Na playlist LGBTI+ com os principais lançamentos de abril, o colunista Fabiano Moreira* comenta os novos discos de Anitta, Karol Conká, Simone e Camila Cabello, os EPs de Ludmilla e Boombeat e os singles de Maria Bethânia, Dornelles, Pabllo Vittar com Rina Sawayama e HENRI.
Confira os destaques abaixo e, para não perder nenhum lançamento, siga a nossa playist aqui também:
Anitta – “Versions of Me”
Versions of Me é o quinto álbum de estúdio de Anitta e mostra a cantora em sua trajetória de estrela internacional emergente depois que “Envolver” alcançou o primeiro lugar entre as canções mais ouvidas do planeta dentro do Spotify, colocação inédita para artistas latinos.
O disco teve produção executiva de Ryan Tedder, músico e produtor estadunidense que já trabalhou com cantoras como Beyoncé e Adele. São 15 faixas, com participações especiais de nomes como Cardi B, Khalid, Ty Dolla $ign, Saweetie, Kevin O Chris e Papatinho, além de vocais de Mr. Catra.
O álbum, que consumiu três anos de trabalho, tem músicas cantadas em português, espanhol e inglês, incorporando elementos sonoros como funk carioca, reggaeton, pop rock, música eletrônica, pagodão baiano, trap e rap.
Entre os destaques, estão “Gata”, com o cantor porto riquenho de reggaeton Chencho Corleone; o electropop de “I’d Rather Have Sex”; o sample de “La Bamba” em “Gimme Your Number”, com Ty Dolla $ign; e a matadora “Que Rabão”, em parceria com Kevin O Chris, Papatinho e YG, com vocais do lendário funkeiro Mr. Catra.
Karol Conká – “Urucum”
Feito sobre o impacto da participação de Karol Conká no Big Brother Brasil 2021, o novo disco da cantora, Urucum (Sony Music), foi criado em parceria com um dos produtores mais promissores da cena brasileira atual, Rafa Dias (RDD, do ÀTTOOXXÁ), responsável por oxigenar a cantora, que saiu do reality com a imagem pra lá de desgastada, com uma mistura de rap, reggae, R&B e pagode baiano.
É pelas mãos de RDD que a gente vê o bem, como anuncia a música de trabalho. A capa é um triunfo, em belíssimo trabalho de direção de arte, beleza e styling de Alma Negrot. Bem, uma coisa podemos dizer: Karol sabe dar a volta por cima. O álbum reflete esse processo de cura e as engrenagens do cancelamento.
Camila Cabello – “Familia”
Familia é o terceiro álbum completo da cantora, compositora, atriz e ativista cubana Camila Cabello. Já na estreia, o álbum passou de 107 milhões de streams em três dias. No lançamento, ela também colocou no mundo o clipe cinematográfico da música “psychofreak”, que tem participação de Willow. No repertório, ainda tem o sucesso “Bam Bam”, colaboração dançante com Ed Sheeran. Camila fará show no Brasil, no Rock in Rio, no dia 10 de setembro, com ingressos já esgotados.
Simone – “Da gente”
Fui criado ao som de bons sambas cantados por Simone, como “Eu tô voltando”, e me senti naturalmente atraído a ouvir Da gente, primeiro disco da cantora desde É Melhor Ser (2013). Simone joga luz sobre a obra de compositores nordestinos de várias gerações, com direção artística de Zélia Duncan e direção musical e produção do pernambucano Juliano Holanda.
A ideia de fazer um disco apenas com canções de autores nordestinos vem de 2015. Boa parte das canções escolhidas são de autores contemporâneos, a maioria deles mulheres. E a sonoridade do álbum também traz novidade: não há piano ou teclados, instrumentos que estão presentes em toda a discografia da cantora.
Chama a atenção ainda o xote estilizado “Boca em Brasa”. O disco traz composições dos pernambucanos Martins e Isabela Moraes, Karina Buhr, Gean Ramos e Rogéria Dera, Fagner e Zeca Baleiro, Cátia de França e Flávio Nascimento, dentre outros, entre eles a própria cantora, autora de “Nua”, parceria com o poeta português Tiago Torres da Silva.
Boombeat e Cyberkills – “Bárbara”
A jovem rapper travesti Boombeat é uma das integrantes do Quebrada Queer, o primeiro coletivo de rap LGBTQIA+ do Brasil. Ela acaba de lançar, ao lado dos jovens produtores Rodrigo Oliveira (SP) e Gabriel Diniz (PB), o duo CyberKills, seu EP de estreia, Bárbara.
