Mesmo que 2021 tenha parecido e sentido apenas uma prorrogação excruciante de seu antecessor em muitos aspectos, a produção musical lançada esse ano conseguiu frutificar, ainda que enfrentando muitos desafios. De bichas do interior a travas do trap e meninas do Rio, a safra de artistas nacionais que se identificam abertamente como LGBTI+ não ficou pra trás desse movimento e, mais do que seguir seu ritmo, apontou a direção para que muitos surgiram depois.

Alguns nomes já consagrados da nossa cena musical ousaram arriscar mais ao longo de 2021, entregando trabalhos igualmente inesperados e irresistíveis. Outros conseguiram refinar o próprio som, potencializando aspectos já promissores e, agora, ainda melhores. Houve também quem quebrasse o jejum dos fãs com retornos há muito esperados e até aqueles que já chegaram com os dois pés na porta, se lançando com propostas redondas, originais e capazes de nos conquistar à primeira ouvida.

Abaixo, a Híbrida se joga na difícil missão de listar (ou pelo menos tentar) os 25 lançamentos musicais de artistas LGBTI+ do Brasil que mais se destacaram em 2021. Logo abaixo, elencamos também as 25 músicas que mais marcaram o cenário internacional, seja pelas mãos de divas que amamos ou de nomes da nossa própria comunidade. Claro, isso não é tudo o que saiu ao longo do ano, então se você quiser conferir tudinho, é só seguir a nossa playlist de lançamentos, que foi atualizada semanalmente.

(Por sinal, a desse ano já está no ar, então clique aqui e já segue pra não perder nada.)

MÚSICAS NACIONAIS

01. Gloria Groove – “A Queda”

É difícil pensar em uma artista que evoluiu e venceu tanto em 2021 quanto Gloria Groove, que, além de arrebatar o público semanalmente no Show dos Famosos, deu uma guinada quase impensável no som e na carreira. “A Queda”, primeiro single dessa nova fase, consegue reunir uma alegoria de suas melhores qualidades: a voz polida que ela geralmente reserva para as canções R&B, a língua afiada nos versos de rap e um refrão que, por trás da fórmula pegajosa, traz a reflexão sobre o panorama sociocultural e, nesse caso, aponta a arma da artista diretamente para os tribunais de rede social sem tirá-la também da mira. Coroando isso tudo, o videoclipe dirigido por Felipe Sassi é uma obra-prima à parte, trazendo uma estética original e misturando signos circenses e macabros ao mesmo tempo em que revitaliza o nosso cenário pop. O velho ditado de que a mídia “primeiro te constrói para depois te derrubar” é popularmente atribuído a Marilyn Monroe e, quase 60 anos depois, parece continuar tão verdadeiro como nunca na voz de Gloria. / João Ker

02. Linn da Quebrada e BADSISTA – “quem soul eu”

Era uma tarefa difícil manter a genialidade que demonstrou com sua estreia em Pajubá (2017), mas o segundo disco de Linn, Trava Línguas, traz a voz, a mensagem e o som da artista em sua melhor forma até hoje. O treinamento vocal que fez com Thiago Pethit aparece em momentos debochados como “medrosa – ode à Stella do Patrocínio” ou vulneráveis como “tudo”, ao mesmo tempo em que os trocadilhos concretistas seguem brincando com a língua, seja ela portuguesa, brasileira ou iorubá. Com referências que vão da bíblia a Xica Manicongo, Linn vai colocando o público para dançar, pensar e exorcizar até o que não sabia precisar. Já “quem soul eu” fecha o trabalho com a sua quintessência e o autoquestionamento que ela apresenta e mantém desde o primeiro dia. / J. K.

03. Anitta – “Girl from Rio”

Por um breve momento, pareceu que o Brasil e o mundo poderiam ser felizes de novo e aproveitar a vida com uma pandemia que existiria só no passado. Foi efêmero, mas durante a eternidade em que durou foi possível se imaginar com uma caipirinha na mão ouvindo “Girl from Rio” à beira-mar. Apesar de não ser unanimidade, o single conseguiu apresentar com maestria a carioquice de Anitta (seja na letra sobre suas reviravoltas familiares ou no samplo de “Garota de Ipanema”) ao público gringo e ainda manter-se fiel à enorme base de fãs brasileiros, mesmo que cantado em inglês. Não só isso, mas também é preciso reconhecer a ousadia (e genialidade?) de reunir na mesma faixa os nomes de Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Stargate. / J. K.

