“Se eu visse uma no banheiro, tiraria a tapas”. A fala transfóbica é do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), dita durante sessão na Assembleia Legislativa de São Paulo, em 03 de abril, e foi condenada pela Comissão de Ética e Decoro Parlamentar na tarde desta quarta-feira (28). Ele será verbalmente advertido por Maria Lúcia Amary (PSDB), presidente dos trabalhos, em data ainda a ser definida.
O episódio ocorreu após fala da deputada Érica Malunguinho (PSOL), em sessão que debatia o projeto de lei 346/2019, que propõe a proibição de atletas transexuais em disputas esportivas. Na ocasião, o parlamentar e vice-presidente do Movimento Conservador (antiga Direita São Paulo) afirmou: “Se por um acaso, dentro do banheiro de uma mulher que a minha mãe ou a minha irmã for utilizar entre um homem que se sente mulher, eu não estou nem aí. Eu vou tirar ele lá de dentro primeiro no tapa” .
Garcia foi alvo de três denúncias por quebra de decoro parlamentar e condenado por dois desses processos, movidos por Malunguinho e a deputada Professora Bebel (PT). De acordo com Amary, essa é a primeira vez que a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar resolve punir um deputado desde 1999. “Demos hoje uma demonstração de democracia. (…) Foi um julgamento com a visão de justiça”, afirmou.
LEIA TAMBÉM: Trans no esporte – “Não é sobre transexuais, é sobre a sociedade”
Em suas redes sociais, Garcia considerou a decisão uma injustiça. “Onde está a minha imunidade parlamentar?”, questionou o deputado, que se assumiu homossexual ainda em abril, na mesma semana do episódio pelo qual foi condenado.
“Não sou a favor das pautas LGBT”
Apesar de homossexual, Douglas Garcia é um grande apoiador de Jair Bolsonaro e pertence ao mesmo partido do presidente. Em abril, ele afirmou que só se assumiu porque recebeu ameaças de que teria sua vida particular exposta: “Não sou a favor das pautas LGBT. Fui ameaçado de ter minha sexualidade exposta por e-parceiros, não namorados, porque nunca namorei. E decidi falar. Não foi chantagem. Não sei se fui gravado em situação íntima, o que seria crime. Mas nunca mandei nudes.”, disse, em entrevista à Veja.