A covereadora de São Paulo Samara Sosthenes, do mandato coletivo Quilombo Periférico (PSOL), afirmou neste domingo (31) que foi vítima de um atentado ao longo da madrugada, quando um homem disparou para cima uma arma de fogo em frente à sua casa. Samara é a terceira transexual eleita em 2020 na capital paulista a sofrer algum tipo de intimidação na última semana.
De acordo com Samara, houve testemunhas do atentado deste domingo na casa que ela divide com a mãe e os irmãos. Ela frisa que passou a última semana, em que é comemorado o Dia da Visibilidade Trans, participando de várias ações e eventos relacionados à data.
Na madrugada deste domingo , dia 31/01, um homem em uma moto efetuou um disparo para cima na frente da residencia onde a covereadora Samara Sosthenes reside com sua mãe e seus irmãos. A ação foi testemunhada. pic.twitter.com/l7Qf5vkqwR
— Quilombo Periférico ✊🏿 (@quilomboperifa) January 31, 2021
Na última terça-feira (28), a covereadora Carolina Iara, da Bancada Feminista (PSOL), sofreu episódio similar quando dois disparos foram feitos em frente à sua casa, na Zona Leste de São Paulo. Em entrevista ao Estadão, ela afirmou que não havia recebido nenhuma ameaça direta até aquele momento. “Essa é a primeira vez [que sofro alguma tentativa de ataque] e foi o que mais me surpreendeu, porque da mesma forma que a Marielle [Franco] foi morta sem receber uma ameaça antes, fizeram dois disparos na porta da minha casa sem nenhum aviso prévio”, disse.
No mesmo dia, um homem identificado como “Garçom Reaça” tentou invadir o gabinete de Érika Hilton (PSOL), na Câmara dos Vereadores, identificando-se como uma das 50 pessoas que a ameaçaram nas redes sociais e contra as quais ela abriu boletins de ocorrência. De acordo com a Folha de S. Paulo, ele estaria visivelmente alterado e, ao ser proibido de se encontrar com a vereadora, deixou uma carta na qual tentou justificar as ofensas online: “Eu acabei, por através das redes sociais, proferir ataques a sua pessoa no Twitter. Hoje venho pessoalmente lhe pedir desculpas”.
Esse já é o segundo ataque relatado por ela nas dependências da Câmara Municipal. Em 13 de janeiro, um funcionário da Casa buscava informações pessoais sobre Érika e ameaçou “arrancar a cabeça” de funcionários da sua equipe, também segundo a Folha.
As três vereadoras registraram Boletins de Ocorrência sobre os casos. Ainda no domingo, entidades e associações de proteção aos direitos humanos, à comunidade LGBTI+ e às mulheres lançaram uma campanha online para pressionar o Ministério Público de São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública do Estado, a Presidência da Câmara de Vereadores e a Comissão Nacional de Direitos Humanos a oferecerem.
Ataques transfóbicos começaram antes das eleições
Apesar de as eleições 2020 terem quebrado o recorde nacional com 30 candidaturas trans eleitas, ataques motivados pela discriminação de gênero já eram registrado durante a campanha, quando Patrícia Borges, funcionária de Érika Hilton, foi atacada na Avenida Paulista enquanto distribuía panfletos.
Após a vitória nas urnas, ameaças de morte e ofensas de cunho racial ou transfóbico também foram enviadas em um ataque coordenado contra as vereadoras trans Duda Salabert (PDT), de Belo Horizonte, e Benny Briolly (PSOL), de Niterói, além de Carol Dartora (PT), em Curitiba, e Ana Lúcia Martins (PT), em Joinville.