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Playlist: Os melhores lançamentos LGBTI+ de outubro

Disco de Marina Mathey, parceria de Pabllo Vittar com Gloria Groove e álbum de Tove Lo são destaques dos lançamentos musicais de artistas LGBTI+ em outubro

Disco de Marina Mathey, parceria de Pabllo Vittar com Gloria Groove e álbum de Tove Lo são destaques dos lançamentos musicais de artistas LGBTI+ em outubro

Na coluna deste mês com os principais lançamentos LGBTI+ de artistas nacionais e internacionais em outubro, o colunista Fabiano Moreira* comenta os novos discos de Mykki Blanco, Willow, Marina Mathey, Tove Lo e Taylor Swift, os novos singles de Caroline Polachek, Shakira e Irmãs de Pau, a parceria entre Kalef Castro e Mc Marie, além das faixas inspiradas no Halloween de Jimbo, Pabllo Vittar com Glória Groove e João Brasil.

Abaixo, confira a seleção. E não deixe de seguir a nossa playlist logo aqui para ouvir também outros lançamentos que saíram ao longo do ano:

Mykki Blanco – “Stay Close to Music”

“Black and gay I wonder if they’ll ever claim us / HIV I’ve got HIV can I still be famous?/ Will they wait till I’m dead to give me credit”, diz a poeta e artista estadunidense Mykki Blanco em “Carry On”, música com Jónsi, da banda islandesa Sigur Rós, que divulga um dos discos mais esperados do ano, o bom Stay Close To Music, que traz colaborações com Anohni, Devendra Banhart, Saul Williams, MNEK e Kelsey Lu. A artista carrega influências rave, trap, grunge e punk para dentro de uma piscina de hip hop experimental e afrofuturista. O clipe de “Carry On” conta a história de um refugiado africano vivendo com HIV que busca asilo no sul da Europa.

“Um objetivo de toda a minha carreira é contar as histórias e retratar cenários de vida estranhos que são muito reais, mas raramente abordados. Há espaço para ser bicha quando você é refugiado em busca de refúgio? Você é obrigado a escolher entre ser negro e ser bicha?”, Blanco explica sobre a canção, uma forma de protestar contra a imprensa que o rotula como rapper gay ou “soropositivo”.

Willow – <Copyngmecanism>

Filha de Will Smith e Jada Pinkett Smith e irmã do também muito talentoso Jaden, a artista bissexual Willow, 21 anos, lançou seu sexto disco, o potente e roqueiro <Copyngmecanism>, influenciado pela audição de rock clássico, como o do Queen, sem deixar de flertar com o metal em algumas faixas, como “WHY?”. Willow é o futuro do rock que já chegou e reconhecida pela nova geração como tal. A capa e os visuais do trabalho têm pegada cyberpunk. O clipe tem uma colação de velcro bem amorzinho com Paris Jackson, filha de Michael Jackson, enquanto a gata também arrasa no volante.

Marina Mathey – Boneca Pau Brasil

Eu já tinha anunciado aqui na coluna de agosto a chegada de Boneca Pau Brasil, o disco de estreia da cantora e compositora paulistana Marina Mathey, no qual ela mergulha em resgate da Semana de Arte Moderna de 22 e na reflexão mais ampla sobre o extrativismo e a colonização de corpos, mas sob a perspectiva travesti e latino americana. Ela mistura a linguagem pop com viés conceitual, como no clipe da canção-título.

“Além de numa busca por rever a ausência de corpas trans nos modernismos brasileiros que desembocaram no movimento tropicalista – ausência inclusive das retratações feitas por quem participava destes movimentos, que tanto se apropriaram da imagem de pessoas negras e indígenas – me vi no ímpeto de construir uma perspectiva crítica dessa história do Brasil por meio da música”, explica Marina. O disco tem participações de Liniker, Lyryca e a argentina Susy Shock. Marina mistura samba, forró, tango, “rock debochado de travesti” e pop em um disco curto, mas certeiro. Bati um papo com ela aqui.

Tove Lo – Dirt Femme

Dirt Femme é o quinto álbum de estúdio da artista sueca Tove Lo, lançado de forma independente pela sua gravadora, a Pretty Swede Records. O disco é uma jornada visual e sonora em um “novo mundo” criado pela artista. A inspiração do álbum veio de um momento de introspecção durante a pandemia do coronavírus que gerou reflexões sobre carreira, feminilidade e pansexualidade em meio ao seu casamento com Charlie Twaddle. Na capa do álbum, ela aparece usando um ferrão metálico de escorpião-robô preso às costas, em referência ao seu signo astrológico e também como símbolo de feminilidade. “Eu adoro o fato de que o escorpião feminino come o escorpião masculino após o acasalamento. Sempre me dizem que eu atraio as pessoas e as consumo”, conta a artista.

Taylor Swift – “Midnights”

Taylor Swift pode não ser LGBTI+ (ao contrário do que dizem algumas teorias conspiratórias), mas boa parte da sua base de fãs é. Midnights, que marca seu retorno triunfante ao pop com o auxílio do onipresente Jack Antonoff, chegou como se esperava: quebrando recordes, com conceito bem amarrado e uma provável turnê mundial na manga, além de uma série de clipes a serem lançados, dentre os quais está “Lavander Haze”, onde ela faz par romântico com um modelo transmasculino.

