A proliferação dos streamings tem criado uma quantidade absurda de conteúdo e, para facilitar a sua vida, abaixo está uma lista com as 15 melhores séries LGBTI+ de 2022 disponíveis para assistir em plataformas disponíveis no Brasil. A seleção tem desde romances que aquecem o coração, a terrores reais demais e comédias leves para maratonar. Confira:
“American Horror Story: NYC“ (Star+)
A forma como Ryan Murphy mantém há anos uma produção extremamente prolífera, que engloba uma lista invejável de gêneros para diferentes canais e plataformas, talvez seja um mistério maior do que qualquer roteiro já lançado pelo showrunner até hoje. Que alguns desses títulos ainda consigam se sobressair com qualidade e originalidade é um feito ainda mais inesperado, mas que aconteceu de forma surpreendente com a 11ª temporada de American Horror Story. Ambientada na Nova York da década de 1980, a antologia trouxe o seu maior amarrado de tramas, referências, inspirações e personagens LGBTI+ – ou apenas exclusivamente gay – até hoje ao dar um ar sobrenatural à descoberta e conseguinte epidemia do vírus do HIV/Aids. Murphy já havia explorado o tema em Pose e The Normal Heart, mas agora ele usa o universo de AHS para lançar uma autorreflexão sobre certos hábitos excessivos da comunidade gay no uso de sexo casual, drogas, pessoas e até da homofobia presente na própria comunidade. O elenco escalado para essa tarefa é um show à parte, com a inserção de Russel Tovey no murphyverso e as voltas de Patti LuPone, Zachary Quinto, Billie Lourdes, Denis O’Hare, Leslie Grossman e outros. Coincidentemente, o mundo viveu neste ano o surto da monkeypox (varíola dos macacos), uma nova doença que se espalhou majoritariamente entre homens que se relacionam com homens e que tornou alguns pontos levantados na série ainda mais reais, relevantes e assustadores.
“Dahmer: Um Canibal Americano” (Netflix)
Apoiando-se em uma fórmula parecida com a que usou para costurar American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace, essa produção de Ryan Murphy e Ian Brenner conta a história real de como os assassinatos cometidos pelo serial killer Jeffrey Dahmer seguiram impunes por quase duas décadas graças à homofobia e ao racismo da polícia e da mídia. A série tem atuações brilhantes de Evan Peters no papel principal e de Niecy Nash como sua vizinha, mas foi amplamente criticada por glamourizar o assassino e não consultar ou recompensar os familiares de suas vítimas, que foram obrigados a reviver seus traumas.
“The White Lotus” (HBO)
Pensada inicialmente como uma minissérie limitada, The White Lotus fez tanto sucesso que o criador Mike White se viu obrigado a fazer uma segunda, com a terceira já confirmada. A mistura de drama, suspense e humor ácido rendeu infindáveis teorias, comentários e memes semana após semana. Apesar de não ter rolado um beijo grego explícito como no final da primeira temporada, o despertar lésbico da gerente Valentina (Sabrina Impacciatore) e a evolução de curiosidade, fascínio e pavor na relação entre a genial Tanya de Jennifer Coolidge e os gays italianos compensam e extrapolam as expectativas.
“Heartstopper“ (Netflix)
É impossível assistir à Heartstopper e não se apaixonar pelo casal de protagonistas, Nick e Charlie, vividos em performances repletas de carisma e sinceridade por Kit Connor e Joe Locke, atores que felizmente são, de fato, adolescentes. Com aprovação de 100% no Rotten Tomatoes, o romance colegial mostra ao longo de oito episódios as delícias, surpresas, dúvidas e momentos desengonçados de descobrir seu primeiro amor gay no ensino médio e ter que lidar com isso em um dos contextos sociais mais confusos e homofóbicos possíveis. A cereja do bolo é a participação da oscarizada Olivia Colman, que esperamos ver ainda mais na já confirmada segunda temporada.
“Hacks“ (HBO)
Em sua segunda temporada, essa comédia assinada por alguns dos mesmos nomes por trás de Broad City se aprofunda ainda mais na alternância entre momentos dilacerantes de sinceridade e piadas de humor cínico. As performances de Jean Smart e Hannah Einbinder continuam exalando química e timing cômico, com destaque especial para o 4º episódio, no qual as comediantes enfrentam as facilidades e os desafios de se apresentarem em um cruzeiro de lésbicas.
“Uncoupled“ (Netflix)
Depois do sucesso questionável de Emily Em Paris, o produtor Darren Star, que já nos agraciou com a franquia de Sex And The City, volta a explorar a vida de um grupo solteiro em Nova York, mas dessa vez sob a perspectiva de um gay quarentão e recém-separado vivido por Neil Patrick Harris. Com oito episódios, a série é uma boa opção de maratona leve com piadas leves sobre sexo casual, aplicativos, encontros e autoestima, além do aguardado retorno de Tisha Campbell-Martin.
“A Casa do Dragão” (HBO)
Uma das maiores apostas do ano, A Casa do Dragão já chegou com os dois pés na porta e conquistou a audiência órfã de Game Of Thrones com a luta dos Targaryen pelo Trono de Ferro. Logo no início, a série já toca mesmo que superficialmente o conceito de homofobia no universo criado por George R. R. Martin. Mas apesar disso, da nudez, dos dragões e do casting certeiro (com destaque para a não-binárie Emma D’Arcy como Rhaenyra), a produção traz outro elemento que há décadas movimenta o mundinho LGBTI+, para o bem e ainda mais para o mal: a rivalidade feminina entre duas mulheres poderosas.
