Prestes a lançar sua autobiografia Pageboy, o ator Elliot Page, de 36 anos, é capa da última edição da People e falou à publicação sobre os romances que teve em Hollywood e seus anseios quando anunciou publicamente que se identificava como homem trans. Em um trecho do livro ao qual a revista teve acesso, ele também lembra um assédio sexual que sofreu de outro ator, ainda em 2014.
“Você não é gay. Isso não existe. Você só tem medo de homens”, disse o ator, cuja identidade não foi revelada, a Page, acrescentando ainda: “Eu vou transar com você para fazer você perceber que não é gay”.
Anos antes de anunciar publicamente sua transição de gênero, em 2020, Elliot havia declarado que se identificava como uma mulher lésbica. A revelação foi feita em 2014, mesma época em que sofreu o assédio e sete anos depois de ter concorrido ao Oscar de Melhor Atriz por seu desempenho em Juno.
À People, o ator comentou: “Passei por várias versões dessa história ao longo da minha vida. Muitas pessoas que são queer e/ou trans lidam com isso constantemente. Esses momentos que geralmente não falamos sobre ou que supostamente deveríamos ignorar, quando, na verdade, são muito horríveis”.
“Coloquei essa história no livro para destacar a realidade, a merda com a qual lidamos e o que nos é constantemente escancarado, especialmente em ambientes predominantemente cis e heterossexuais”, explicou, completando que não iria revelar o nome do ator de propósito. “Mas ele vai ouvir sobre isso e saber que é ele.”
Romance secreto com Kate Mara
Em outro trecho de Pageboy, Elliot conta que, antes da transição, teve um romance secreto com a atriz Kate Mara (House of Cards). “Foi logo depois que me assumi como lésbica e foi um momento de exploração e também de desgosto.”
Na época, Kate namorava oficialmente o “adorável e talentoso” ator Max Mighella (The Handmaid’s Tale), que teria aprovado a relação com Elliot. “Acho que meu relacionamento – ou como você quiser chamá-lo – com Kate resume muito uma certa dinâmica em que sempre me encontrei, que estava me apaixonando por pessoas que – acho que muitos de nós fazemos isso – não estão totalmente disponíveis”, comenta o ator em sua biografia.
No livro, Kate também admite o romance e declara: “Nunca pensei que poderia estar apaixonada por duas pessoas e agora sei que posso”.
Transição de gênero
Após anunciar sua transição, Elliot chegou a receber ameaças de morte e ataques de transfobia nas redes sociais. Mas à People, o ator afirma que hoje está finalmente feliz consigo mesmo: “Me sinto de uma forma que nunca pensei que pudesse sentir. Isso se manifesta em quão presente e quão relaxado eu fico, e existiram momentos da vida que eu não me senti assim (…) Eu era sempre meio ansioso, fechado. Sentia que a minha pele nunca era minha”.
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Apesar de dizer que se sente feliz quando recebe mensagens de carinho dos fãs ou é parado na rua por jovens trans, Elliot comentou que a realidade da maioria das pessoas como ele não é assim.
“O privilégio que eu tenho não representa a realidade da maioria das vidas trans”, disse. “A realidade é que pessoas transgênero estão desproporcionalmente desempregadas e ficam sem moradia. As mulheres trans e de cor estão sendo assassinadas, as pessoas estão perdendo seus planos de saúde.”
Ao longo do livro, ele ainda fala sobre como o processo de transição influenciou seu trabalho, as amizades que o apoiaram e mais. O lançamento de Pageboy no Brasil está previsto para o próximo dia 6 de junho e será publicado por aqui pela Editora Intrínseca (saiba mais).