, acompanhamos a trajetória de Brenda como o “anjo da guarda de travestis” que ajudou a acolher e cuidar das pessoas infectadas pelo HIV, incluindo homossexuais que eram expulsos de casa e não conseguiam tratamento pelo SUS. Fernanda Maia assinou a dramaturgia, letras, direção musical e produção ao lado de Rafa Miranda, responsável pelas músicas e pela trilha original.

Além de Verónica, Marina Mathey (Cinthia Minelli), Ambrosia (Isabelle Labete), Tyller Antunes (Ariella del Mare), Olivia Lopes (Raíssa), June Weymar (Blanche de Niège) e Fábio Redkowicz integraram o elenco sob direção geral de Zé Henrique de Paula.

É um projeto que fala de representatividade trans, mas também de proporcionalidade trans – que é importantíssimo de estarmos discutindo hoje, porque não basta somente uma. É preciso […] que a gente consiga cada vez mais estar nos lugares, ocupando esses espaços com nossos corpos, nossa arte, nossa música, nosso teatro”, revelou a atriz em entrevista à Antena Híbrida.

Abaixo, confira a lista completa de vencedores da premiação:

SELEÇÃO RIO DE JANEIRO

Dramaturgia: Marcio Abreu e Nadja Naira por Sem Palavras

Direção: Renata Tavares por Nem Todo Filho Vinga

Ator: Cridemar Aquino por Joãosinho e Laíla: Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia

Atriz: Vera Holtz por Ficções

Cenário: André Curti e Artur Luanda Ribeiro por Enquanto Você Voava, Eu Criava Raízes

Figurino: Wanderley Gomes por Vozes Negras: A Força do Canto Feminino

Iluminação: Alexandre O. Gomes por A Jornada de um Herói

Música: Itamar Assiere por Morte e Vida Severina

Energia quer vem da gente: Cia de Mystérios e Novidades

SELEÇÃO SÃO PAULO

Dramaturgia: Dione Carlos por Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos

Direção: Ruy Cortez e Marina Nogaeva Tenório por A Semente da Romã e As Três Irmãs

Ator: Clayton Nascimento por Macacos

Atriz: Verónica Valenttino por Brenda Lee e o Palácio das Princesas

Cenário: Bira Nogueira por Meu Reino por um Cavalo

Figurino: João Pimenta por F.E.T.O (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada)

Iluminação: Cesar Pivetti por Brilho Eterno

Música: Alisson Amador, Amanda Abá, Denise Oliveira e Jennifer Cardoso por Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos

Energia que vem da gente: Coletivo 302

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