“Wandinha” (Netflix)
Desde o seu anúncio, a leitura de Wandinha pela “mente fantástica de Tim Burton” prometia ser um sucesso. E assim o foi. A produção inspirada no legado d’A Família Addams mal estreou e logo se tornou uma das mais assistidas na Netlflix. O figurino da protagonista vivida com originalidade por Jenna Ortega, uma das principais scream queens desta geração, impulsionou um retorno do estilo gótico e, mais ainda, a sequência antológica da dança esquisita e coreografada pela própria atriz viralizou no TikTok e nos deu um dos melhores presentes do ano: a tão esperado aclamação de “Bloody Mary”, uma das faixas menos conhecidas do disco Born This Way, de Lady Gaga. A presença de Christina Ricci (a Wandinha original), Catherine Zeta-Jones e a expectativa de que alguns personagens se descubram LGBTI+ na próxima temporada também alimentaram o hype, que dessa vez não surgiu à toa.
“Euphoria“ (HBO)
Para quem achava que Euphoria não tinha como chocar ainda mais o público com seu retrato honesto e por vezes exacerbado dessa geração de jovens e sua relação com drogas, sexo e relacionamentos, o criador Sam Levinson fez exatamente isso na segunda temporada. Além de acompanhar a queda cada vez mais drástica de Rue (Zendaya) em sua luta contra o vício, os espectadores ainda foram servidos com uma dose extra de drama em todas as histórias paralelas, seja pela forma como Cal (Eric Dane) abandona a família para ser abertamente gay, pela “traição” de Jules (Hunter Schafer) ou pela implosão do triângulo amoroso de Nate (Jacob Elordi), Maddy Perez (Alexa Demie) e Cassie (Sydney Sweeney).
“Grace & Frankie” (Netflix)
Faz mais de sete anos que Jane Fonda e Lily Tomlin estrearam com uma história inusitada, comovente e hilária sobre duas inimigas transformadas em amigas após descobrirem que seus maridos mantinham um caso extraconjugal. É difícil mensurar por agora o impacto de Grace e Frankie na representatividade e normalização de famílias disfuncionais e suas vivências LGBTI+. Na segunda parte da sétima e última temporada, a série manteve até o fim seu equilíbrio entre humor e ternura que conquistou o público e já deixou saudade.
“Manhãs de Setembro” (Prime Video)
Em sua segunda temporada, esta produção original brasileira continua mostrando os desafios, vitórias e lições de Cassandra, uma mulher trans que precisa lidar com a chegada inesperada de um filho à sua vida. A protagonista é vivida com medidas iguais de delicadeza e força por Liniker, que transparece naturalidade na tela, mesmo quando divide a cena com nomes de peso como Karine Teles. Os novos episódios ainda trazem as participações mais que especiais de gente do calibre de Mart’nália, Linn da Quebrada, Elisa Lucinda e Paulo Miklos.
“Rensga Hits!” (Globoplay)
Parece outra vida, mas não faz tanto tempo assim que séries musicais se proliferavam para batalhar pela atenção de jovens através de títulos como Rebelde, High School Musical, Glee e Smash. Talvez lembrando dessa era, mas sem querer apostar tão alto assim, a Globo desenvolveu Rensga Hits! direta e exclusivamente (por enquanto) para o streaming. A história segue Raíssa (Alice Wegmann), uma compositora que se muda para Goiânia em busca do sucesso como artista do feminejo. O elenco mescla nomes relativamente novos na emissora e outros já consagrados, como Lúcia Veríssimo, Fabiana Karla e Deborah Secco. A fórmula funcionou, impulsionada por tramas originais e ainda ousadas para a teledramaturgia brasileira, como a história do cantor sertanejo David Cafajeste (Alejandro Claveaux), ídolo desejado pelo público feminino que precisa esconder sua homossexualidade em troca do sucesso.
“Chucky” (Star+)
Ninguém esperava que uma série sobre o Brinquedo Assassino fosse agradar a crítica e muito menos a comunidade LGBTI+, mas as duas temporadas de Chucky acabaram conquistando o público e despertando até uma certa simpatia pelo boneco, que agora resolve matar para proteger seu novo dono, um adolescente gay, de sofrer homofobia e bullying na escola.
“Uma Equipe Muito Especial” (Prime Video)
Criada por Abbi Jacobson, de Broad City, a comédia é baseada no filme de mesmo nome, lançado em 1992, e acompanha a história de uma equipe feminina rumo à Liga de Beisebol Profissional durante a Segunda Guerra Mundial. O elenco majoritariamente feminino carrega o tom do humor com maestria.
“Queer Eye Brasil” (Netflix)
A versão brasileira do sucesso mundial de Queer Eye era há muito antecipada e finalmente chegou este ano, introduzindo os “cinco fabulosos” Fred Nicácio, Luca Scarpelli, Guto Requena, Rica Benozzati e Yohan Nicolas. Apesar de a fórmula já estar batida a essa altura, é legal vê-la replicada aqui no Brasil, principalmente pelas histórias comoventes dos personagens que se submetem às transformações do grupo. No quesito emoção, destaque para o segundo episódio, protagonizado por um pai viúvo que se abandonou desde que perdeu a esposa para o câncer.