04. Pabllo Vittar – “A Lua”

Com mais um ano pra lá de prolífico, Pabllo entregou os hits dançantes que seus fãs tanto amam e cobram com o disco Batidão Tropical e o single comemorativo dos seus cinco anos de carreira, “Number One”. Com muitos momentos para a pista de dança, fosse influenciada pelo trap ou pelas misturas nordestinas de forró, brega e calypso, “A Lua” é quase uma surpresa na discografia da artista e tratou logo de conquistar o público. Com o dedo inconfundível de Alice Caymmi na composição e seu timbre deixando rastros no refrão, a balada romântica foi uma ótima ferramenta para mostrar a evolução vocal de Pabllo. / J. K.

05. BadSista – “A Braba do Jaca”

Responsável por algumas das melhores produções dos últimos anos, BadSista finalmente lançou seu primeiro disco, Gueto Elegance, que vem recheado de colaborações preciosas e ainda promete nos fazer dançar muito no próximo ano, se as condições sanitárias assim permitiram. A mistura de proibidão com as batidas ora pesadas, ora sutis, encontra o ápice em “A Braba do Jaca”, onde o rap de Lari bxd 777 traz uma letra despudorada sobre sexo lésbico sob o efeito de entorpecentes e a produção de BadSista poderia enganar os mais desavisados e tocar em muito baile de patrícia. / J. K.

06. Karol Conká e RDD – “Subida”

Depois de lavar todo o ódio coletivo que recebeu no pós-BBB em “Dilúvio”, Karol Conká retomou sua língua de chicote sem dó em “Subida”, esbanjando a autoconfiança que nos fez amar a mamacita desde o início. A parceria com RDD, do BaianaSystem,  traz aquela percurssão convidativa do produtor e modela o flow da rapper em um hino de empoderamento e good vibes, pronta pra subir mais. / J. K.

07. Silva, Marina Sena e RDD – “Te Vi Na Rua”

De longe a maior revelação do ano, Marina Sena foi chegando com um jeitinho de mineira que não come nada quieta e, como ela mesma profetizou, acertou em cheio, de primeira. Sua música solar encontra a consonância ao lado de Silva e RDD,  trazendo a combinação perfeita para curtir um dia bonito no litoral capixaba, baiano ou onde mais der vontade de flertar (e ser exaltado por uma bunda). / J. K.

 

08. Getúlio Abelha – “Voguebike”

Getúlio Abelha é o autodeclarado “sad clown of forró”, e esta canção traz todo o brilho de sua proposta em um forrozinho bem gostoso pra dançar juntinho. / F. M. 

09. Bemti – “De Tanto Esperar”

Carregando um dos melhores discos do ano embaixo do braço com Logo Ali, Bemti trouxe um som tão fresco que nos fez repensar a ideia de música popular brasileira, especialmente aquela nascida e criada em Minas Gerais. “De Tanto Esperar” dá simplicidade a algumas das nossas maiores questões vivenciais, cristalizadas na voz emocionante do artista. / J. K.

10. Rico Dalasam, Dinho e Moi Guimarães – “Expresso Sudamericah”

Ainda que Dolores Dala Guardião do Alívio ainda fale sobre os relacionamentos que não deram tão certo e a saudade que eles deixam, Rico não deixa de mandar o recado sobre as opressões e como tenta lidar com elas. “Expresso Sudamericah” é ambientada numa linha de ônibus enquanto o rapper solta seu flow sobre enterros, o cansaço de ser forte, os corres de um artista independente, o passado e o presente. / J. K.

11. Noporn – “Praia de Artista”

Gravado no início da pandemia, o disco SIM ficou guardado no forno até abril deste ano, quando Liana Padilha e Lucas Freire decidiram soltar o play nos flashes e na máquina de fumaça para fazer a gente dançar, mesmo no isolamento. “Praia de Artista” traz a mesma descrição de uma balada cool que transformou “Baile de Peruas” em um clássico inesquecível, dessa vez com curadoras gringas, curadores sarados, sobrenomes difíceis e gente querendo ser vista. / J. K.

