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Melhores lançamentos de fevereiro: Gloria Groove, Ludmilla, Lia Clark e mais

Melhores lançamentos de fevereiro: Gloria Groove, Ludmilla, Lia Clark e mais (Foto: Reprodução)

Melhores lançamentos de fevereiro: Gloria Groove, Ludmilla, Lia Clark e mais (Foto: Reprodução)

Às vésperas do Carnaval 2022 (que deve acontecer de um jeito ou de outro, mas exatamente como ainda não sabemos), uma penca de artistas LGBTI+ nacionais e internacionais lançaram novos trabalhos musicais, que independente do seu estilo e programação cabem na sua playlist para a folia.

Do aguardado e excelente disco de Gloria Groove, Lady Leste, aos pagodões de Ludmilla, João Rosa e d’A Travestis (que faz show no Rio durante o feriado, no arrastão promovido por Mulú), passando pelo funk de Lia Clark, nosso colunista Fabiano Moreira comenta aqui os 10 maiores destaques de fevereiro e por que você deve conhecê-los. Ah, e se perdeu os de janeiro ou quer mais novidades, é só seguir nossa playlist de lançamentos atualizada semanalmente aqui embaixo:

Gloria Groove – “Lady Leste”

A boa nova fase de Gloria Groove começou com a divulgação de “A Queda”, já anunciando no ano passado a pedrada que vinha aí com o disco Lady Leste, seu segundo álbum. As 13 faixas passeiam por funk, pop, pagode, rap e reggaeton, com produções de Pablo Bispo e Ruxell. O disco traz delícias como “Vermelho”, quase uma emulação ao MC Daleste; a roqueira “Bonekinha”; um pagode romântico de verdade com Sorriso Maroto, em “Tua indecisão”; o samba pop “Fogo no barraco”, com MC Tchelinho, do Heavy Baile; e o pop chiclete “Apenas um neném”, com Marina Sena, a sensação brasileira do momento.​​ É o momento da Gloria, e muito merecido (como prevemos aqui).

Ludmilla – “Numanice #2”

Quem não gosta dos pagodinhos da Ludmilla, bom sujeito não é. A cantora carioca revelada pelo funk lançou o Numanice #2, sua segunda incursão no molejo pagodeiro após o sucesso do primeiro projeto dedicado ao gênero, com dez faixas inéditas (também conhecidas como “as canetadas da Lud”).

O disco é uma declaração de amor à dançarina e esposa Brunna Gonçalves, recém-eliminada do BBB 22. “Maldivas” foi composta na viagem tardia de lua-de-mel que as duas fizeram às Ilhas, em novembro de 2020. já “212” é uma referência ao perfume de Brunna e foi composta após seu confinamento na Casa Mais Vigiada do Brasil. “Senti o cheiro do perfume dela e já me deu aquele vazio, uma saudade gigante e, de repente, passei pro papel tudo o que estava sentindo e nasceu two-one-two”, lembra Ludmilla. O disco é contagiante.

Lia Clark – “LIA (pt.1)”

Lia Clark se mantém fiel ao ritmo que a consagrou, o funk, em seu novo álbum homônimo LIA (pt.1), que ganha um complemento ainda neste ano. A capa do disco é uma homenagem ao ensaio de Valesca Popozuda para a Playboy, em 2009. Uma das melhores faixas traz feat com a carioca MC Naninha, que estrela na faixa “PQP! (tu fez do jeito que eu queria)”. Em “VRAU”, a drag une o funk ao pagodão baiano, numa mistura inusitada e aposta certeira que segue essa primeira parte do disco na junção de vertentes como o rave funk, de favela e pop.

Arthur Nogueira – “Brasileiro profundo”

“Deve haver no mundo um bom lugar pra nós”, canta o paraense Arthur Nogueira em “Voo e mansidão”, música de seu novo disco Brasileiro Profundo, o sexto da carreira, na qual fala abertamente sobre uma relacionamento homoafetivo. O trabalho chegou ao mercado atrelado a um livro de poesia e a um videoalbum gravado em diferentes cidades do País com direção do cineasta Vitor Souza Lima. Este é o primeiro álbum com letras compostas majoritariamente por Nogueira, com a exceção de duas parcerias importantes com os poetas-letristas Antonio Cicero e Jorge Salomão. Ah, o prefácio do livro é assinado por Adriana Calcanhotto.

