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Drag Race Brasil: 10º episódio tem decisões polêmicas enquanto ataques online aumentam

Bruna Braga, Grag Queen, Dudu Bertholini e Mauro Sousa no palco de "RuPaul's Drag Race Brasil" [Foto: Divulgação]

Bruna Braga, Grag Queen, Dudu Bertholini e Mauro Sousa no palco de "RuPaul's Drag Race Brasil" [Foto: Divulgação]

No 10º episódio de RuPaul’s Drag Race Brasil, com a presença do ator e músico Mauro Sousa na bancada de jurades, o top 4 + 1 (após o merecidíssimo double shantay da semana anterior) participou do Makeover Challenge (Desafio de Transformação) e dividiu a internet com o resultado polêmico das deliberações. Confira abaixo o que achamos.

ATENÇÃO: SPOILERS ADIANTE!

A final está chegando e o top 5 segue cada vez mais próximo. Nem mesmo o climão sentido no untucked do episódio anterior e a posterior não-eliminação foram capazes de abalar a leveza e a descontração do werkroom, que desta vez contou com 5 novos habitantes e a artista Koichi para orientar as participantes no Makeover Challenge de tema inspirado em nosso Carnaval.

Dentre os desafios canônicos de Drag Race, talvez nenhum seja tão polêmico quanto o de maquiagem. Apresentado logo na primeira temporada dos Estados Unidos, ele já colocou em risco o histórico exemplar de participantes icônicas da franquia e alimentou discussões engajadas em torno de resultados considerados, no mínimo, contraditórios.

E é compreensível o motivo: se em desafios como o Snatch Game, Roast e Costura o desempenho é definido exclusivamente pelas performances das queens, no Makeover Challenge a avaliação é ainda mais complicada, já que é necessário trabalhar com outra pessoa, emprestando a ela um pouco de seu DNA e construindo uma boa relação no meio do processo. Portanto, a deliberação do júri é variada e a percepção do público, comumente, segue o mesmo caminho.

Começamos pela vencedora e maior motivo de discussões nas redes sociais, Organzza. Consciente das possíveis limitações, ela procurou apostar na assimetria das cores complementares verde-e-rosa, característica da Escola de Samba Mangueira, para montar a parceira Teene Tê – um ótimo nome de drag, diga-se de passagem, por brincar com a proposta original da participante em questão. Mais que a similaridade visual, o júri a elogiou por ter se divertido ao desfilar com um look menos óbvio e exibido química com sua colega – uma tarefa tão importante no desafio quanto a arte da montação drag.

Para nós, funcionou. Já falamos anteriormente e voltamos a ressaltar que Organzza é, sem sombra de dúvidas, a grande fashion queen da temporada, apostando em visuais inesperados que não fogem à sua personalidade e se inovam a cada semana. É uma pena, portanto, que parte do público seja incapaz de enxergar isso, desmerecendo seu talento ao continuar insistindo na narrativa racista e equivocada de que suas vitórias são “cotas da produção”.

Hellena Malditta e Afrika Veneno também foram elogiadas e, por pouco, não levaram o broche desta semana. Entre o azul e o rosa, prata e dourado,  loiro e preto, as duas pareciam filhas da mesma Casa. Porém, não podemos deixar de notar que Hellena ofuscou sua irmã por desfilar com mais adereços – e concordamos com os jurades de que o look, apesar de bem executado, não era o mais original possível para um tema tão inventivo como o Carnaval.

Votamos, mais uma vez, com os delatores; mas caso Grag Queen, Bruna Braga, Dudu Bertholini e o divertido Mauro Sousa tivessem optado por uma vitória dupla, também não julgaríamos injusta, ao contrário do que já aconteceu em outros momentos da temporada. De qualquer maneira, Organzza, com o broche, e Hellena, sem, garantiram seus lugares na final.

Betina Polaroid homenageou sua Escola de Samba do coração, a Beija-Flor, com um visual bem trabalhado e festivo. Entretanto, ela não proporcionou a mesma polidez para sua irmã Caetana Claquete, que trajou um look preto completamente díspar. Quem sabe, se tivesse apostado no que as duas têm em comum fora da montação – como o fato de serem pessoas que saíram de trás para a frente das câmeras -, Betina poderia ter ganhado maior vantagem com o desafio. Ainda assim, a maquiagem não decepcionou e a carioca também foi salva com uma vaga para a tão concorrida final.

Passadas as 3 primeiras finalistas, chegamos ao bottom, formado por Shannon Skarllet (responsável por Sketch Skarllet) e Miranda Lebrão (com Guxta Lebrão). Apesar de terem nutrido bons momentos com as novas membras da família, ambas pecaram pela falta de coesão e cuidado com a apresentação. Não temos como discordar.

Ao som de “Gueto”, da Iza, elas duelaram entre si no penúltimo lipsync da temporada e o resultado polemizou, para dizer o mínimo. A música fazia mais jus ao estilo enérgico de Shannon, que em outras semanas já mostrou ter talento para dar o melhor de si numa dublagem. Porém, a performance dramática de Miranda, vista pela primeira vez no palco da competição, rendeu-lhea última vaga da final.

Foi merecido?! É difícil dizer. Acreditamos sim que o track record de Lebrão ajudou sua permanência na competição, mesmo que, em teoria, ele não devesse ser utilizado como parâmetro para julgar uma dublagem. Ao mesmo tempo, seria uma lástima vê-la abandonar o programa neste momento, assim como foi duro dar adeus a Shannon, que conquistou o público com seu carisma e bom humor.

De qualquer forma, a decisão – justa ou injusta – do júri não deveria ser direcionada às queens aqui fora, como tem ocorrido com mais frequência do que o aceitável. Algumas das integrantes do elenco têm sido alvo de ataques diretos e personalizados por parte do público, com muitos espectadores perdendo a linha – chegando, inclusive, a uma cena vexatória numa Watch Party do Rio, realizada nesta semana, onde integrantes da plateia hostilizaram Organzza. A arte drag e a existência de um programa deste tipo no Brasil deveriam ser motivos de celebração para a comunidade LGBTQIA+ e não máquinas de ódio gratuito.

Com isso, chegamos ao fim de mais um episódio. Enquanto o público tenta aprender a respeitar as competidoras, resta saber agora quais das quatro finalistas será coroada como a próxima drag superstar do Brasil com o prêmio principal de R$ 150 mil. Antes, porém, ganharemos uma reunion, com o elenco inteiro retornando para botar em panos limpos os dilemas desta edição. Até lá, axé!

RuPaul’s Drag Race Brasil está disponível para streaming no catálogo do Paramount+. No restante da América Latina, a exibição está por conta da WoW Presents Plus. Na televisão, a transmissão está por conta da MTV Brasil, todas as quartas-feiras, às 21h.

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