12. Luísa Sonza – “penhasco.”

Com um dos repertórios mais recheados de versos sobre sentar, quicar e rebolar a raba, Luísa Sonza abriu seu coração sobre o término com Whindersson Nunes e soltou o gogó em “penhasco.”,  uma balada guiada pelo piano, letras confessionais e, como pede a fórmula, guardando o clímax vocal para o fim. Para quem se espantou e até duvidou, a artista fez questão de mostrar em várias performances ao vivo que segura a nota do final com maestria. / J. K. 

13. Os Amantes – “Linda”

O projeto colaborativo entre Jaloo e Strobo, que traz Leo Chermont na guitarra e Arthur Kunz na bateria e programações, criou o casamento perfeito entre a produção dos dois nomes, parindo um disco cheio de romance, que encontra seu ponto alto nesse suingue desesperado de paixão. / J. K.

14. Jão – “Meninos e Meninas”

Jão pegou as lágrimas, noites loucas, amores errados e arrependimentos que marcaram seus primeiros trabalhos e jogou tudo isso numa pista de dança em Pirata. “Meninos e Meninas” é o mais explícito que ele já foi sobre sua bissexualidade até aqui, pegando emprestado uma inspiração no clássico de mesmo nome do Legião Urbana – e dando um passo mais ousado do que Renato Russo à época, confessando ao longo do caminho que “nunca foi santo”. / J. K.

15. Johnny Hooker – “Amante de Aluguel”

Anunciando o próximo disco de inéditas de Johnny Hooker, “Amante de Aluguel” mostra que ele ainda consegue fazer o público dançar com uma boa aposta em refrões que ruminam o passado e melodias que grudam na cabeça à primeira ouvida.  / J. K.

16. Filipe Catto – “Eva (Vênus Ao Vivo)”

Dona das lives mais chics de toda a pandemia, Filipe Catto passou boa parte do isolamento entregando uma releitura mais deliciosa do que a anterior, em performances temáticas e com um repertório mais abrangente que muita máquina de karaokê. Em “Eva”, o arranjo progressivo com a voz etéra e sombria de Catto dão roupagem de melancolia pós-apocalíptica a um dos maiores clássicos do axé, tornando a música na trilha perfeita para encarar o fim da odisseia terrestre – que ainda não foi dessa vez. / J. K.

17. Gabeu – “Esconde-Esconde”

Gabeu é um dos artistas gays de maior destaque em 2021, por sua proposta inovadora e seu talento nato. Adoro o seu disco de estreia e todo o rolê do pocnejo, que ele fundou e nomeou. / F. M.

18. Letrux e Mulú – “Me Espera”

Voltada às pistinhas, a parceria entre Letrux e Omulú mistura as letras sinceronas e canto falado da artista carioca com mais um beat feito pra celebrar o fim da espera de quem “passou dois anos só marcando planos”. / J. K.

19. Daniel Peixoto, Silvero Pereira e DJ Chernobyl – “Anjo Querubim”

Com poucos momentos musicais registrados oficialmente, Silvero Pereira abriu uma exceção para eternizar a voz nessa releitura de “Anjo Querubim”, clássico do forró que honra suas raízes cearenses e a de Daniel Peixoto, convidado o público a dançar coladinho. / J. K.

20. Alice Caymmi – “Serpente”

De volta ao pop, Alice volta totalmente dona de si, seu corpo, seus defeitos e sua voz. “Serpente”, que anuncia Imaculada, mostra que a artista não está mais disposta a ser encaixada em qualquer padrão estético, musical, sexual ou emocional, em mais uma produção incendiante da Brabo Music. / J. K.

21. Isis Broken – “Trava que faz trap”

Do sertão de Sergipe, Isis Broken é a Bruxa Cangaceira, como batizou seu disco de esteia, e também a trava que faz trap. No caldeirão, tem repente, guitarras arrojadas, uma sanfona que chora e boas programações eletrônicas. / F. M.

22. Irmãs de Pau – “Dotadas”

Dotadas de talento, coragem, malícia e sacanagem, as Irmãs de Pau, as amigas Isma Almeida e Vita Pereira, serviram humor e irreverência nesse hit instantâneo. / F. M.

23. Ney Matogrosso – “Mi Unicornio Azul”

Difícil imaginar alguém que tenha chegado ao mesmo estágio de vida e carreira que Ney Matogrosso mantendo aceso o tesão pela música. Nu Com a Minha Música, disco de releituras que vão de 1969 a 2020 na voz do artista, mostram que ele conserva não só isso, mas também a voz e a capacidade de, com ela, ainda nos emocionar. “Mi Unicornio Azul”, sua versão para a balada “Unicornio” (Silvio Rodríguez, 1982), dispensa o entendimento de espanhol para captar a emoção no tom do artista. / J. K.

