No último sábado, um protesto a favor dos direitos de pessoas transexuais, realizado no bairro de Koreatown, em Los Angeles, nos Estados Unidos, terminou em violência policial contra os manifestantes e prisões arbitrárias. A manifestação, que envolveu ativistas LGBTI+ e conservadores, aconteceu em frente ao Wi SPA, palco de um vídeo que viralizou nas redes sociais. Nele, uma cliente nervosa reclama com a equipe do estabelecimento sobre a suposta presença de uma mulher trans, nua, na seção feminina do recinto, ao que uma funcionária alega estar em conformidade com a lei.
Este foi o segundo protesto realizado no local e motivado pelo vídeo. No último mês, as imagens responsáveis pelo confronto foram amplamente divulgadas por pessoas e meios de comunicação ligados à extrema-direita, gerando controvérsia após integrantes da comunidade transexual dos EUA terem questionado sua veracidade, já que ninguém apareceu posteriormente para corroborar a história.
Covardia imensa na repressão a um protesto hoje em Los Angeles: o policial atira com bala de borracha completamente à queima-roupa em uma manifestante que estava pedindo calma
— Observatório Internacional (@observint) July 17, 2021
Além disso, em declaração enviada à Los Angeles Magazine no final de junho, o SPA responsável alegou que nenhuma cliente trans havia marcado horário no dia em que o incidente teria supostamente acontecido, além de reforçar que o estabelecimento possui uma política de respeito à inclusão.
“Como muitas outras áreas metropolitanas, Los Angeles possui uma população transgênera, e alguns gostam de visitar um SPA. O Wi SPA busca atender as necessidades de todos os nossos clientes”, disseram.
Cops being aggressive with the counterprotesters— one violently shoved a journalist (at the end of vid) pic.twitter.com/rmAdyDz8E6
— taylor eve (@waterspider__) July 17, 2021
A manifestação do final de semana anterior foi dominada pelo movimento conservador, que àquela altura pediu boicote ao estabelecimento. Porém, neste último sábado, pessoas a favor dos direitos trans compareceram ao local para um contraprotesto e o episódio terminou em violência, com a polícia de Los Angeles agindo de forma truculenta e arbitrária contra os ativistas pró-LGBTI+.
Em vídeos postados no Twitter, é possível observar agentes policiais atirando com balas de borracha e batendo em manifestantes. Lois Beckett, jornalista do The Guardian, tentou entrevistar os integrantes da extrema-direita no local, mas foi perseguida e jogada no chão. “Eles jogaram água em mim e gritaram sobre Jesus e falaram que pegariam meu celular”, escreveu.
Just got thrown to the ground by right-wing anti-pedophile protesters as a crowd coverged on me and chased me. They threw water at me and screamed about Jesus and said to grab my phone. Police would not let me through the police line but after I got thrown on the ground they did. pic.twitter.com/LDGqkua3fi
— Lois Beckett (@loisbeckett) July 17, 2021
Para o movimento conservador, a presença de mulheres trans nos banheiros femininos é considerada uma ofensa por, segundo eles, colocar em risco a vida de outras mulheres e das crianças. Muitos dos projetos de lei introduzidos nos Estados Unidos em 2021 possuem o intuito de limitar o acesso de pessoas trans aos banheiros, além de bani-las de esportes, negar assistência médica, dentre outros.
De acordo com a polícia, pelo menos 40 pessoas teriam sido presas durante os protestos, a maioria delas pró-LGBTI+. Abaixo, veja o vídeo original que motivou as manifestações: