A primeira autobiografia do Papa Francisco está pronta para ser lançada na próxima terça-feira (19). Com o título de Life: My Story Through History (Vida: Minha História Através da História, em tradução livre), o livro foi escrito pelo jornalista vaticanista Fabio Marchese Ragona e mostra um novo aceno do pontífice à comunidade LGBTQIA+, reafirmando seu desejo de uma Igreja Católica “que abrace e acolha todos”.
“Penso nas pessoas homossexuais ou transexuais que procuram o Senhor e que, em vez disso, foram rejeitadas e afastadas”, diz Francisco. “Jesus andava ao encontro das pessoas que viviam à margem e é isso que a Igreja deve fazer hoje com as pessoas da comunidade LGBTQ+”, acrescentou.
Nascido Jorge Bergoglio, o pontífice também fala sobre a recente decisão de autorizar bênçãos a casais homoafetivos, reiterando que elas não são equiparáveis ao casamento. No entanto, ele defende também o casamento civil entre pessoas do mesmo gênero.
“Eu disse em muitas ocasiões que é certo que (casais homoafetivos) que experimentam o dom do amor devem ter as mesmas proteções legais que todos os outros”, escreve Francisco.
O que o Papa Francisco diz sobre o aborto?
Outro tópico polêmico abordado na biografia foi o aborto. Apesar de ser considerado uma figura progressista dentro da Igreja Católica, Bergoglio mantém uma postura conservadora ao tratar a interrupção voluntária da gravidez como um “homicídio”.
“Devemos sempre defender a vida humana, da concepção até à morte”, diz o pontífice, que também considera a prática de barriga de aluguel como “desumana” por tratar as crianças como “mercadoria”.
A autobiografia do Papa Francisco será lançada por ora apenas em inglês e italiano, na próxima terça-feira (19), apenas dias depois de o argentino completar 11 anos no posto de autoridade máxima da Igreja Católica. O livro ainda não tem previsão de chegada ao Brasil.
O que o Papa Francisco já disse sobre a comunidade LGBTQIA+?
Ainda em dezembro de 2023, o Papa Francisco assinou um documento doutrinário do Vaticano permitindo que padres católicos romanos possam administrar bênçãos a casais do mesmo sexo. A informação foi divulgada pela própria sede da Igreja Católica na última segunda-feira (18), segundo a qual as pessoas que procuram o amor de Deus não devem ser sujeitas a “uma análise moral exaustiva”.
De acordo com o documento, que reverteu uma decisão de 2021, as bênçãos não devem fazer parte de rituais ou liturgias regulares, nem legitimam situações irregulares. Elas também não devem ser conferidas ao mesmo tempo em que uma união civil e os padres não são obrigados a abençoar os casais homoafetivos, tendo poder para se recusarem a praticar a nova medida.
“Em última análise, uma bênção oferece às pessoas um meio de aumentar a sua confiança em Deus”, diz o documento, frisando também que elas são “um sinal de que Deus acolhe a todos”. “O pedido de bênção, portanto, expressa e alimenta a abertura à transcendência, à misericórdia e à proximidade de Deus em mil circunstâncias concretas da vida, o que não é pouca coisa no mundo em que vivemos. É uma semente do Espírito Santo que deve ser nutrida, não impedida.”
Ainda que a nova permissão seja uma vitória e um aceno bem-vindo para os LGBTQIA+, principalmente os católicos, está longe de compensar séculos de perseguição ou significar algum avanço institucional do Catolicismo sobre a diversidade sexual.
Relembre aqui ou clicando na imagem abaixo todas as falas, posições e contradições que o Papa Francisco já expressou sobre a comunidade LGBTQIA+.