24. Majur e Liniker – “Rainha de Copas”

Desde que se lançou no horizonte nacional, Majur tem sido comparada a Liniker pela potência da voz e pela forma que destila amor ao cantar. Nessa parceria, as duas não poupam leveza, elogios ou cordas vocais ao cantarem a história de uma femme fatale ladra de corações que se torna a perfeita arena para que elas mostrem suas individualidades. / J. K.

25. Quebrada Queer – “ABC do QQ”

Após um hiato de dois anos, o primeiro cypher LGBTI+ do Brasil volta com seus seis membros marcando posição na luta por voz, espaço e representatividade, sem esquecer dos looks incríveis, coreografias elaboradas e um beat pesadão, cortesia da produção de Apuke. / J. K.


MÚSICAS INTERNACIONAIS

01. Lil Nas X – “MONTERO (Call Me By Your Name)”

A referência a um dos maiores romances gays da última década logo no título já indicava que Lil Nas X viria totalmente disposto a explorar a homossexualidade no seu primeiro disco de estúdio. O que acabou se tornando só um prelúdio para o maior lançamento LGBTI+ internacional do ano é também uma música despudorada sobre a obsessão com o primeiro amor e, de quebra, chegou com um dos melhores vídeos do último ano. Afinal, quem imaginaria que chegar rebolando ao inferno e se esfregar de shortinho no capeta poderia ser uma ideia sequer cogitada para um artista do hip hop? / J. K.

02. Lady Gaga e Pabllo Vittar – “Fun Tonight”

Foi difícil imaginar que algum brasileiro conseguiria feito maior no pop do que a colaboração de Anitta e Madonna, mas Pabllo conseguiu esse espaço em Dawn Of Chromatica e, por deus, quem imaginaria que o maior feito de Bloodpop seria promover essa parceria. Ouvir os vocais da Mãe Monstra em um technobrega lado a lado com uma drag queen brasileira – que não deixou nada a desejar na pronúnica ou entonação – foi um dos maiores prazeres e orgulhos dos LGBTI+ brasileiros esse ano. E não bastasse ter sido a faixa mais tocada do disco de remixes e superar os plays da versão original, a música ainda parece ter agradado Gaga, que na semana de lançamento postou um vídeo seu nos stories enquanto ouvia a gravação e fumava um beck enrolado em seda marrom. / J. K.

03. Billie Eilish – “Happier Than Ever”

Poucas artistas desfrutaram de tanta aclamação na estreia como Billie Eilish. Logo, quando ela anunciou seu segundo disco, muitos esperavam uma repetição da fórmula que lhe rendeu uma quantidade absurda de Grammys. Mas a faixa-título de Happier Than Ever surpreendeu até os maiores puristas do rock, extrapolou todos os limites de público ou gênero possíveis e gerou uma coletânea de reações impagáveis à medida que o público conhecia essa faceta mais raivosa e menos letárgica da artista. / J. K. 

04. Halsey – “I am not a woman, I’m a god”

“I am not a woman, I’m a god” talvez seja o ponto alto da união entre Halsey, Trent Reznor e Atticus Ross, produtores do imersivo If I Can’t Have Love, I Want Power. Numa batida eletrônica e industrial, que remete a uma das músicas mais famosas do Nine Inch Nails (a envolvente “Closer”), a faixa traz Halsey numa batalha interna que serve de exemplo para o conteúdo lírico de seu álbum mais recente. / Maria Eugênia Gonçalves

05. Demi Lovato – “The Kind of Lover I Am”

Mesmo carregado com baladas confessionais e um detalhamento quase excessivo sobre suas batalhas contra o vício, Dancing With The Devil… The Art Of Starting Over é um disco dividido em duas partes (uma emocional e a outra divertida), cujo brilho reluz mais quando Demi se desprende do passado. “The Kind Of Lover I Am” traz a artista na mesma energia de seu maior hit, “Sorry Not Sorry”, enquanto ela se solta em uma produção leve sobre a busca por um amante que pode ser homem ou mulher, ter uma “wap” ou um “p*uzão”. / J. K.

