Desde que Elon Musk, famoso diretor-presidente da Tesla, adquiriu o Twitter pela bagatela de US$ 44 bilhões (aproximadamente R$ 221 bilhões) sua nova administração tem repercutido negativamente entre os usuários da plataforma. Ao assumir a rede social, mais da metade de seus funcionários foram demitidos – uma decisão que depois foi gradualmente revertida – e as declarações polêmicas por parte de Musk sobre as diretrizes de segurança e “defesa da liberdade de expressão” não têm ajudado, com muitas organizações apontando que isso pode significar, na prática, um caminho aberto para os discursos de ódio, inclusive transfobia.
De acordo com reportagem da Bloomberg, o bilionário pretende rever a política de “banimento eterno” de usuários que tenham publicados posts ofensivos ou de incitação à violência, alegando que a moderação na plataforma é “exagerada”. Em enquete, Musk chegou a questionar se os anunciantes deveriam prezar pela “liberdade de expressão” ou pelo “politicamente correto” no Twitter.
O problema é que a alegada “liberdade de expressão” defendida há anos pelo empresário acaba minando comunidades marginalizadas, já que, sob tal discurso, ataques e ofensas LGBTfóbicos poderão ser tolerados pelo argumento de “opinião”.
A luta em tornar o Twitter um espaço mais seguro não e novidade. A rede é conhecida por ter dificuldades em banir ou limitar postagens infundadas em desinformação e discursos de ódio. A própria Gay & Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD), organização de monitoramento das representações LGBTI+ na mídia, divulgou um comunicado na última semana afirmando que teme pelo novo controle da plataforma por conta do histórico problemático de Musk.
“Apesar de alegar que queria comprar o Twitter para ‘ajudar a humanidade’, Elon Musk tem um histórico de postar e defender conteúdos anti-LGBTQ nocivos, assim como conteúdos que prejudicam outras comunidades marginalizadas. A GLAAD continua profundamente preocupada com a segurança das pessoas LGBTQ no Twitter e nos juntamos a outras organizações que estão questionando agora as futuras políticas e ações do Twitter contra conteúdo extremista”, escreveram.
No começo deste ano, quando o Wall Street Journal noticiou que o bilionário entrava com ações para adquirir a rede social, Musk entrou em contato com o CEO da plataforma para readmitir a página satírica Babylon Bee, suspensa temporariamente após chamar uma mulher trans do governo Joe Biden de “Homem do Ano”.
A própria filha de Musk, Vivian Jenna Wilson, também transgênero, admitiu que cortou relações com o pai após diversos comentários depreciativos sobre o uso de pronomes. “Eu não mais vivo ou desejo ter contato com meu pai biológico, de qualquer jeito, forma ou maneira”, anunciou publicamente este ano.
Em protesto à nova administração do Twitter, algumas celebridades chegaram a desativar suas contas na plataforma, como Shonda Rhimes, Sara Bareilles, Whoopi Goldberg, Toni Braxton e Gigi Hadid. “Eu não consigo dizer que é um espaço seguro para ninguém, nem que é uma plataforma que fará mais bem do que mal”, escreveu Hadid em seu Instagram.