As denúncias de homofobia online totalizaram 134.832 casos nos últimos 12 anos, como mostra série histórica divulgada nesta semana pela SaferNet, que coletou dados entre 2006 e 2017. O levantamento feito pela ONG que promove direitos humanos na internet ainda mostra que, no mesmo período, 30.950 páginas foram denunciadas por conterem discurso discriminatório contra LGBTs e 3.818 foram derrubadas pelo mesmo motivo.
Apenas em 2017, a remoção de páginas com conteúdo homofóbico chegou a 104 casos, ultrapassando outros crimes discriminitários como a xenofobia, o neonazismo e a intolerância religiosa, e ficando atrás apenas do racismo e da apologia e incitação aos crimes contra a vida. O ano com maior número de denúncias recebidas foi 2010, quando o aumento de discursos de ódio contra LGBTs chegou a crescer 88%, totalizando 24.267 registros. Confira no gráfico abaixo:
Juliana Cunha, Diretora da SaferNet, explica à Híbrida que para medir a mudança efetiva desse quadro é preciso atentar principalmente para o número de páginas. Ela aponta que, apesar de ter havido uma queda nesse índice desde 2015, isso não significa necessariamente uma diminuição dos crimes: “Uma hipótese é que há uma banalização desse discurso na internet. De modo geral, as pessoas denunciavam e percebiam isso como violação antes. Hoje, nós notamos que alguns usuários curtem e compartilham esse conteúdo, que é muitas vezes usado como plataforma política. Isso acaba impactando a percepção das pessoas sobre o que é discurso de ódio ou não”.
No total cumulativo da série, a SaferNet recebeu 2.061.141 denúncias na hotline. Dessas, 69% foram feitas por mulheres, enquanto o discurso que aparece com maior incidência ao longo dos 12 anos é a apologia e incitação a crimes contra a vida. Ao mesmo tempo, o racismo foi o que registrou maior aumento de remoções na série, sendo responsável por 28% dos casos totais, como mostra o gráfico abaixo:
A SaferNet ainda explica que os discursos de ódio são caracterizados como manifestações que atacam grupos sociais baseadas em raça, etnia, gênero, orientação sexual, religiosa ou origem nacional: “Em geral, as definições são aplicadas a casos concretos e levam em conta várias camadas de regras, como tratados internacionais, a Constituição brasileira, leis nacionais e os termos de uso das plataformas (como Google, Facebook e Twitter)”.
Se você já foi vítima de algum discurso de ódio na internet, denuncie aqui.