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Futebol brasileiro registra aumento de 76% nos casos de LGBTfobia

Casos de LGBTfobia no futebol aumentaram 76% segundo relatório do coletivo de torcidas Canarinhos com a CBF (Foto: Divulgação)

Casos de LGBTfobia no futebol aumentaram 76% segundo relatório do coletivo de torcidas Canarinhos com a CBF (Foto: Divulgação)

Os clubes têm se esforçado para mudar a cultura homofóbica do esporte, com ativações na internet especialmente em datas importantes para a comunidade LGBTQIA+. Mas essas ações pontuais não têm sido suficientes. É o que mostra um relatório feito pelo coletivo de torcidas Canarinhos, segundo o qual houve aumento de 76% nos casos de LGBTfobia no futebol em 2022.

O levantamento foi realizado com o apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e levou em consideração episódios registrados tanto nos estádios quanto nas redes sociais e na mídia.

“São casos que se repetem toda semana, é uma luta complexa e desafiadora. Há clubes que já detectaram isso e trabalham o tema com seus jogadores, funcionários e torcedores. Mas ainda é insuficiente”, disse Onã Rudá, fundador do coletivo Canarinhos. “A LGBTfobia é um mal social que se alastra em todos os ambientes, em especial no futebol. Essa intolerância motivada por ódio e discriminação é profundamente violenta e deixa marcas profundas.”

A divulgação do relatório também foi de encontro ao Dia Mundial contra a LGBTfobia, celebrado internacional em 17 de maio. Na data, apenas três clubes da primeira divisão não fizeram menção ao tema: Coritiba, Cuiabá e Flamengo, time que registra o maior número de torcedores do país.

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Onã Rudá aponta que para mudar a mentalidade preconceituosa dos torcedores é preciso também adotar um protocolo adequado para punir os atos de LGBTfobia. Em 2023, a CBF acrescentou em seu regulamento geral a possibilidade de punição esportiva aos clubes em caso de discriminação, o que pode levar até a perda de pontos no campeonato.

“Há nitidamente uma nova lógica de pensar o futebol e a forma com que ele se relaciona com a sociedade”, apontou Rudá. “Um passo importante que precisa ser dado é a construção de um protocolo que padronize e oriente de forma direta como todos os árbitros do Brasil devem agir diante de cada situação de discriminação. Há árbitros que paralisam as partidas por causa de cânticos homofóbicos, mas não registram o caso em súmula e isso prejudica ações no Superior Tribunal de Justiça Desportiva.”

Ainda na última semana, o Ministério Público abriu uma investigação contra o Cortinthians após a torcida do alvinegro ter cantado músicas homofóbicas em uma partida contra o São Paulo, em Itaquera.

“Informo que aos 18 minutos do 2 tempo paralisei a partida por dois minutos devido aos gritos homofóbicos da torcida ‘Vamos, Corinthians, dessas bichas teremos que ganhar’, sendo informado no som e no telão do estádio para que os gritos cessassem”, relatou o árbitro Bruno Arleu de Araújo. “Mesmo assim, a torcida continuou gritando efusivamente e, após os gritos cessarem, a partida foi reiniciada. Fato esse comunicado ao delegado da partida e ao chefe do policiamento.”

No último dia 17, o Corinthians se posicionou contra a LGBTfobia em uma publicação nas redes sociais e repudiou o episódio: “Somos a favor da diversidade, da inclusão, da igualdade. Hoje, atletas e torcedores desejam celebrar a alegria do esporte num ambiente de paz, sem medo, onde prevaleçam o orgulho e o acolhimento”.

“Por isso, o Corinthians repudia todas as manifestações intolerantes contra a população LGBTQIAP+ e apoia o 17 de maio: Dia Internacional de Combate contra a Homofobia. Aproveitamos a data para reforçar a urgente necessidade de construirmos um mundo melhor e sem espaço para qualquer forma de preconceito, principalmente em nossa arena”, escreveu o clube.

O julgamento referente aos cantos homfóbicos proferidos pela torcida no domingo (14) ainda não tem data marcada.

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