Híbrida
ARTE & LITERATURA

Filmes queer produzidos durante a ditadura são resgatados para exposição

Mostra "Perequeté: cinema queer nordestino" [Foto: CCBB/Divulgação]

Filmes LGBTQIA+ produzidos durante a ditadura militar no Brasil e restaurados digitalmente em 2022 serão exibidos pela primeira vez na Perequeté: Cinema Queer Nordestino, que começa na próxima quarta-feira (14), no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ).

Os títulos foram produzidos em meados da década de 1980, enquanto o Brasil ainda estava sob a censura do regime militar, por um grupo de estudantes de João Pessoa, a maior parte deles cursando a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Com estética arrojada, narrativas contestadoras e cenas irreverentes, as produções denunciavam o conservadorismo, o preconceito e a opressão que imperavam na sociedade ao exibir beijos ousados entre pessoas do mesmo gênero, figuras transsexuais e travestis relevantes da época, dentre outros.

As obras, advindas do chamado Cinema Guei, foram realizadas por cineastas munidos de câmeras super-8, geralmente emprestadas pela universidade, com olhar criativo e enérgico sobre as questões do mundo e do cotidiano. Bertrand Lira (diretor de Paquetá, título de 1981 que dá nome à mostra), Henrique Magalhães (Era Vermelho Seu Batom, de 1983), Pedro Nunes (Closes, de 1982), Lauro Nascimento (Miserere Nobis, de 1982) e o grupo Nós Também (Baltazar da Lomba, de 1982) são alguns dos nomes participantes do movimento e da exposição.

Mostra "Perequeté: cinema queer nordestino" [Foto: CCBB/Divulgação]
Mostra “Perequeté: cinema queer nordestino” [Foto: CCBB/Divulgação]

Os trabalhos têm caráter independente e experimental, feitos de forma caseira e com duração média de 40 minutos. Eles foram exibidos em mostras de Pernambuco, São Paulo e Belo Horizonte após serem recuperados pela Iniciativa de Digitalização de Filmes Brasileiros (IDFB), da associação Cinelimite.

O projeto, fundado há 4 anos por William Plotnick, Gustavo Menezes e Eric Barroso, tem recuperado e criado cópias digitais de pérolas até então escondidas do audiovisual brasileiro. Entre 2022 e 2023, eles passaram por Brasília, Goiânia, Recife, João Pessoa, Teresina e São Paulo com a Digitalização Viajante, oferecendo serviço gratuito de restauração de filmes em bitola Super 8 e 8mm, incluindo os que estarão presentes na exposição.

Além desse resgate histórico, “Perequeté: cinema queer nordestino” também vai contar com produções de novos nomes, como Breno Baptista (Monstro; Bando Sagrado e Panteras), Noá Banoba (O mundo sem nós; Terra Ausente; Nebulosa; Travomantra e Lalabis), Leo Tabosa (Tubarão; Baunilha; Marie e Dinho), Alexandre Figueirôa (Eternamente Elza; Kibe Lanches; Piu Piu; Recife, Marrocos e Consuella) e R.B. Lima (De Vez Em Quando, Quando Eu Morro, Eu Choro; Beso Rosado; BOYZIN e Adão, Eva e o Fruto Proibido), representantes do atual cinema queer do Nordeste.

Os trabalhos premiados mundo afora do coletivo Surto & Deslumbramento (Vênus de Nyke; O Nascimento de Helena e Sonhos), considerado uma das iniciativas mais produtivas e renovadoras do recente do audiovisual LGBTQIA+ no Brasil, também estarão presentes.

Mostra “Perequeté: cinema queer nordestino” [Foto: CCBB/Divulgação]

“Perequeté: cinema queer nordestino” estará em exposição até o dia 31 de março (domingo) no CCBB do Rio de Janeiro. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados na bilheteria física ou no site oficial a partir das 9h do dia da sessão.

Abaixo, confira as datas, horários e filmes integrantes da mostra:

18h – A onda de filmes Queer em Super-8 da Paraíba: Perequeté/Baltazar da Lomba/Era Vermelho seu batom/Closes/Miserere Nobis 

Classificação: 18 anos.

Duração: 92 min

18h – Leo Tabosa: Tubarão/Baunilha/Marie/Dinho 

Classificação: 18 anos.

Duração: 77 min

17h – Noá Bonoba: O mundo sem nós/Terra Ausente/Nebulosa/Travomantra/Lalabis 

Classificação: 18 anos.

Duração: 75 min

19h – Surto e deslumbramento: Vênus de Nyke/O Nascimento de Helena/Sonhos 

Classificação: 18 anos.

Duração: 90 min

17h – Breno Baptista: Monstro/Bando Sagrado/Panteras 

Classificação: 18 anos.

Duração: 78 min

18h – Alexandre Figueirôa: Eternamente Elza/Kibe Lanches/Piu Piu/Recife, Marrocos/Consuella 

Classificação: 14 anos.

Duração: 87 min

18h – R.B. Lima: De Vez Em Quando, Quando Eu Morro, Eu Choro/Beso Rosado/BOYZIN/Adão, Eva e o Fruto Proibido 

Classificação: 18 anos.

Duração: 75 min

17h – Leo Tabosa: Tubarão/Baunilha/Marie/Dinho 

Classificação: 18 anos.

Duração: 77 min

19h – A onda de filmes Queer em Super-8 da Paraíba: Perequeté/Baltazar da Lomba/Era Vermelho seu batom/Closes/Miserere Nobis 

Classificação: 18 anos.

Duração: 92 min

17h – Breno Baptista: Monstro/O Bando Sagrado/Panteras 

Classificação: 18 anos.

Duração: 78 min

18h – Noá Banoba: O mundo sem nós/Terra Ausente/Nebulosa/Travomantra/Lalabis 

Classificação: 18 anos.

Duração: 75 min

18h – Alexandre Figueirôa: Eternamente Elza/Kibe Lanches/Piu Piu/Recife, Marrocos/Consuella 

Classificação: 14 anos.

Duração: 87 min

17h – Surto e deslumbramento: Vênus de Nyke/O Nascimento de Helena/Sonhos 

Classificação: 18 anos.

Duração: 90 min

17h – R.B. Lima: De Vez Em Quando, Quando Eu Morro, Eu Choro/Beso Rosado/BOYZIN/Adão, Eva e o Fruto Proibido 

Classificação: 18 anos.

Duração: 75 min

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