10 beijos LGBTQIA+ que marcaram 2023

Como a Híbrida já mostrou nas outras listas da nossa Retrospectiva 2023, o último ano foi marcado por momentos LGBTQIA+ importantíssimos na música, no cinema, na TV, na política, no Brasil e no mundo. Mas para além disso tudo, decidimos também celebrar o amor (e o Desejo, tema da nossa última edição), em todas as suas formas e manifestações. Por isso, relembramos abaixo os 10 beijos que mais nos impactaram nesses últimos doze meses.

A lista relembra beijos entre amigas e entre amigos, de casais da vida real e da ficção, de comemoração e de luta, de selinho ou de língua e até de lambida. O que importa é que todos eles nos marcaram de alguma forma. Confira.

• Terra e Paixão

Interpretados pelos estreantes Diego Martins e Amaury Lorenzo, os personagens Kelvin e Ramiro formaram o casal mais inesperado e querido de Terra e Paixão, novela de Walcyr Carrasco no horário das 21h da Globo. A história do capanga bronco que é atraído pelo garçom afeminado do bar da cidade conquistou até mesmo a audiência “do sofá”, como é conhecido o espectador mais velho, tradicional e que não acompanha tanto as tendências das redes sociais.

A torcida foi enorme desde o início, mas ainda assim, foram precisos 188 capítulos para o primeiro beijo #Kelmiro, como o casal ficou conhecido nas redes. A demora até que valeu a pena: a cena exibida em 12 de dezembro foi de uma ternura que chegou a aquecer o peito.

https://twitter.com/hibridamagazine/status/1734755572224766362

Dias depois, foi a vez do casal Menah e Mara, interpretadas pelas atrizes Camilla Damião e Renata Gaspar. Uma cena linda, com direito a declaração de amor e pedido de casamento, do jeitinho que as sáficas gostam. Um beijo muito comemorado por Renata, que há poucas semanas tinha reclamado publicamente sobre o apagamento das personagens na trama.

• Daniela Mercury e Ivete Sangalo (e Luisa Sonza)

Em outubro, Daniela Mercury comemorou seus 40 anos de carreira com um show literalmente apoteótico realizado na Apoteose, no Rio de Janeiro, e repleto de participações especialíssimas. Ivete Sangalo, amiga de longa data da Rainha do Axé e outra lenda do gênero, foi uma das convidadas que subiu ao palco para um momento que por si só já seria histórico, mas ficou ainda mais depois que ela decidiu lascar um estalinho em Daniela.

“Eu nunca tinha beijado porque Malu (Verçosa) não deixava”, brincou Ivete, depois de dar o selinho. “Posso dizer agora que já peguei”, completou Veveta, rindo. Em outra parte da noite, Daniela também ganhou um beijinho de Luísa Sonza, que postou uma foto do momento nas redes e agradeceu a honra de ter sido convidada para a comemoração.

• Madonna e ela mesma

A essa altura, já é de se esperar que um show de Madonna terá momentos polêmicos e hiperssexualizados. E é exatamente isso que ela tem feito em sua nova turnê, Celebration. Além de abordar seu histórico de luta durante a epidemia do HIV, a Rainha do Pop constrói uma passarela de ballroom no palco, onde os dançarinos seduzem os convidados especiais vestindo apenas jockstrap e calcinha fio dental. Em outro momento, ela se apresenta com uma dançarina caracterizada como sua versão mais jovem e, ao som do instrumental de “Papa Don’t Preach”, as duas se envolvem em uma coreografia complexa e intimista que em mais de uma ocasião terminou em um beijo emocionante entre elas.

• Jão e João Guilherme

No clipe de “Me Lambe”, principal single de divulgação do disco SUPER, Jão aparece andando pela cidade, cantando e se divertindo enquanto está rodeado de gatinhos mascarados. Um deles é o ator João Guilherme Ávila, que ao retirar sua máscara dá uma lambida com gosto no rosto do cantor. Tecnicamente, não foi um beijo, mas a menos que você seja um animal dando banho na cria é meio impossível lamber a face de outra pessoa sem que role um clima mínimo de romance.