Musicalmente, o disco parece definir em um prisma de cores, sentimentos e sons o que pode vir com o badalar de uma meia-noite, com letras regadas a romance, autocrítica, nostalgia, arrependimentos e “fantasias sobre vingança”. A delicadeza do bedroom pop pode não ser exatamente uma novidade, mas em Midnights o subgênero musical ganha dimensões fantásticas em faixas como a contagiante “Maroon”, a nostálgica “Midnight Rain” e a parceria tão aguardada com Lana Del Rey na apaixonada “Snow On The Beach”.

“You’re On Your Own, Kid” é um mergulho nos muitos “e se…?” da vida e fala sobre o sentimento de alienação social e solidão, ilustrado melhor nos vocais suaves e minimalistas de Taylor. O primeiro single, “Anti-Hero”, é uma alegoria de suas paranoias disfarçadas sob uma batida pop e um refrão chiclete. Mas como nem toda meia-noite se passa na meia-luz de um quarto, a artista também tem seus momentos de euforia e extravasão nas vingativas e sensuais “Vigilante Shit” e “Bejeweled”, que trazem um lado pouco visto, porém muito apreciado da loirinha. / João Ker

Kalef Castro com Mc Marie – Cria de Motoca

Falei do baiano radicado em São Paulo Kalef Castro na primeira coluna do ano, em janeiro, quando ele lançou o bom EP Imersão, que contava com o hit afrontoso “Pocpocpoc”. Gay boa é gay que não descansa, e o gato, que tá cada dia mais gato, botou uma cropped, reagiu e, impulsionado pelo desejo de motoca de Motomami, da Rosalía, lançou mais um clipe divertido, dessa vez para o single “Cria de motoca”, parceria com a carioca Mc Marie, lésbica de Niterói. Vai empinar? O clipe dá um jet na Favela da São Remo, com muita coreô, ao ritmo de drill e funk, “com fogo de cinco raparigas” e calcinha fio dental string masculina. Inclusive palmas pro motoqueiro, né? Feito de aço. E viva o amor LGBTQIPA+ periférico.

Irmãs de Pau – “Shambaralai”

As Irmãs de Pau emplacaram seu disco de estreia, Dotadas, no meu top 10 de discos LGBTQIPA+ 2021 aqui na Híbrida. Pois a nova era do segundo disco começou com o lançamento do clipe babadeiro para “Shambaralai”. O som, potente e dançante, tem beats inspirados na música eletrônica, no rap, no funk e no trap, com referências do voguing e da cultura ballroom. No clipe, Isma Almeida e Vita Pereira tocam a dominação das travas no espaço automotivo que sempre foi visto como cis, hétero e masculino. Elas invertem a lógica de liderança daquele ambiente: agora são as travas quem comandam. Como não amar as balaclavas da Agemó? Leia aqui minha entrevista com a dupla.

Shakira com Ozuna – “Monotonía”

O novo estado civil só tem feito bem para a diva colombiana Shakira, que acaba de lançar a bachata Monotonía” com o porto-riquenho Ozuna. A gata codirigiu o clipe, filmado em Manresa, na Espanha, e a letra parece refletir sobre o fim de seu casamento com o jogador Gerard Piqué. Este é o segundo single do próximo projeto da cantora, depois de Te Felicito”, com Rauw Alejandro, que esteve nas paradas de sucesso. Shakira é a artista latina com mais views no YouTube e também a mais tocada de todos os tempos no Spotify.

Halloween LGBTQIPA+ com Jimbo, Pabllo Vittar feat Gloria Groove e João Brasil

A drag clown canadense Jimbo já tinha passado por aqui, em maio, com o clipe babadeiro de “FREE & HORNY”, no qual dividia a pipoca na sessão de cinema com Pennywise. No clipe de “Pumpkin Tits”, é claro que ela serve lookinhos e peitos de abóbora e maquiagens que emulam o Kiss. 

Aqui no Brasil, as duas maiores drag queens da música, Pabllo Vittar e Gloria Groove, também vestiram o halloween com batidas de baile funk para lançar “AMEIANOITE”, segunda faixa do novo disco de Pabllo, depois do arrasa-quarteirão que foi “Descontrolada”, com a MC Carol, destaque da coluna de setembro.

Quem também misturou funk e Halloween foi o produtor João Brasil, que lançou “Rave Estilo Vecna”, levando Stranger Things pro baile.

Caroline Polachek – “Sunset”

A cantora, compositora e produtora artsy Caroline Polachek lançou o single “Sunset”, o segundo do ano, que chega depois de “Billions”, com o coral Trinity de Londres. A internet não perdoou e cravou que a inspiração foi a nossa Babado Novo, o que me parece perfeitamente compreensível, risos. A canção tem instrumental contagiante com influência da música flamenca, com violões acelerados e palmas. O videoclipe, gravado em Barcelona, é dirigido pela artista e por Matt Copson.


*Fabiano Moreira é jornalista desde 1997 e já passou pelas redações de O GloboTribuna de MinasMix BrasilRG e Baixo Centro, além de ter produzido a festa Bootie Rio. Atualmente, é colunista da Sexta Sei.

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