06. Adele – “To Be Loved”

Existe uma fascinação quase mística entre o público LGBTI+ e divas com grandes vocais, vide a santíssima trindade que dominou os charts na década de 1990. Hoje, Adele é a principal representante desse gênero com léguas de vantagem e, sempre que reaparece com um novo disco, é a maior das baladas possíveis que traz a artista em sua zona de conforto e excelência. “To Be Loved”, que ela confessou não ter nenhuma vontade de apresentar ao vivo pelo tamanho da carga emocional que carrega, traz a sua maior corrida e suas melhores acrobacias vocais até hoje (o que significa algo por si só), enquanto ela canta sobre a disposição de arriscar tudo em troca de amor incodicional em sua mais alta forma. / J. K.

07. Jessie Ware – “Please”

Presente na versão deluxe do excelente What’s Your Pleasure?, “Please” é a música perfeita para o retorno às pistas de dança. Seguindo a onda disco 70’s/80’s do álbum lançado no ano passado, a faixa foi produzida por James Ford e, de acordo com Ware, é uma “maravilhosa desculpa para impedir que a festa termine”. Nós concordamos. / M. E. G.

08. Tyler, The Creator – “LUMBERJACK”

Primeira amostra do disco CALL ME IF YOU GET LOST, “Lumberjack” é uma faixa curta que se distancia dos últimos trabalhos melódicos de Tyler (Flower Boy, de 2017; e IGOR, de 2019),  ao trazer o cantor num tom mais abrasivo, inspirado pelo hip-hop das antigas e reminiscente da era Wolf (2013). / M. E. G.

09. Caroline Polachek – “Bunny Is a Rider”

Ao som de sintetizadores, linhas de baixo, barulhos de pássaros e a risada de uma criança, Caroline Polachek canta sobre um coelho que está sempre em fuga. Co-produzida pela cantora e por Danny L Harle (que já colaborou com Rina Sawayama, Charli XCX e, mais recentemente, Elton John), a faixa inventiva incorpora uma nova camada ao tom lúdico da atisra, já explorado no ótimo Pang – sua aclamada estreia solo de 2019. / M. E. G.

10. Olivia Rodrigo – “good 4 u”

Uma das principais responsáveis por reviver a obsessão pelo pop punk/rock, Olivia Rodrigo teve um dos discos mais publicizados do ano e conseguiu resgatar a nova geração para o som amargurado e carregado de guitarras que Paramore, Alanis Morissette e Avril Lavigne faziam há décadas.

11. Arca e Sia – “Born Yesterday”

Saindo de um ano repleto de lançamentos e novidades, Arca deu um ar mais comercial (mas bem de leve) ao seu som, convidando Sia para o KICK ii. A fusão inesperada fez com que os vocais potentes e letras vulneráveis da australiana encontrassem um lar surpreendente na produção industrial da venezuelana e produzissem um novo hino de autodescoberta e empoderamento. / J. K.

12. Kylie Minogue e Gloria Gaynor – “Can’t Stop Writing Songs About You”

É praticamente impossível pensar em algo mais disco e gay do que uma parceria entre Kylie e Gloria Gaynor, a diva imortal de “I Will Survive”. A mera ideia desta parceria já mereceria sua atenção, e o fato de que ela virou realidade é um fato inegável que merece o seu play. / J. K.

13. Taylor Swift e Phoebe Bridgers – “Nothing New”

Mantendo a tradição de convidar novos colaboradores para os relançamentos de seus discos prévios, Taylor lançou sua versão do Red com essa pérola quase escondida entre as releituras de outros clássicos e a explosiva versão de “All Too Well” com 11 minutos. Mesmo assim, a parceria com Phoebe nessa balada acústica sobre as expectativas de ser uma artista feminina (ou apenas uma mulher) nos Estados Unidos merece sua atenção pela delicadeza e melancolia com que aborda o escrutínio do sucesso para mulheres. / J. K.

14. Elton John e Dua Lipa – “Cold Heart (PNAU Remix)”

Duas gerações da realeza pop britânica se uniram para um hit que estourou nas paradas europeias ao longo do ano e trouxe Sir Elton John ao topo do Reino Unido depois de 16 anos, com uma ajudinha da The Blessed Madonna e de basicamente metade da discografia do artista principal. / J. K.

