Revista Híbrida
Saúde

Quase metade dos jovens LGBTI+ cogitaram o suicídio no último ano

45% dos jovens LGBTI+ cogitaram o suicídio em 2021 [Foto: Pau Barrena/AFP]

45% dos jovens LGBTI+ cogitaram o suicídio em 2021 [Foto: Pau Barrena/AFP]

Quase metade dos jovens LGBTI+ cogitaram o suicídio em algum momento do ano passado, segundo uma pesquisa encomendada pela The Trevor Project e que ouviu 34 mil pessoas dos 13 aos 24 anos nos Estados Unidos. Do total, 45% dos participantes pensaram sobre o suicídio e 14% deles tentaram de fato.

Este é o terceiro ano consecutivo que a instituição mapeia números alarmantes relacionados à saúde mental de jovens LGBTI+ dos EUA e a mais alta porcentagem registrada até aqui. Os participantes da National Survey on LGBTQ Youth Mental Health [Pesquisa Nacional Sobre Saúde Mental da Juventude LGBTQ 2022] foram ouvidos entre setembro e dezembro de 2021, e os dados publicados na última semana.

Com 45% participantes negros e 48% transexuais ou não-bináries, o estudo é um dos mais diversos já produzidos sobre a população LGBTI+ jovem no país.

Em termos de orientação sexual, o estudo levantou que pessoas pansexuais (53%), em dúvida (48%) e lésbicas (46%) demonstraram maiores chances de considerarem suicídio, enquanto homens trans (59%), não-bináries ou queer (53%) e mulheres trans (48%) apresentaram as taxas mais acentuadas no recorte da identidade de gênero.

“A pesquisa da The Trevor Project demonstra que pensamentos suicidas aumentaram entre os jovens LGBTI+ nos últimos três anos, tornando nosso trabalho de salvar vidas ainda mais importante. […] Os impactos da pandemia do coronavírus e os implacáveis ataques políticos durante esse período não devem ser subestimados”, afirmou Amit Paley, diretora executiva da organização, em comunicado.

LEIA TAMBÉM —> Jovens trans estão menos otimistas sobre o futuro

O resultado do levantamento reflete as consequências do crescimento de projetos de lei anti-trans tramitando nos EUA. Além do aumento nos casos de tentativa de suicídio, entre janeiro e abril de 2020, foram mapeados dez assassinatos de pessoas trans no País, enquanto em 2021, foram 17 casos apenas no mesmo período. As vítimas são majoritariamente do gênero feminino e negras, como informa a Human Rights Campaign (HRC).

De acordo com a jornalista e ativista Imara Jones, a violência contra a população trans se intensificou desde a posse do ex-presidente Donald Trump, em 2017. “Ele tentou apagar isso tudo da gente. Quando o governo diz coisas assim, dá permissão para outras pessoas que querem nos agredir. Todos os anos em que ele esteve na Casa Branca, a violência contra nós cresceu. O último ano dele, em 2020, foi o mais violento para nós”, revelou a ativista, em entrevista exclusiva à Híbrida.

A pesquisa realizada pela The Trevor Project também divulgou que 60% dos jovens que desejavam receber ajuda relacionada à saúde mental não puderam obtê-la; aqueles com maior apoio social de suas famílias também tiveram menor probabilidade de considerar o suicídio em contraste àqueles com pouco ou médio apoio. Os principais afetados são jovens negros e não-bináries.

A instituição também ressaltou que “jovens LGBTQ não são inerentemente propensos ao suicídio por causa de suas orientações sexuais ou identidades de gênero, mas que possuem taxas elevadas pela maneira como são maltratados e estigmatizados na sociedade”.

Veja a pesquisa completa aqui.

Notícias relacionadas

Setembro Amarelo: as particularidades da saúde mental de pessoas LGBTQIA+

Dra. Anlles Viana
2 meses atrás

Mpox: Brasil começa a vacinar contra varíola dos macacos; veja detalhes

João Ker
2 anos atrás

Os impactos da rejeição familiar na saúde mental de pessoas LGBTQIA+

Dra. Anlles Viana
1 mês atrás
Sair da versão mobile