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Playlist: Os melhores lançamentos LGBTQIA+ de fevereiro

Pabllo Vittar, Ludmilla com Tasha & Tracie e Caroline Polachek são destaques dos lançamentos musicais de artistas LGBTI+ em fevereiro

Pabllo Vittar, Ludmilla com Tasha & Tracie e Caroline Polachek são destaques dos lançamentos musicais de artistas LGBTI+ em fevereiro

Na coluna de fevereiro com os principais lançamentos LGBTQIA+ de artistas nacionais e internacionais do mês, o colunista Fabiano Moreira* comenta os novos discos de Pabllo Vittar e Caroline Polachek, além dos novos singles de Ludmilla com Tasha & Tracie, Jáder, Aretuza Lovi, Lizzo com SZA, Maíra Baldaia e Hiran.

Abaixo, confira a seleção. E não deixe de seguir a nossa playlist abaixo para ouvir também outros lançamentos que irão sair ao longo do ano:

Pabllo Vittar – “Noitada”

A faixa que eu mais gostei de Noitada, quinto álbum de Pabllo Vittar, é uma histérica vinheta de um dos DJs mais falados do momento, o jovem carioca Ramemes: “Calma Amiga INTERLUDE (Ft Anitta e DJ Ramemes)”, que já avisa do grave que vai bater no disco. O trabalho é o que mais flerta com eletrônico e a festa gay em toda a carreira da drag queen mais seguida do mundo. Para nossa alegria, ela tomou a “balinha de coração” e fez as pazes com a Anitta, que também está “embalada” e aparece ao lado de Urias, todas bem loucas na buati, no clipe da parceria. Em “Descontrolada”, o clima clubber com esteroides já estava escancarado. É sobre isso: a gente adora ver a mamãe feliz. Fica o desafio do show.

Caroline Polachek – “Desire, I Want To Turn Into You”

Caroline Polachek foi construindo o lançamento de seu segundo álbum de estúdio, Desire, I Want To Turn Into You, com singles que a gente foi amando demais, um após o outro, uma cascata de maravilhas, com “Sunset”, “Billions” e“Bunny is a Rider”. Grimes e Dido ainda participam em “Fly To You”, tem como ser mais conceitual? Conceitual, experimental e pop, o álbum foi produzido pela artista e por Danny L. Harle. com gaitas de fole escocesas e levadas de guitarra flamenca. A icônica Bunny Is A Rider” foi considerada a melhor música de 2021 pela Pitchfork.

Ludmilla e Tasha & Tracie – “Sou má” e “Nasci para vencer”

Achávamos que Ludmilla já tinha servido tudo o que era pra ser servido quando a gata lança o single duplo de trap  “Sou má” e “Nasci para vencer”. Ela chega acompanhada das preta-alfa, as irmãs Tasha & Tracie, que também são rainhas da “canetada”. Ludmilla não só está belíssima em um corpo perfeito com look mínimo, puro bling-bling, como quebra tabus com uma dura em uma policial que mexe com as estruturas de todas as sexualidades. Ui! “Ludmilla in the house, caraleo.” Pra mostrar que nasceu para vencer, “marrentona mesmo”, sustentada pelo “próprio talento”, ela convocou a filha do Aori Sauthon, da Brutal Crew, Aaliyah Terra Sauthon, para interpretá-la criança, mostrando a realidade de quem nasce e vive em um lugar periférico e se permite sonhar. Tá jamanta a Ludmilla.

Jáder – “Frentinha

Lembra que eu decretei aqui, no post dos dez discos mais importantes pra comunidade em 2022, que o pernambucano Jáder é a nova suprema do forró? Não satisfeito com o reinado no ritmo que consagrou Luiz Gonzaga, a bicha foi lá, meteu uma roupa de banho e resolveu dominar também o pagodão baiano com a regravação de “Frentinha”, suingueira do raparigueiro hétero João do Morro, que meteu outras bem politicamente incorretas, como “Papa frango”. “Eu não tenho preconceito / Se você olhar direito / Hoje em dia o mundo é gay / É boyzinho com boyzinho / E boyzinha com boyzinha / É todo mundo se beijando / Se amando, se abraçando e fazendo / Frentinha”, diz a ode desse grande sucesso da música periférica de Recife. O clipe fala mais que mil palavras.

