A G. R. E. S. Unidos do Viradouro anunciou na última quarta-feira (1º) que afastou os seguranças da agremiação envolvidos em um episódio de transfobia na véspera. Durante os ensaios da escola de samba para o carnaval 2023, Milena Ravache, uma mulher trans, foi publicamente constrangida e impedida de usar o banheiro feminino.
Durante o episódio, Milena e seus amigos reclamaram do tratamento dado pelos seguranças e acabaram expulsos da quadra da Viradouro, em Niterói. Um vídeo divulgado por Eduardo Mello, que acompanhava a amiga, viralizou nas redes e mostra o momento em que ela confrontava a equipe por negar seu acesso ao banheiro.
https://twitter.com/maktubeMa/status/1620841637651054593
Em nota oficial divulgada nas suas redes sociais, a Viradouro disse que o episódio era um “caso inadmissível”: “Reiteramos que nossa quadra é um espaço de acolhimento, de alegria e de respeito à diversidade. Atitude como a de ontem não expressa o espírito da nossa diretoria e tão pouco da nossa comunidade”.
Como parte das medidas que a Viradouro informou, mais cedo, que adotaria em relação ao episódio ocorrido na quadra da escola na noite na última terça-feira, a presidência informa que afastou os seguranças diretamente envolvidos neste caso inadmissível. pic.twitter.com/F45s0Z1GiC
— Unidos do Viradouro (@gresuviradouro) February 2, 2023
Na última quinta-feira (2), Milena participou de uma reunião com representantes da Viradouro, entre eles o presidente Marcelinho Calil, e que contou ainda com a presença da Benny Briolly, travesti vereadora de Niterói.
“Me vi no meio de um furacão, uma situação muito triste e constrangedora. Na minha vida eu sempre lutei para conquistar o meu lugar e ninguém pode tirar isso de mim”, escreveu Milena. “O episódio no ensaio da Viradouro me deixou triste e consternada com a situação. Só quem sente na pele é que sabe e não tem como explicar.”
Milena reforçou ainda que continuará frequentando a quadra da escola de samba “pela qual tem (e segue tendo) muito carinho”.
“A Viradouro é gigante e pessoas que não combinam com a essência da escola não podem ficar impune. Transfobia é crime. E não só isso: ninguém tem o direito de sofrer qualquer tipo de preconceito, seja de cor, gênero ou orientação sexual. Estamos em 2023, precisamos amar mais”, disse.