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Vitórias de LGBTQIA+ para o Congresso dão esperança à comunidade nos EUA

EUA terá o Congresso mais LGBTQIA+ da história (Foto: Adobe Stock)

O retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, após derrotar Kamala Harris nas eleições de 2024 na madrugada deta quarta-feira (6), pode significar um retrocesso histórico e sem precedentes para os direitos LGBTQIA+. Mas houve também resultados positivos que trazem esperança em um dia de eleições difíceis: 12 candidatos da comunidade foram eleitos para cargos na Câmara dos Representantes.

Destes, dez eram candidatos à reeleição: Robert Garcia (Califórnia), Mark Takano (Califórnia), Sharice Davids (Kansas), Angie Craig (Minnesota), Mark Pocan (Wisconsin), Eric Sorensen (Illinois), Ritchie Torres (Nova York), Becca Balint (Vermont) e Chris Pappas (Nova Hampshire) venceram, todos pelo Partido Democrata. Agora, juntam-se a eles mais quatro deputados democratas: Julie Johnson (Texas), Emily Randall (Washington), Sarah McBride (Delaware).

Representantes LGBTQIA+ eleitos para o Congresso dos EUA: Angie Craig, Becca Balint, Chris Pappas, Emily Randall, Eric Sorensen, Julie Johnson, Mark Pokan, Mark Takano, Ritchie Torres, Sarah McBride, Robert Garcia e Sharice Davids
Representantes LGBTQIA+ eleitos para o Congresso dos EUA: Angie Craig, Becca Balint, Chris Pappas, Emily Randall, Eric Sorensen, Julie Johnson, Mark Pokan, Mark Takano, Ritchie Torres, Sarah McBride, Robert Garcia e
Sharice Davids

O resultado mais marcante da madrugada de apuração foi a vitória de Sarah McBride no estado de Delaware, tornando-se a primeira pessoa trans a ocupar uma cadeira no Congresso em mais de 235 anos de história. Ela toma posse do cargo em janeiro, após vencer o candidato do Partido Republicano, John Wallen, com quase 58% dos votos.

“Tenho orgulho de ser sua próxima congressista”, escreveu McBride em uma mensagem de agradecimento nas redes sociais. “Delaware enviou a mensagem de que devemos ser um país que protege a liberdade reprodutiva, que garanta licenças remuneradas e cuidados infantis acessíveis a todas as nossas famílias, que garanta habitação e que os cuidados de saúde estejam disponíveis para todos.”

Sarah McBride é a primeira trans eleita para o Congresso dos EUA (Foto: Reprodução/Twitter)

Esse é um enorme triunfo nessa que ficou marcada como a eleição estadunidense mais transfóbica de todos os tempos. Segundo dados do New York Times, o Partido Republicano gastou mais de US$ 65 milhões (cerca de R$ 369 milhões) em publicidade anti-trans entre os meses de agosto e outubro deste ano, e a narrativa contra pessoas trans foi replicada em todas as disputas federais, estaduais e nas campanhas de emendas constitucionais de cada estado.

Quem também marcou a história política nestas eleições foi Emily Randall, eleita deputada pelo Partido Democrata no estado de Washington, derrotando o republicano Drew MacEwen com quase 15% pontos percentuais de diferença. Ela será a primeira queer e latina no Congresso.

“Fizemos mais do que vencer esta eleição: fizemos história”, disse Randall. “Juntos, quebramos três tetos de vidro. Quando eu assumir o cargo em janeiro, me tornarei a primeira mulher racializada a ocupar esta cadeira, a primeira pessoa abertamente LGBTQ+ a representar o estado de Washington no Congresso e a primeira latina queer do Congresso.”

A eleição de 12 representantes LGBTQIA+ será um recorde para a Câmara de Deputados dos EUA, superando os 11 membros registrados em 2023, até a renúncia do democrata David Cicilline (Rhode Island) e o impeachment do republicano George Santos (Nova York), brasileiro que confessou crimes de fraude no país.

Eleições EUA: outros destaques LGBTQIA+ que também fizeram história  

Além da eleição nacional que elegeu presidente, senadores e congressistas federais, também houve disputa eleitoral para casas legislativas de cada estado. Por lá, há senadores e legisladores estaduais, cargos que são equivalentes aos de deputado estadual no Brasil. E vários estados elegeram candidaturas LGBTQIA+, inclusive em regiões vermelhas, como são conhecidos os lugares que votam tradicionalmente no Partido Republicano, que é mais conservador e resistente às pautas em favor da comunidade.

Um dos exemplos é Keturah Herron, que foi a primeira pessoa queer e negra eleita senadora estadual no Kentucky, que desde 2000 vota em republicanos para a presidência. Outro estado tradicionalmente vermelho é o Texas, que a partir de 2025 terá sua primeira senadora abertamente LGBTQIA+, com a vitória de Molly Cook, que é bissexual.

O Tennessee também é um estado que entrega seus delegados ao Partido Republicano desde 2000, na primeira corrida de George W. Bush. Mas entre os novos membros da assembleia legislativa está Gabby Salinas, que será a primeira mulher LGBTQIA+ latina a ocupar esse cargo. Já a Georgia, que se tornou um swing state nas última eleições, elegeu pela primeira vez um homem gay negro para a camara estadual com Rashaun Kemp.

Uma vez que nos EUA cada estado tem sua própria legislação, toda representatividade nas casas estaduais é importante para a comunidade. Ainda mais quando, no âmbito nacional, Senado e Câmara Federais têm maioria republicana, abrindo espaço para que as pautas conservadoras defendidas pelo novo-velho presidente Trump sejam aprovadas com facilidade.

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