15. Charli XCX – “Good Ones”

Destoando do hyperpop presente nos seus últimos trabalhos, “Good Ones” é uma demonstração de como Charli XCX consegue caminhar pelos vários subgêneros do pop sem perder o seu carisma e identidade. Curta e viciante, a faixa ganhou um clipe com a artista dançando num velório, acompanhando a letra de lamentação por deixar os bons pretendentes escaparem. / M. E. G.

16. Lorde – “Mood Ring”

Lorde tentou trazer uma vibração mais solar e positiva com seu terceiro disco de estúdio e, ainda que o público não estivesse pronto para ouvir isso da artista, ela conseguiu somultaneamente exaltar e gongar a galera good vibes que se banha em cristais, cultua incenso e se sente nostálgica com os anos 2000. “Mood Ring” é um single improvável em sua discografia, mas que certamente será mais apreciado com o tempo. / J. K.

17. Big Freedia – “Judas”

O relançamento comemorativo dos dez anos de Born This Way trouxe muitas releituras inusitadas dos já clássicos sucessos de Lady Gaga presentes no disco. Nenhum, entretanto, conseguiu expressar tanta originalidade e também fidelidade ao original quanto o trap pesado e enraivecido de Big Freedia. / J. K.

18. Lana Del Rey – “Blue Banisters”

Lana sempre foi o refúgio das deprimidas e, com dois discos no intervalo de um ano, é difícil escolher apenas uma composição da artista que tenha se destacado entre tantas. Mas na faixa-título de seu segundo álbum, a artista esbanja sua evolução vocal enquanto canta sobre como suas amigas ajudaram a curar seu coração partido e ocupar o espaço deixado por um ex que prometeu pintar seus corrimões de azul e nunca mais voltou. / J. K.

19. Arlo Parks – “Hope”

Com uma das vozes mais deliciosas a surgirem nos últimos anos, Arlo Parks está ajudando a redefinir as expectativas sobre jazz e R&B do alto de seus 21 anos. Seu disco de estreia, Collapsed In Sunbeams, não deixa dúvidas de que a artista ainda vai nos impressionasr muito mais nos anos que vêm. / J. K.

20. Normani e Cardi B – “Wild Side”

Aumentando a cada lançamento as apostas sobre o sucesso de seu primeiro disco como artista solo, Normani oegou emprestado os versos expícitos e despudorados de Cardi B, uma sample de Aaliyah e fez história, mesmo que por ora não pareça isso. Seguindo a excelência de “Motivation”, a artista entregou visão, direção criativa, vocaios e coreografias, enquanto homenageou e consequentemente evoluiu o suprassumo do R&B que dominou os anos 2000. / J. K.

21. Doja Cat – “Get Into It (Yuh)”

Mais marcante a cada hit, Doja Cat lanaçou o Planet Her depois de já ter conquistado vários hits dançantes e alcvançado performances memoráveis. Em “Get Into It (Yuh)”, ela se solta no rap e parece ter uma diversão bem das merecidas, enquanto fala besteira sobre uma batida divertida e um flow irreparável à la Nicki Minaj, apropriadamente reconhecida no final da faixa. / J. K.

22. Jazmine Sullivan – “The Other Side”

Em “The Other Side”, Jazmine Sullivan canta sobre o desejo de ter um homem milionário que possa amenizar a angústia de não conseguir prover uma vida confortável para si mesma. Uma das melhores produções R&B do ano, a música faz parte do excelente EP Haux Tales, que mostra a cantora explorando sua sexualidade de forma complexa e vulnerável. / M. E. G.

23. Troye Sivan – “Angel Baby”

Mantendo a temática de “sad twink” do bedroom pop, Troye entregou uma nova balada sobre relacionamentos mal resolvidos e paixonites jovens obliterantes. / J. K.

24. Kylie Minogue e Years and Years – “A Second To Midnight”

Poucas gays podem dizer que realizaram o sonho de encontrar e se igualar à diva que lhes moldou. Em “A Second To Midnight”, Olly Alexender aproveita ao máximo essa epifania e, com muito bom humor e levea, se une a Kylie pra nos convidar a dançar até o fim da festa. / J. K.

25. Little Simz – “INTROVERT” 

Grandiosa e de aspirações cinematográficas, “Introvert” foi a escolha certeira para abrir o mais novo disco da rapper britânica Little Simz, “Sometimes I Might Be Introvert. No single, ela reflete sobre seus dilemas internos com relação à música, política e sua vivência enquanto uma mulher negra. / M. E. G.