Os Estados Unidos bateram seu próprio recorde em assassinatos de travestis e transexuais em 2020 e, de acordo com dados publicados pela Human Rights Campaign, o percentual ainda deve aumentar este ano. Até meados de abril, a organização já contabilizou 15 mortes de pessoas transgêneras e estima que ainda há mais casos subnotificados.

O levantamento é feito pela HRC desde 2013 e, no ano passado, contabilizou 44 mortes, o maior registro para os EUA até então. Analisando o mesmo período em 2021, o número de vítimas fatais já subiu de seis para 15, a maioria delas mulheres negras (oito). 

Para ativistas LGBTI+, a pandemia do coronavírus, que afetou os direitos à moradia, acesso à comida e serviços de saúde, além de elevar as taxas de desemprego, tem colaborado na perpetuação da violência contra pessoas transgênero. Junta-se a isso o crescimento dos projetos de lei anti-trans nos EUA, que, no momento, já tem 127 projetos aprovados ou tramitando no país.  

De todos estes PLs introduzidos por republicanos em 22 estados dos EUA, 60 têm a intenção de banir jovens trans dos esportes, enquanto os demais pretendem negar assistência médica, limitar o acesso a banheiros, impedir a adoção de crianças por casais LGBTI+, dentre outros.

“Se você torna aceitável a prática da violência, que é o que estão fazendo… as pessoas menos privilegiadas, as mulheres trans negras, acabam sendo afetadas diretamente, resultando em sua morte”, argumenta Alexandria Webb, militante trans de Charlotte, no Estado da Carolina do Norte.

No Brasil, 175 pessoas trans foram assassinadas em 2020. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), os números que refletem este tipo de violência continuam altos em 2021. Por aqui, a pandemia também tem afetado especialmente a população trans em situação vulnerável ou aquelas que trabalham como profissionais do sexo, como mostramos aqui.

Ainda no final deste mês, a Antra deve lançar o primeiro boletim deste ano.