• Copa Feminina

Apesar de o Brasil não ter avançado muito na Copa Feminina da Fifa, o campeonato ainda rendeu momentos de orgulho, pelo menos para a nossa comunidade. Além do número recorde de jogadoras abertamente LGBTQIA+, a vitória da Espanha em um dos jogos antes da final foi comemorada também como uma celebração ao amor lésbico quando Alba Redondo deu um beijo em sua companheira Cristina Monleón, rendendo uma demonstração de afeto transmitida para o mundo inteiro.

• Vermelho, Branco e Sangue Azul

Um dos filmes LGBTQIA+ mais comentados do ano, Vermelho, Branco e Sangue Azul movimentou por semanas as redes sociais com a história do amor proibido entre o Príncipe Harry e Alex Claremont-Diaz, vividos respectivamente pelos atores Nicholas Galitzine e Taylor Perez. Entre as muitas cenas que viralizaram, aquela em que o casal dorme junto pela primeira vez foi uma unanimidade, principalmente pela forma realista com que retrata as particularidades do sexo gay. A química dos beijos antes, durante e depois do momento também não é de se jogar fora.

https://twitter.com/obsessedrwrb/status/1717777914287009962

• Marina Lima e Fernanda Abreu

Duas das maiores representantes do carioca way of life, Marina Lima e Fernanda Abreu fizeram um show babilônico e apoteótico no palco do festival Coala, em São Paulo, enquanto passeavam juntas pelos muitos hits de seus catálogos. Foi durante os versos sugestivos de “Mesmo que seja eu”, originalmente lançada por Erasmo Carlos e eternizada na versão de Marina (1984), que as duas não resistiram ao clima e deram um beijo cheio de ternura, levando o público ao delírio.

• Clarena (Vai na Fé)

A novela de Rosane Svartman trouxe tudo que o público ama ver no horário das 19h. Com um elenco majoritariamente preto, a identificação foi enorme e levou Vai Na Fé a bater recorde de audiência. Uma das subtramas mais queridas foi o romance de Clara e Helena, interpretadas por Regiane Alves e Priscila Sztejnman, respectivamente. Mas mesmo conquistando os fãs e as redes sociais, as cenas dos beijos entre as duas eram simplesmente cortadas na edição.

Apesar de ter recebido menos destaque na trama, o casal Clarena, como foi batizado pelos fãs, finalmente teve seu beijo televisionado, para a alegria do público e das próprias atrizes, que haviam reclamado publicamente da censura.

• Caetano Veloso e Angela Ro Ro

Em uma das turnês mais antecipadas e comentadas do ano, Caetano Veloso resgatou o repertório de Transa e fez apresentações pontuais em homenagem aos 50 anos de seu lançamento (veja aqui como foi o primeiro). Para os shows, ele convidou os músicos com quem trabalhou durante a composição e produção de um dos seus discos mais aclamados e emblemáticos, chamando ao palco nomes como Jards Macalé, os bateristas Tutty Moreno e Áureo Garcia, e Angela Ro Ro, que toca gaita em “Nostalgia”.

Uma vez no palco, Angela aproveitou para apresentar também “Escândalo”, música que Caetano compôs sob medida para ela e que acabou batizando o disco lançado por ela em 1981. Quando voltou para agradecer a cantora, Caetano foi recebido pela amiga com a língua de fora, convidando-o para um beijo. “Eu chorei tanto (com ‘Escândalo’) que chegou em um ponto em que tudo pode acontecer”, explicou ele em suas redes sociais.

O beijo pode até ter sido entre um homem e uma mulher cisgêneros, o que tecnicamente o classifica como “heterossexual”. Mas, considerando o histórico dos dois artistas e o fato de Ro Ro ser abertamente lésbica desde o início da carreira (inclusive uma das primeiras a se definir como tal de forma pública), o momento pode ser considerado no mínimo queer, além de fofo demais.

• Pabllo Vittar e Gloria Groove

Lançada já na reta final de 2022 como parte do disco Noitada, que só chegou completo este ano, “AMEIANOITE” é mais uma menção honrosa que decidimos incluir aqui por todo o simbolismo que representa (e porque não teve uma lista de beijos antes dessa hehe). Dirigido por Fernando Nogari, o clipe desta que é a melhor parceria até hoje de duas das maiores drag queens do mundo traz tudo o que esperamos dessa junção poderosa: muita viadagem, figurinos incríveis, coreografias de tirar o fôlego e um beijaço de Pabllo Vittar e Gloria Groove, que já tinham trocado saliva ao vivo mas, para a nossa alegria, trataram de eternizar aqui também.