Com lançamento programado para 2022, o próximo jogo da saga Harry Potter, Hogwarts Legacy, permitirá que seus jogadores escolham vozes “masculinas” ou “femininas” para seus personagens, independente do gênero. A informação, obtida pela Bloomberg através de fontes ligadas ao desenvolvimento do game, contrasta com as últimas declarações transfóbicas de J. K. Rowling, autora dos livros.
No ano passado, Rowling fez uma série de comentários transfóbicos em suas redes sociais e site oficial, deslegitimando a identidade de gênero das pessoas transexuais. O clima aumentou com o lançamento de seu mais recente livro, Troubled Blood, cuja história envolve um serial killer que se veste de roupas femininas para matar mulheres. Apesar disso, atores ligados à franquia Harry Potter, como Daniel Radcliffe e Emma Watson, foram a público se posicionar contra as falas da escritora.
Segundo a Bloomberg, o posicionamento transfóbico de Rowling fez com que algumas das pessoas envolvidas no desenvolvimento do jogo lutassem para torná-lo mais inclusivo às identidades de gênero, mesmo que a ala administrativa do projeto tenha resistido inicialmente à ideia. Ainda em setembro, a Warner Bros. Games alegou que a autora não estava diretamente envolvida com o game, embora sua escrita tenha servido como base para o projeto. Mais tarde, o jornalista Liam Robertson descobriu que um dos principais designers do jogo, Troy Leavitt, também mantinha um canal no Youtube com vídeos recheados de ideologia da extrema-direita.
Com tantas idas e vindas, a inclusão de personagens trans em Hogwarts Legacy soa como uma decisão paliativa e controversa para os fãs LGBTI+ de Harry Potter, já que, mesmo sem o envolvimento direto de J. K. Rowling no game, como atesta a WB no que parece ser uma jogada de marketing, a autora ainda obtém lucros das vendas ligadas à franquia.