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Festival de Veneza: Veja os melhores filmes LGBTI+ exibidos em 2022

Cate Blanchett já é um dos nomes cotados ao Oscar de Melhor Atriz por sua performance em "Tár" (Foto: Divulgação)

Cate Blanchett já é um dos nomes cotados ao Oscar de Melhor Atriz por sua performance em "Tár" (Foto: Divulgação)

Festivais de cinema promovem não só a indústria cinematográfica, mas o turismo local, a economia e a cultura. Esses eventos são plataformas que têm terreno fértil para discussão e abordagem de temas diversos. O 79º Festival de Veneza, incluindo as mostras paralelas, exibiu de 31 de agosto a 10 setembro mais de 320 produções entre curtas, longas e trabalhos em realidade virtual. Veneza é um dos festivais mais importantes do mundo e, nos últimos anos, se tornou uma janela para o Oscar.

A ideia de um festival de cinema é contemplar os diversos públicos, em um espaço efervescente de discussão e também de entretenimento. Personagens e projetos LGBTI+ têm sido cada vez mais produzidos, selecionados e premiados: filmes de estúdios com orçamentos maiores, trabalhos de cineastas iniciantes e trabalhos autorais.

Abaixo, veja os principais destaques LGBTI+ que passaram pelo Festival de Veneza este ano. Enquanto espera esses filmes chegarem ao Brasil, você pode conferir nosso Guia de Filmes para Assistir em 2022.

Tár (EUA)

Tár, dirigido por Todd Field, é estrelado por Cate Blachett, que também assina a produção executiva. Ao longo de 158 minutos, a atriz interpreta Lydia Tár, uma competente maestrina, rica, lésbica e nada politicamente correta. É um filme que se envereda pela cultura do cancelamento e do movimento Me Too em uma narrativa lenta, mas com uma direção bem assertiva.

Apresentado na Competição Internacional, o longa é um dos queridinhos da crítica. Blanchett já coleciona duas estatuetas do Oscar: uma de Melhor Atriz Coadjuvante em O Aviador (2004), de Martin Scorsese; e a de Melhor Atriz por Blue Jasmine (2013), de Woody Allen. Nesta edição do festival de Veneza, ela recebeu o prêmio de melhor atriz e certamente já tem passaporte para a nomeação da mesma categoria no Oscar do ano que vem. Antes disso, ele estreia no circuito comercial de cinemas do Brasil em 26 de janeiro de 2023.

Blue Jean (Reino Unido)

Muito elogiado foi Blue Jean, da diretora Georgia Oakley, eleito o Melhor Filme pelo público na mostra paralela Gionarta degli Autori, dedicada ao cinema autoral. O longa se passa em 1983, quando uma lei anti-LGBT está prestes a ser aprovada na Inglaterra sob o governo da dama de ferro, a primeira ministra Margaret Thatcher.

Jean é uma professora de educação física que leva uma vida dupla e que recebe pressão de todos os lados. O ponto catalisador da trama é uma nova estudante que passa a frequentar a escola. O roteiro é assinado por Oakley e estrelado por Rosy McEwen, que pode ser vista na série O Alienista (saiba mais aqui).

O britânico “BLue Jean” foi um dos destaques no Festival de Veneza (Foto: Divulgação)

Lobo e Cão (Portugal)

Ainda na Giornata degli Autori, o longa português Lobo e Cão (“Wolf and Dog”), da diretora Cláudia Varejão, recebeu o prêmio do júri como Melhor Direção. A história é construída a partir da vida de moradores de uma ilha. A jovem Ana (Ana Cabral) é a filha do meio e percebe na sua adolescência que as tarefas dadas às meninas são completamente diferentes das dos meninos. Ela admira seu melhor amigo Luis (Ruben Pimenta), que adora tanto calças como vestidos.

Com um olhar humano e sincero, a narrativa passa por gênero e sexualidade de maneira nada didática e resulta em um filme eficiente e sensível. “Acho interessante que o filme não discute gênero. Os personagens estão lá e não precisam de justificativa”, elogia a musicista Elena Batistelli, na saída do cinema.

Eismayer (Áustria)

Na Semana da Crítica, mostra independente paralela de Veneza organizada pela União dos Críticos Italianos de Cinema, quem levou o prêmio máximo foi o Eismayer, de David Wagner. O sargento Charles Eismayer (Gerhard Liebmann) é o instrutor mais rígido e temido na força militar austríaca, mas ele guarda um segredo: é gay. Baseada em uma história real, a narrativa toma corpo quando Falak (Luka Dimic), abertamente gay, entra para a unidade militar.

O austríaco “Eismayer” ainda não tem data de lançamento no Brasil (Foto: Divulgação)

Skin Deep (Alemanha)

Também nessa mostra paralela, Skin Deep (“Aus meiner Haut”), de Alex Schaad, é dividido em capítulos ao longo de seus 109 minutos. Tristão (Jonas Dassler) e Layla (Mala Emde) parecem ser um casal feliz, mas quando eles viajam para uma ilha remota um jogo de identidades toma palco e pode mudar suas percepções de sexualidade, gênero e individualidade. O filme levou o Queer Lion na competição paralela.

O Senhor das Formigas (Itália)

O Senhor das Formigas (“Il Signore Delle Formiche”), dirigido por Gianni Amelio, traz a história do poeta e dramaturgo Aldo Barbieri (Luigi Lo Cascio). Em um julgamento na década de 1960, ele foi condenado a nove anos de prisão, por submeter outra pessoa, física e psicologicamente, à sua própria vontade, segundo o processo. Inspirado em fatos reais, este é um filme sobre a violência e a obtusidade do preconceito, sobre o amor submetido ao conformismo e à hipocrisia.

“É uma seção transversal da vida provincial italiana nos anos sessenta, quando o bem-estar econômico não crescia ao mesmo ritmo que a consciência das coisas”, diz o diretor. O longa mescla diversas vozes: a do réu, do seu amado, sua família, acusadores e apoiadores, mas também de uma opinião pública distraída e indiferente, principalmente quando o assunto é homossexualidade.

Bones and All (Itália/EUA)

Luca Guadagnino recebeu o Leão de Prata pela direção de Bones and All. A produção é estrelada por Timothée Chalamet e Taylor Russell. Esta última foi agraciada com o prêmio de Melhor Ator ou Atriz Jovem.

Na história, Maren (Russel) é uma jovem aprendendo a sobreviver às margens da sociedade quando encontra Lee (Chalamet). Juntos, eles embarcam numa odisseia pelas estradas e passagens escondidas dos Estados Unidos nos anos 1980. Esse road movie com elementos de terror é o início de uma trajetória que pode bem resultar numa história de amor.

O filme chega aos cinemas dos EUA em 23 de novembro, mas ainda não tem uma data definida para o Brasil.

“Bones and All” repete a parceria de Timothée Chalamet com o diretor Luca Guadagnino (Foto: Divulgação)

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