As faixas atravessam o processo da rapper de se tornar travesti, em 2021, e mostram a potência da raiva, da aceitação e a busca pelo acolhimento. O título faz referência ao adjetivo que ela e outras travestis vestem e também ao nome da amiga que fala na primeira faixa, a introdutória “Amiga”.
CyberKills buscou um caminho entre o eletrônico, o rap e o trap para musicalizar a profundidade das rimas. “Todos Os Olhos Em Mim”, faixa que estava na playlist de fevereiro, fala sobre todos os olhares sobre a artista. “Poder Fatal” aborda a transição com trap e miami bass. Já conhecida do público, “Bonita de Costas” mistura trap e funk de maneira fluída. E “Trava Drama” é feat com Bixarte e faz alusão à clássica “Nego Drama”, dos Racionais MC’s.
Ludmilla – “Back To Be”
Back To Be é o EP lançado por Ludmilla como início das comemorações aos seus dez anos de carreira, quando se lançou no funk carioca como MC Beyoncé. Depois de mergulhar no universo do pagode em dois volumes do Numanice, ela lança os olhos para o início de tudo, quando estourou com “Fala Mal de Mim”.
O EP traz só “canetadas” inéditas, mostrando a compositora de mão cheia que a carioca é. O EP traz feat. internacional com o cantor Akon e ganhou versão audiovisual gravado no “Fervo da Lud”, festa que Ludmilla sempre faz na própria casa. O EP ainda tem participações de MC Don Juan e dos DJs Will 22 e 2F.
Pabllo Vittar e Rina Sawayama – “Follow Me”
Como vimos no Coachella, “Follow me” não é uma canção fácil de ser reproduzida ao vivo. A nipo-britânica Rina Sawayama titubeou um pouco no palco para acompanhar a drag e orgulho nacional Pabllo Vittar. As duas já haviam trabalhado juntas em 2020 no remix de “Comme Des Garçons (Like The Boys)”. No clipe da parceria mais recente, elas abusam de conceito e fashionismo em desfiles e closes para a câmera.
Dornelles – “Kama Surta”
Na playlist de janeiro, o carioca Dornelles fez o seu outing com “Queimado”, sua primeira música com temática queer. Como toda gay, o processo correu muito, muito rápido (risos) e deu em “Kama Surta”, seu novo single, que ganhou clipe filmado em uma espécie de bordel no Rio.
“Tu na Kama Surta, só na preliminar, ginástica absurda, não basta só sentar, cê vai ter que se esticar, porque quando eu mandar, tu vai se alongar, pra botar, pra botar”, diz a letra que, apesar da temática, é bem leve e juvenil. A produção do funk 170 BPM é do DJ Swag do Complexo, do webhit “Colegagem (Eu já sentei pro seu marido)”.
Maria Bethânia – “Pantanal”
Maria Bethânia gravou novo registro fonográfico de Pantanal, de Marcus Viana, para a abertura do remake da novela na TV Globo. A cantora atualizou o hit com produção musical de Marcio Arantes, sem se afastar muito do clima épico dado pelo grupo mineiro Sagrado Coração da Terra na gravação original de 1990. A nova versão capricha na base percussiva com tambores, caxixis, vassouras e pratos tocados por Thomas Harres, e nas cordas da St. Petesburg Studio Orchestra, arranjadas por David Campbell, e na viola caipira e no charango de Almir Sater.
Henri – “Coração de plástico”
Santista radicado em São Paulo, HENRI é nome da cena contemporânea para se prestar atenção. Ele acaba de lançar a queer “Coração de Plástico”, single que anuncia seu primeiro álbum solo, Secreto Amor, que segue as trilhas do indie pop e da new wave na produção musical de Joe Irente.
HENRI é nome conhecido na cena independente, com trabalhos assinados como Thiago Henrique Vasques com o duo de indie pop Carpechill e a banda Corte Aberto, que teve seu EP produzido por Chuck Hipolitho. O álbum vem depois do EP Músicas de Gaveta, produzido e gravado por ele, na quarentena. O clipe mostra o nascimento da sua persona como músico.
*Fabiano Moreira é jornalista desde 1997 e já passou pelas redações de O Globo, Tribuna de Minas, Mix Brasil, RG e Baixo Centro, além de ter produzido a festa Bootie Rio. Atualmente, é colunista da Sexta Sei.