Enme – “Atabake”

Eu tinha falado da maranhense Enme aqui, na última coluna, com o lançamento do bom single “Dama da quebrada”, uma prévia do surpreendente disco de estreia Atabake, que chegou com o clipe de “Magia Negra”, que traz a parceria de Bixarte, de João Pessoa, e a noite de São Luís como pano de fundo. Na tracklist, estão “4 por 4”, o primeiro single divulgado, mas também uma mistura única de reggae, afrobeat, hip hop, pop e funk em nove faixas, que levam produção de Adnon Soares e da própria artista.

Nega Preto e Kalleb – “Binaricídio”

No último Dia da Visibilidade Trans (29 de janeiro), Nega Preto e Kalleb, de Petrópolis, lançou o EP Binaricídio, focado na vivência de pessoas pretas trans e não-binárias. Kalleb tem 20 anos e faz arte desde os 6, dançando, e já falei de Nega Preto aqui antes. Em sintonia, a dupla equilibra versos sobre “O Peso de Ser Trans” e a dificuldade de se encaixar, mas também exaltam o peito que deixou “Cheirinho na Durag”.

A Travestis – “Bonequinha Tailandesa”

A gente já ama o pagodão baiano, e a nova variação, o pagodão acelerado, tem tudo pra decolar também, como mostra o EP Bonequinha Tailandesa, novo trabalho de A Travestis, projeto capitaneado por Tertuliana Lustosa e baseado nas vivências trans e LGBTQIA+. A música que dá nome ao EP fala, de uma forma descontraída, sobre a viagem de mulheres trans para a Tailândia a fim de realizar cirurgia de vaginoplastia. Já em “Toma botada”, ela traz a participação de Nininha Problemática, drag queen já conhecida no gênero musical. Para saber mais sobre a Tertuliana, chega aqui.

Rosalía – “Saoko”

Só cresce a expectativa com o novo disco da estrela espanhola Rosalía, MOTOMAMI, que chega no próximo dia 18 já como um dos álbuns mais esperados do ano. No trabalho, ela promete uma mistura de dembow, champeta, flamenco, bachata, hip-hop e melodias de piano. Já no clipe de “Saoko”, segundo single divulgado e que virou unanimidade nas redes tão logo saiu, a artista serve feminilidade feroz e atitude destemida em meio a uma gangue de motociclistas mulheres na pegada de um reggaeton clássico.

Gabeu – “Bailão”

O novo clipe do astro do pocnejo Gabeu tem a direção de Sillas H e participação especial de Getúlio Abelha, que surge como apresentador de um programa de auditório. A faixa faz parte do bom disco de estreia do artista, Agropoc (leia nossa entrevista com ele aqui) e o vídeo segue o caminho do clássico “Viola, Minha Viola”, programa musical focado na cena caipira e exibido desde 1980.

João Rosa – “Amor Que Edifica”

Poc, João Rosa segue os passos de Ludmilla no pagode queer com o single “Amor que edifica”, o sexto de sua carreira. Leve, divertido e romântico, o single de verão foi composto pelo artista, que assina todas as suas músicas. “Eu me sinto mais confortável em desenvolver meu trabalho dentro desse universo, porque acho que o samba e o pagode são os estilos que mais escuto. No entanto, como a nossa vivência é pouco abordada, isso abre espaço para as LGBTQIA+ que, como eu, sempre amaram o estilo, mas não se sentiam representadas nas letras das canções”, conta o cantor, mostrando que um casal LGBTQIA+ vive as mesmas situações dos demais. Campo-grandense radicado em São Paulo, onde faz mestrado em sociologia, João é irmão de Karan Cavallero, da banda Atitude 67, responsável pelo sucesso “Cerveja de Garrafa”.

Boombeat e Cyberkills – “Bonita de Costas”

Boombeat, uma das rappers à frente do grupo Quebrada Queer, anuncia nova fase na carreira solo com a produção esperta do duo CyberKills (Gabriel Diniz e Rodrigo Kills), que não só assina seu último single, “Bonita de Costas”, como seu próximo EP, que deve sair ainda no primeiro semestre de 2022. “As más línguas falam mal de mim/(Foda-c)/Enquanto as boas me chupam de ‘vagarin’/aham OK!”, diz a letra, bem safadinha. “O som transita entre o trap e o funk de uma forma não convencional e se torna uma mistura perfeita para tocar na pista, dançar, se divertir e rir dos encubados”, comenta a artista. O EP, Bárbara, vai falar sobre seu processo de entendimento como travesti e sua transição de gênero ao longo de outras três faixas.


*Fabiano Moreira é jornalista desde 1997 e já passou pelas redações de O Globo, Tribuna de Minas, Mix Brasil, RG e Baixo Centro, além de ter produzido a festa Bootie Rio. Atualmente, é colunista da Sexta Sei.

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