A blogueira lésbica e bolsonarista Karol Eller foi exonerada do cargo que ocupava na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) nesta segunda-feira (9). Amiga de Jair Renan Bolsonaro e de toda a família do ex-presidente, ela esteve presente no ataque golpista à Praça dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo (9).
Em suas redes sociais, Karol Eller publicou vídeos em que participava e convocava seguidores ao movimento antidemocrático do domingo. Em uma publicação posterior, ela aparece saindo do Congresso Nacional e falando que “a situação saiu de controle” e “não dá mais pra saber quem é de esquerda e quem é de direita”.
“Em quase todas as minhas lives venho me posicionando de forma clara contra qualquer tipo de manifestação que saia das quatro linhas da Constituição”, escreveu Eller na legenda.
Nesta segunda, a influenciadora foi exonerada do cargo comissionado que ocupava desde 29 de novembro de 2019 na EBC como assessora de nível 1. A decisão foi assinada por Roni Baksys, diretor-geral da empresa. Segundo o último balanço divulgado, Karol Eller recebia um salário de R$ 10.721,79 por uma jornada de 40 horas semanais e estava alocada no Rio de Janeiro.
Veja o documento abaixo:
Segundo Eller, ela estaria sendo perseguida e atacada “por parte da esquerda”, que associou seu nome de forma incorreta ao vandalismo do ato golpista. “Estão a procura de responsáveis, porém cabe a cada um de nós apresentarmos provas, pois contra fatos não há argumentos, de que a intenção era de participarmos de uma manifestação pacífica assim como nos assegura a constituição”, escreveu em suas redes.
Quem é Karol Eller?
Apesar de se declarar publicamente como mulher lésbica, Karol Eller já fez inúmeras publicações criticando o que classifica como “vitimismo” da comunidade LGBTI+. “Não é porque um gay morreu assassinado que é homofobia”, disse a youtuber em um de seus vídeos.
Amiga de Jair Renan, o filho “04” do ex-presidente Jair Bolsonaro, a influenciadora já foi fotografada várias vezes ao lado de algum membro da família Bolsonaro e de ex-ministros do seu governo, como Paulo Guedes e Damares Alves.
“O Presidente Jair Bolsonaro não é homofóbico. Assim como nós, ele também é contra a militância do movimento LGBT que quer pregar ideologia de gênero (sic) sexualização de crianças. Nós também somos contra. Sexualidade não define ninguém, o caráter sim”, escreveu Eller na legenda de um vídeo usado na campanha do ex-presidente, no qual ela aparece.
Em dezembro de 2019, pouco depois de ter sido indicada para o cargo comissionado da EBC, Karol Eller foi vítima de um ataque na Praia da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. À época, inúmeras organizações de defesa e proteção dos direitos LGBTI+ prestaram solidariedade à youtuber, assim como apoiadores do ex-presidente.
Mesmo antes de se envolver com a família Bolsonaro, Eller já havia causado ultraje nas redes sociais por seus ataques à comunidade LGBTI+. Em junho de 2016, entretanto, ela publicou um vídeo em seu canal no qual fazia um “desabafo” sobre a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que havia reconhecido a legalidade do casamento homoafetivo.
“Estou muito indignada com as pessoas que estão julgando isso que a gente lutou tanto para conseguir. Vocês não têm que nos engolir ou concordar, apenas respeitar nosso sentimento. Nós, gays, temos um coração. Nós não somos animais, somos humanos, pessoas civilizadas e temos que aprender a respeitar o próximo. Eu só quero respeito”, disse a blogueira.