Eu faço playlists semanais para a #SextaSei, a coluna que eu, amorosamente, alimento no Baixo Centro e que é fruto da solidão pandêmica. Peguei uma música de cada playlist semanal e mais uma de cada mês para criar uma playlist-mãe do ano, com um pouco mais de 3h de duração. Ali, passeiam os melhores discos do ano. Modéstia à parte, ficou bem elegante o set, que também lancei em forma de clipes. Aqui para a coluna da Híbrida, fiz um top ten dos discos LGBTI+  mais importantes do ano. Que seja doce esse restinho.

Gabeu – Agropoc

Como em uma estação de rádio do interior do Brasil, Gabeu passeia por diferentes vertentes da música sertaneja, desde o sertanejo raiz, com a viola caipira em posição de destaque, até o sertanejo universitário. Tudo com produção musical de Fabrício Almeida e participações de Bemti e Reddy Allor, outros expoentes do pocnejo.

Pablo Vittar – Batidão Tropical

O disco traz Pabllo investindo no que faz de melhor, soltando seus agudos perfeitos sobre canções que trazem o suprassumo do repertório popular brasileiro. Das nove músicas, seis são regravações de músicas de bandas como Companhia do Calypso e Kassikó. A campanha de divulgação de “Ama sofre chora” foi uma vitória para todas as gays.

Rico Dalasam – Dolores Dala Guardião do Alívio 

Rico nunca esteve tão afiado em sua poesia quanto nesse álbum, que traz canções de amor pungentes, como “Braile” e “Estrangeiro”. O álbum é “um brinde à maturidade e à vitória de um cancelado” e foi lançado em duas partes, primeiro como EP e, depois, como álbum cheio.

Irmãs de Pau – Dotadas

Isma Almeida e Vita Pereira constroem e destroem as narrativas do que é ser travesti no Brasil logo no primeiro álbum da carreira. O disco tem participações de Jup do Bairro, A Travestis e Alice Guél, e foi produzido por um pool de especialistas, como Mu540, BADSISTA, EVEHIVE, Brisalicia, Pov3da e Apache. Os clipes de “Hermanas” e “Travequeiro” ajudam a contar a história. Fiz uma coluna com elas aqui, nem cabana esconde!

BADSISTA – Gueto elegance

BADSISTA surpreende como cantora madura em seu disco de estreia, depois dos excelentes trabalhos como produtora dos discos de Linn da Quebrada e do EP de Jup do Bairro. O álbum tem house, dancehall, cumbia, funk, raggamuffin, UK garage, rock, muito forró e participações de Cronista do Morro, MC Yallah, Jup, Rey Sapienz, RHR, Lari BXD, Ashira e Ventura Profana. Fiz uma coluna com ela aqui.

Bemti – Logo ali

Bemti canta sobre o amor sob a terra arrasada em seu belo disco, Logo ali, que encanta já pela capa. O disco vem cheio de parcerias com Jaloo, Josyara, ÀVUÀ. Helio Flanders, Marcelo Jeneci, Fernanda Takai, Roberta Campos, Barro e outros. O trabalho de Bemti é tão minucioso e delicado, não termine o ano sem ouvir e se encantar pelo mineiro, que adora biscoitar nas redes. Fiz uma coluna com ele aqui.

Getúlio Abelha – Marmota

Ele se autointula “the sad clown of forró” e eu acho é pouco para o inquieto artista cearense, que lançou um DVD icônico no Madruguinha e seu disco de estreia, esse ano, além de ter feito um show maravilhoso, servindo looks e presença de palco no RecBeat. “Você na minha garupa vale a pena”…

A Travestis – Respeita as travestis

Tertuliana é a gênia por trás e à frente do projeto de pagodão baiano A Travestis, produzido por Apache Bass. Ela trouxe pop, eletrônico e sintetizadores para o ritmo, além do protagonismo travesti, periférico. Fiz uma coluna com ela aqui.

NoPorn – Sim

No mundo pandêmico de 2021, a festa do NoPorn é no quarto, “Só eu e você, mais ninguém”, como recita a musa das pistas, Liana Padilha, entre linhas funkeadas de programação eletrônica logo na faixa de abertura do terceiro disco, “Festa no Meu Quarto”. Liana segue sendo a musa do canto recitado. Fiz uma coluna com o duo aqui. (Abaixo, veja a live de lançamento do álbum que o NoPorn fez com a Híbrida)

Linn da Quebrada – Trava Línguas

O segundo disco de Linn teve produção musical compartilhada entre ela, BADSISTA e a percussionista Dominique Vieira. Aqui, a artista aparece amadurecida, depois da estreia lancinante em Pajubá (2017) (leia aqui nossa entrevista com ela sobre o disco), e continua questionando o sistema, porém mais serena. “Acho que condiz com essa vontade do agora de fazer algo que nossas mães gostem também”, analisou BADSISTA.


Fabiano Moreira é jornalista desde 1997 e já passou pelas redações de O Globo, Tribuna de Minas, Mix Brasil, RG e Baixo Centro, além de ter produzido a festa Bootie Rio. Atualmente, é colunista da Sexta Sei.