Aretuza Lovi – Me Humilhou

A drag queen Aretuza Lovi decidiu antecipar uma das faixas da segunda parte do disco Borogodó com o single “Me Humilhou”, inspirado na BZRP Music Sessions #53, da Shakira, e também contando história de chifre e decepção amorosa. A primeira parte do álbum saiu em agosto, como falei aqui. “Infelizmente, também fiz parte do ‘bonde das cornas'”, brinca Aretuza. A capa, criação de Luiz Filho – o mesmo que elaborou a arte de Borogodó –, é inspirada nas revistas Playboy dos anos 2000. 

Lizzo e SZA – Special

A superstar Lizzo encarna uma super-heroína que salva geral de várias roubadas no clipaço de Special”, single que ganhou remix com SZA e clipe dirigido pelo premiado diretor de fotografia Christian Breslauer. Sinônimo de positividade e amor próprio, a superstar diz que a gente é especial e salva o dia. A canção faz parte do álbum de mesmo nome. Ganhadora de quatro Grammys, o último deles veio no mês passado por “About Damn Time”, eleita Gravação do Ano.

Maíra Baldaia – “Vem Trenzim

A força da mulher sapatão é exaltada pela mineira Maíra Baldaia em “Vem Trenzim”, primeiro single de seu álbum duplo Obí, que chega em breve pela Natura Musical. No clipe, ela, mulher lésbica, vive cenas de afeto com a atriz Kainná Tawa. A faixa é parceria com Marissol Mwaba, que também participa do single lançado para Preta Amar”. O primeiro single, “Ogum e as yabás”, foi logo com Djonga. A produção musical é de Guilherme Kastrup. Feita para dançar, a música da mineira soa como uma nova MPB que mescla referências afro com a ancestralidade de Minas Gerais. Maíra Baldaia é cantora, compositora, atriz e tamborzeira.

Hiran – “Medo Nenhum

O cantor baiano Hiran está preparando o seu terceiro álbum de estúdio, previsto para este ano, e já soltou dois singles bem interessante: “Medo nenhum”, com Cuper e Marí Alves; e “Emoriô”, com Carlinhos Brown e Ênio. Desde que voltou à sua Bahia natal, ele tem feito reverência às suas raízes e ancestralidade, como no EP visual História, com Margareth Menezes e Linn da Quebrada. “Por muito tempo, cantei sobre as coisas que me machucavam do ponto de vista de denúncia, de expor o que me afligia. Agora, estou tentando trazer uma outra perspectiva”, pontua Hiran. 

Maria Beraldo – “Truco

Maria Beraldo é uma compositora, produtora, cantora e clarinetista lésbica que se mudou para São Paulo em 2013 para trabalhar com Arrigo Barnabé. Ela acaba de lançar o single “Truco”,  uma canção de poucas palavras e muita lábia, que esquenta a pista e integra a trilha sonora do longa Regra 34, de Julia Murat, em cartaz nos cinemas. O filme ganhou o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno, na Suíça, e conta a história de Simone (Sol Miranda), uma jovem negra que acabou de ser aprovada na defensoria pública e pagou os estudos fazendo performance online de sexo como camgirl. O álbum de estreia de Beraldo, Cavala, canta as delícias e as dores de ser sapatão.

Irmãs de Pau – “Medley do submundo

Ouviram um barulhão em fevereiro? Foram as Irmãs de Pau quebrando milhares de tabus, simultaneamente, com seis minutos do “Medley do Submundo”, com produção musical do maranhense Brunoso. “É um x-tudo da putaria, grande por ter seis minutos suculentos de rimas, capaz de sustentar você e seu bonde. Duvido que não matará sua fome”, fecha Vita Pereira. Bati um papo com elas aqui na Sexta Sei e, em 2021, destaquei seu álbum de estreia, Dotadas, entre os dez melhores daquele ano


*Fabiano Moreira é jornalista desde 1997 e já passou pelas redações de O GloboTribuna de MinasMix BrasilRG e Baixo Centro, além de ter produzido a festa Bootie Rio. Atualmente, é colunista da Sexta Sei.

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