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Rosa Weber sobre combate às fake news: “Ainda não descobrimos o milagre”

A presidente do TSE, ministra Rosa Weber, durante entrevista coletiva sobre medidas de combate à disseminação de notícias falsas (fake news) nas redes sociais (foto: José Cruz | Agência Brasil)

Em coletiva de imprensa realizada neste domingo, 21, a presidente do Supremo Tribunal Eleitoral (STE), a ministra Rosa Weber, afirmou que a reportagem do jornal Folha de São Paulo sobre um Caixa 2 de R$ 12 milhões usado pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL) para disseminar fake news, será analisada mediante provocação ao Tribunal e “no tempo da Justiça”, caso haja necessidade. Na ocasião, tanto Weber quanto as demais autoridades, incluindo o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, General Sergio Etchengoyen, afirmaram que “as instituições funcionam normalmente” e que não há nenhuma ameaça ao pleito democrático, apesar das denúncias da impresa naconal e internacional.

“Gostaríamos imensamente que houvesse uma solução pronta e eficaz. De fato, não temos”, disse Rosa Weber durante a coletiva. A ministra, que vem debatendo junto com o TSE as consequências e os possíveis danos colaterais de notícias falsas desde janeiro deste ano, ainda completou dizendo que o tema “não é novidade”,  afirmando: “O que é novidade é a difusão e circulação dessas notícias. Se tiverem uma solução para que se coíbam fake news, por favor, nos apresentem. Nós ainda não descobrimos o milagre”.

De acordo com Etchengoyen, fake news seriam apenas uma das ameaças a um pleito democrático (e a mais leve delas), ainda que ao final de sua fala ele admitisse ser impossível combater o fenômeno através da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Na coletiva, ainda foi defendido que o fenômeno de desinformação pela internet é de escala mundial e que há uma recomendação da ONU desencorajando ações policiais restritivas, por isso a falta de ação do Tribunal e das demais autoridades no combate às notícias falsas.

Ainda durante a coletiva, Rosa Weber esquivou-se de comentar com mais ênfase ou autoridade as consequências do possível crime eleitoral organizado pela campanha de Bolsonaro, afirmando que o foco principal do TSE é combater as notícias falsas que atacam diretamente o processo eleitoral e a funcionalidade das urnas eletrônicas. “A desinformação visando minar a credibilidade da Justiça Eleitoral, a meu juízo, é intolerável e está merecendo a devida resposta. Nossa resposta está se dando tanto na área jurisdicional como também na própria área administrativa”, disse a ministra, citando uma campanha de vídeos institucionais nas redes sociais como uma das táticas usadas pelo tribunal.

TSE organizou coletiva de imprensa neste domingo, 21, para explicar medidas de combte às fake news nas eleições 2018 (Foto: José Cruz | Agência Brasil)
TSE organizou coletiva de imprensa neste domingo, 21, para explicar medidas de combte às fake news nas eleições 2018 (Foto: José Cruz | Agência Brasil)

Apesar desse esforço argumentativo para tratar o assunto como inesperado, novo e fora do alcance das autoridades, diversas organizações, periódicos e autoridades já vêm analisando o problema pelo menos desde as eleições norte-americanas de 2016. Aqui na Revista Híbrida, nós publicamos em nossa primeira edição a matéria “Não é mera coincidência”, na qual descrevemos detalhadamente como funciona o processo de produção, financiamento e disseminação das fake news de direita pela internet

A denúncia de um esquema de Caixa 2 na campanha de Jair Bolsonaro, para financiar o disparo de mensagens anti-PT via Whatsapp, é somente o fim de toda uma cadeia de comunicação profissional. A importância dessa revelação mostra que existe uma organização criminosa por trás desse esquema de comunicação, e a coletiva de imprensa com as autoridades do TSE e demais instituições mostrou pouca motivação em interferir nesse processo. Quando questionados, os órgãos abdicaram de suas responsabilidades em punir crimes eleitorais, transferindo a culpa para os próprios usuários que cederam informações às plataformas, e a quem porventura repasse as fake news.

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