No episódio desta semana de RuPaul’s Drag Race Brasil, as 10 queens que ainda seguem na disputa pelo prêmio de R$ 150 mil aprenderam que ler é fundamental e enfrentaram o primeiro grande desafio de costura da temporada, com a participação especial de Raphael Dumaresq, ex-The Circle, no júri. Confira o que achamos abaixo.

ATENÇÃO: SPOILERS ADIANTE!

Seguindo a tradição de Paris Is Burning, o mini-challenge desta semana foi ler, ou melhor, gongar as adversárias. Presente em toda a franquia, o “desafio da leitura” já é um clássico do reality e, portanto, muito aguardado por todos os fãs. Tradicionalmente, ele fazia parte do mesmo episódio em que acontecia o Snatch Game (outro momento aguardado), mais para o meio da temporada – algo que faz sentido, já que com menos queens, há mais espaço de tela para cada uma delas e mais intimidade para se atacarem “na amizade”.

Porém, na versão brasileira, o desafio teve uma aparição prematura, o que nos faz questionar se foi mesmo uma boa ideia: a performance geral foi razoável e a essa altura já sabemos que as queens conseguem ser mais engraçadas do que apresentaram ali – basta vê-las entoando um dos bordões de Wanessa Wolf, por exemplo. Betina Polaroid, que nesta semana abriu o coração no werkroom sobre a relação com sua família, foi merecidamente a vencedora, enquanto Dallas de Vil se tornou o principal alvo das competidoras.

De Vil, inclusive, precisa de uma reviravolta, de um gás. No último episódio, ela ficou entre as duas piores e teve de dublar pela sua vida num lipsync fraco contra Tristan Soledad, a eliminada. Agora, além de ter virado o saco de pancadas das colegas, por pouco escapou de mais um bottom, como veremos a seguir.

No desafio principal, sob o tema “Sereias do Atlântico”, as participantes tiveram que construir do zero um look que remetesse ao mar, com materiais pouco convencionais, como boias de piscina. O resultado foi surpreendente.

Comparando com os challenges de costura das primeiras edições originais do programa – e até mesmo alguns mais recentes -, já podemos afirmar que o da versão brasileira é um dos melhores da franquia. Apesar de um deslize aqui (repetir a mesma calcinha de prata do desafio anterior, como fez De Vil) e outro lá (criar uma roupa que te torna incapaz de desfilar), nenhuma competidora foi completamente desastrosa e alguns looks são verdadeiramente impressionantes.

É ainda mais relevante e surpreendente que elas tenham demonstrado habilidades com corte e costura depois das críticas injustas que vêm recebendo online por entregarem looks de qualidade supostamente duvidosa. Parece que parte do público se esquece que nem toda drag queen tem saldo suficiente na conta bancária para gastar com roupas luxuosas em um programa que está apenas começando num país de disparidades sociais gritantes.

Voltando ao que importa: tratando-se de criação, destaque absoluto para Hellena Malditta, uma das vencedoras da semana, por desenhar uma silhueta que ressalta sua beleza sem fugir do tema do desafio; mas parabéns também a Miranda Lebrão, que com sua expertise de marinheira, ressignificou o uso do plástico; Rubi Ocean, que mostrou atitude ao incorporar o seu próprio design; e Organzza, que deu à sua sereia um toque de contemporaneidade inspirada na tendência puffer.

Aquarela e Melusine Sparkle não tiveram a mesma sorte das colegas e acabaram formando o bottom do episódio. A primeira por ter entregado um look básico que não materializou a proposta idealizada por ela mesma; e a segunda por ter decepcionado Grag Queen, que havia frisado momentos antes a importância de construir uma calda que permitisse a locomoção durante a passarela, algo que não foi devidamente executado pela participante.

Concordamos sobre os pontos levantados, mas não estamos 100% de acordo com a deliberação do júri. A outra vencedora da semana, Naza, teve sim um acabamento impressionante, mas será que merecia mesmo ganhar um broche?! As proporções pareciam erradas e, copiando as palavras do convidado Raphael Dumaraesq, a roupa mais parecia tê-la vestido que o contrário.

Essa também foi uma queixa das queens que ficaram salvas. “Não é sobre a melhor costura, a melhor bainha, a melhor modelagem, se não a melhor esperteza em usar aquilo que cai na tua mão”, desabafou Miranda, que ao lado de Shannon Skarllet e Betina Polaroid, fez coro a Organzza na opinião de que Hellena Malditta deveria ser a grande vencedora do desafio: “Se ela não estiver servindo ali, quem é que está?”.

Em seguida, foi a vez de descobrirmos quem seria a próxima eliminada no primeiro lipsync que podemos avaliar como “bom” nesta temporada, ao som de “Cheguei”, da Ludmilla. Melusine, que começou a dublagem afiada, acabou cometendo uma gafe que todo espectador de Drag Race já conhece: destruir o próprio look em função da performance. Sua despedida foi comovente e bem humorada, o que nos fará ter saudade da queen nos episódios seguintes.

Na próxima semana, a competição se acirra ainda mais e as 9 participantes restantes terão de criar um comercial de autoajuda com participação do comediante Esse Menino na bancada de jurados. Axé!

RuPaul’s Drag Race Brasil está disponível para streaming no catálogo do Paramount+. No restante da América Latina, a exibição está por conta da WoW Presents Plus. Na televisão, a transmissão está por conta da MTV Brasil, todas as quartas-feiras, às 21h.